Por Adriano Tenório
Com esse Facebook sempre tão agitado por causa de
política, não há como silenciar por muito tempo. Vemos uma postagem aqui, um
comentário ali e assim por diante. Recentemente, vendo algumas entrevistas
sobre política e gestão pública em diversos canais de televisão, uma frase
chamou minha atenção; por duas vezes vi alguns entrevistados dizendo que as
divergências das pessoas no que diz respeito às ideologias (esquerda e direita)
não as definem como seres de bom ou mau caráter. O assunto foi posto em debate
justamente pela forma como muitos se comportam quando falam em política, gestão
e eleições. Numa resposta e outra dos participantes das tais entrevistas,
passei a observar e questionar sobre tudo que ali estava sendo debatido e
exposto.
Antes de tudo, qualquer um que se disponha a
debater e comentar sobre política e gestão precisa ter um mínimo de
conhecimento dos fatos históricos que o nosso país já viveu e vive. Não quero
dizer com isso que não devemos protestar sobre qualquer acontecimento que
envolva atos de corrupção, acredito que qualquer pessoa de bem instantaneamente
repudia esse tipo de prática. Falo das questões que formaram essas ideologias e
construíram a história do Brasil. Questões muitas vezes desconhecidas para
muitos, esquecidas para outros e propositalmente apagadas para alguns.
Como cidadãos, temos a responsabilidade de
conhecer, entender e propagar esses fatos. Como formadores de opinião, temos a
obrigação de conduzir e expor nossos pensamentos baseados na verdade. Nada
mais, nada menos. Esse é o X da questão. Será que algumas pessoas querem e
defendem suas causas com visão e sensibilidade no bem estar social da maioria,
especialmente nos mais carentes, como pregam as religiões e os bons valores
morais?
Para esta e tantas outras respostas é necessário
lembrar que o nosso país foi colonizado com fins de “exploração”, no pior
sentido da palavra. Exploração que custou caro demais para esta terra e que até
hoje as raízes desse feito estão, infelizmente, alojadas na educação de muitos.
Uma herança de pensamento extremamente egoísta e mesquinha.
No Brasil, em todas as épocas se derramou muito
sangue para satisfazer a elite dominante. Desde sempre mataram pessoas em nome
do dinheiro e do poder. Quando não matavam, estupravam, escravizavam,
humilhavam, penalizavam... Antes pela qualificação da raça, ou seja, negros e
índios. De uns anos pra cá essa qualificação foi transferida socialmente aos pobres
e vítimas do descaso governamental, os infelizes“herdeiros” da maldita
imposição cultural das elites brasileiras.
O detalhe é que esse descaso dos que governavam
sempre foi proposital para que, mesmo com as transformações inevitáveis no
mundo moderno, “eles” pudessem continuar a“exploração” e assim manter suas
riquezas e poderio a todo vapor. É com esse comportamento arcaico que ainda
vivemos neste país tão sofrido, seja ele praticado por influentes e poderosas
organizações, seja por famílias que ergueram seus impérios na base do chicote e
da invasão de terras dos mais fracos, seja pelos diversos meios de comunicação
(estrategicamente criados em defesa dessa elite exploradora) que se manifestam
com pensamentos retrógrados, muitas vezes falsos e manipuladores, para
mascaradamente apoiar a ignorância alheia e promover manifestações baseadas em
mentiras e com objetivos particulares da recuperação formal do poder. Uma
mentalidade que não devemos mais aceitar, pois o período colonial acabou faz
tempo.
Uma ideologia asquerosa que testemunhamos
diariamente quando batem panelas para uns e silenciam para os que realmente
estão envolvidos com corrupção e tantos outros crimes. Um tipo de pensamento
podre que se apresenta com o mesmo veneno do passado contaminando muitos com o
mesmo ranço dos que escravizaram e violentaram. Um passado sombrio onde lutar
pela liberdade e justiça social era o mesmo que assinar a sentença de morte.
Nossos heróis eram assassinados na forca ou pelos facões.
Assim aconteceu com Tiradentes, Zumbi dos Palmares
e tantos outros. Recentemente pela prática da tortura, no pau de arara e
afogamento em rios e mares. Práticas herdadas da escravidão da mesma “elite”
que chegou para roubar muito mais do que nossas riquezas e terras. Chegaram
para demonizar a vida e a dignidade do povo. Por falar em terras e riquezas,
isso me faz lembrar o curioso e estranho caso de Marcos Freire e a tentativa de
realizar a reforma agrária nos anos 80. Esses exemplos são mínimos diante de
tanta crueldade que essas pessoas carregam nos seus mundinhos pessoais.
Atualmente essa “elite” não consegue mais esconder que nunca aceitou um homem
que saiu da pobreza extrema do sertão nordestino chegar ao posto de presidente
da república.
