Surgiu quando a antiga Record ficou proibida de transmitir os jogos do Campeonato Paulista, por decisão dos grandes clubes de Sampa.
Ficou um buraco na programação de domingo, a emissora perdendo em audiência para a Tupy e a Excelsior. (A Globo até meados da década de 60 não tinha força ainda).
O empresário Paulo Machado de Carvalho, proprietário da rádio e TV Record, teve a ideia de colocar no ar um programa de música jovem, que estava na onda.
Sérgio Murilo foi o primeiro nome pensado para apresentar o programa. Foi o roqueiro de maior sucesso nos primeiros anos dos anos 60.
Mas o cantor fez a besteira de brigar com o poderoso Evandro Ribeiro, executivo da CBS e estava por baixo.
Ainda surgiu a versão que os diretores da emissora de TV não o contrataram por ser homossexual, o que foi desmentido por Paulo Machado.
A Record cogitou ainda os nomes de Ronnie Cord e Demétrius, mas logo em seguida os descartou.
Então se pensou em Erasmo Carlos, que na época fazia muito sucesso com a música "Festa de Arromba".
Convidado, o Tremendão topou, desde que o seu amigo Roberto Carlos fosse contratado junto.
O empresário aceitou, mas quando foi fazer o teste de vídeo percebeu que o cara certo era Roberto.
Cantor capixaba já tinha emplacado alguns hits, como "Parei na Contramão", "É Proibido Fumar e "O Calhambeque".
As jovens tardes de domingo na Record foram muito movimentadas.
Além do apresentador, que dividia o palco com Erasmo e Wanderléa, ficaram conhecidos nacionalmente nomes como Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Martinha, Renato e Seus Blue Caps, Leno e Lilian e Golden Boys.
O trio de apresentadores da época foi contratado por 4 milhões de cruzeiro.
Machado queria pagar 4 a Roberto, 2 para Erasmo e 2 para Wanderléia.
O cantor disse que só fecharia o contrato se todos ganhassem o mesmo valor, o que terminou prevalecendo.
No primeiro ano da Jovem Guarda aconteceu o lançamento da música "Quero que vá Tudo pra o Inferno".
A canção, feita em homenagem a Magda Fonseca, ecoou no Brasil e países latinos como uma bomba atômica, tocando sem parar em todas as rádios durante pelo menos seis meses consecutivos.
Roberto se tornou ídolo popular graças sobretudo a essa música e ao programa da Record.
Quando começou a fazer especiais na Globo, em 1974, o artista de Cachoeiro de Itapemirim já estava consagrado.
Já tinha gravado "Como é Grande o Meu Amor Por Você", "O Divã", "As Flores do Jardim de Nossa Casa, "Detalhes" e "O Portão".
Os ídolos da Jovem Guarda em sua maioria eram artistas do povo, sem formação universitária, alienados politicamente.
Diferente dos que fizeram a Bossa Nova e o Tropicalismo, rapazes intelectualizados, das classes média e alta.
A MPB surgiu como uma espécie de movimento de resistência à Jovem Guarda.
Houve até passeata de protesto contra a música de Roberto Carlos e companhia.
Os cantores de iê iê iê, uma versão brasileira do rock, eram acusados de fazer música americanizada.
Elis Regina no começo da carreira brigou com a Jovem Guarda. Caetano também não gostava.
Nara Leão, a musa da Bossa Nova, foi das primeiras da MPB a curtir Roberto Carlos.
Depois Maria Bethânia também se posicionou a favor da turma do iê iê iê e disse a Caetano que prestasse mais atenção em Roberto.
O irmão da cantora atendeu o pedido e se rendeu ao som do cantor capixaba.
Em 1977, quando estava perto de completar 10 anos do fim do programa Jovem Guarda, Roberto Carlos compôs uma música relembrando os tempos da TV Record.
"Jovens Tardes de Domingo" foi gravada também por Gal Costa e Agnaldo Timóteo, dentre outros.
"Canções usavam formas simples pra falar de amor", diz um trecho da canção.
É Roberto reconhecendo as limitações dele e da turma. Só queriam falar de amor mesmo. Não entendiam nada de política e fechavam os olhos para a brutalidade da ditadura.
Curioso é que o nome do programa, segundo o publicitário Carlito Maia, que o sugeriu, foi tirado de um discurso de Vladimir Lênin, líder da revolução comunista na Rússia.
*Fonte: "Roberto Carlos em Detalhes", o livro de Paulo César Araújo que o cantor e compositor conseguiu censurar.

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