O mesmo homem que continua sendo reconhecido no
mundo inteiro como referência de liderança e gestão. O “Lulinha paz e amor”que
carrega em si algo que o diferencia de todos que já passaram pelo comando do
Brasil. Logo depois serem derrotados por uma mulher. Não uma simples mulher,
mas especialmente uma mulher guerreira que foi torturada por defender a
liberdade e propósitos dos menos favorecidos. Mudanças num país tão complicado.
Uma mulher que por muito pouco não foi morta pelo mesmo tipo de gente que
possui aqueles pensamentos coloniais e repugnantes. Isso para “eles” é algo
inaceitável. Fora de qualquer lógica possível. Um grupo conservador e opressor
que não mede esforços e consequências para seus objetivos. Um grupo que não
concorda com programas sociais que beneficiem o povo e que sempre possuiu as
instituições do estado ao seu comando para manter os privilégios de classe.
Então, se pararmos para pensar com mais atenção,
veremos o quanto é importante a conquista e plenitude da democracia. Ao
observarmos, entendemos porque demoramos tanto para conquistá-la, pois nela
essa “elite” é mais fraca e os desejos da maioria da população têm mais
resistência e perspectiva de vitória. Percebemos também que quanto mais os
governantes bem intencionados favorecem os mais carentes, mais chances de
golpes e conspirações são articuladas e evidenciadas.
Aconteceu com Getúlio Vargas, com Juscelino e
Jango. Nessa mesma linha de pensamentos e ações querem fazer o mesmo com Lula e
Dilma. Só para lembrar, a esquerda brasileira, representada por Lula e Dilma,
conseguiu retirar quase 40 milhões de brasileiros da miséria e o que vemos hoje
é o enfraquecimento daquela “barreira” que separava pobres e ricos e podemos
comprovar isso nos aeroportos, nas lojas de eletrodomésticos, na aquisição de
uma casa, na compra de um carro, ou simplesmente no acesso à educação. Isso
incomoda demais. Essa é a esquerda que sempre lutou pela justiça social e que
promoveu essas conquistas. Esse mesmo governo conseguiu acumular quase U$ 400
bilhões de dólares em reservas cambiais, garantindo o futuro que certamente
será promissor com a chegada de novos investimentos estrangeiros e com a
expansão e “frutos que colheremos” do pré-sal brasileiro, entre tantos outros
projetos de desenvolvimento. Esse governo de esquerda fundou, investe e expande
os mega-negócios feitos no banco do BRICS, que hoje conta com mais de U$ 100
bilhões de dólares em caixa e serve como concorrente alternativo ao próprio
FMI.
Enfim, só posso concluir que não existe mistério
quando colocamos os números do desenvolvimento do Brasil, antes e depois de
Lula e Dilma. Também não há duas histórias para contar sobre quem explorou e
explora o país e nem duas histórias sobre quem luta de verdade pelas causas
populares. Entendo que protestar é saudável e que todo governo se acomoda sem
oposição. A oposição é “necessária”, mas que tudo seja feito na
responsabilidade e dentro da lei, mesmo com as falhas que sabemos que existem e
desde que não prejudiquem a nação como um todo. Concordo que haja combate
desses que não estejam satisfeitos com a administração do governo, mas que seja
através de ferramentas lícitas, com projetos que sejam ainda melhores para
nosso país e que sejam conduzidos por pessoas capazes de representá-los, não
por bandidos e canalhas.
Ótimo, concordo plenamente com o você, esta é a verdade, quem não conhece a história fica perdido, e não consegue entender as maldades que os canalhas da política fazem para atingir aqueles todos realmente querem o bem dos menos favorecidos.
ResponderExcluirUm abraço.
Manoel de Garanhuns.
Parabéns ao meu amigo Adriano Tenório, pelo seu lúcido e real depoimento sobre o Brasil de ontem e de hoje, aliás não vê quem não quer, ou quem deteste leituras sérias. A oposição com responsabilidade é valida e é necessária, senão seria unânime as posições e leituras dos fatos, e toda unanimidade é burra segundo o pernambucano Nelson Rodrigues.O Brasil mudou, apenas um fato, releva todos os outros, o prato de comida, as três refeições, dos necessitados, dos miseráveis, bastaria isso, sem se falar em educação. Pronatec, FIES,novas universidades, direitos iguais para os pobres e ricos, sentados lado a lado nos bancos de Universidades. Preconceito é crime, racismo idem, enfim o ontem me dói na alma, quando as nossas crianças bebiam àgua de feijão de manhã e a noite, e não chegavam aos 5 anos, morriam de inanição, ou seja fome e sede. Essa elite podre que governou o Brasil desde o descobrimento, excetuando-se os holandeses, expulsos porque eram sérios, o restante, a Coroa, o imperialismo, com seus atos criminosos, e subtraindo as riquezas do nosso chão e essa casta podre gerou tudo de ruim que temos, como PSDB, se tiver exceções não conheço, e esse triste desse DEM, que absolutamente nunca fez nada pelo Brasil a não ser surrupiar.
ResponderExcluirTanto um bom resumo da história, como nos chama ao desafio de avançar. Parabéns!!!!
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