CINCO ÓTIMOS FILMES PARA ENTENDER MELHOR O BRASIL E A DITADURA

Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui e no filme  O Que é Isso Companheiro

O cinema não é só diversão.

Filmes também têm o objetivo de registrar a história, conscientizar, mostrar o que aconteceu ou acontece num determinado país.

Embora a produção cinematográfica nacional seja irregular, temos ótimas produções, que aparecem sobretudo quando se respirar ares democráticos e os governos apoiam a cultura.

Evitando fazer uma lista muito longa, vamos citar citar cinco filmes brasileiros de qualidade inquestionável, que ajudam a entender melhor o país e o que foi a ditadura militar.

Pra Frente Brasil, de 1982, foi um dos primeiros longas nacionais a abordar a ditadura militar implantada no país em 1964.

É um filme forte, que se passa em 1970, quando conquistamos o tricampeonato mundial de futebol.

Enquanto os torcedores vibravam com a seleção, a tortura corria solta nos porões do regime.

Escrito e dirigido por Roberto Farias, tem no elenco nomes como Antônio Fagundes, Elisabeth Savalla e Reginaldo Farias.

O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias foi realizado em 2006, com direção de Cao Hamburger.

Também se passa em 1970. Os pais de um garoto viajam, alegando que saíram de férias, mas na verdade estão fugindo da repressão do governo militar.

O menino fica aguardando o pai e a mãe que não voltam, enquanto acompanha os jogos da seleção brasileira, que disputava o campeonato mundial, no México.

Ao contrário de Pra Frente Brasil, não mostra a tortura, tudo é muito velado, mas os expectadores vão perceber que a ditadura é cruel,  persegue e mata. Ninguém está seguro no país dos fardados.

Dentre os atores estão Caio Blat e Paulo Autran.

O Que é Isso Companheiro? Baseado em livro homônimo do jornalista Fernando Gabeira, o filme de Bruno Barreto, de 1997, conta a história do sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick.

A ação aconteceu em setembro de 1969,  à frente integrantes dos grupos guerrilheiros de esquerda MR-8 e Ação Libertadora Nacional, que lutavam contra o regime militar.

Pedro Cardoso,  Fernanda Torres, Selton Mello e Cláudia Abreu fazem parte do ótimo elenco.

Eles Não Usam Black-Tie não aborda diretamente a ditadura militar.

Mas o filme,  de 1981,  dirigido por Leon Hirszman, é feito no contexto do que acontecia no país, quando eclodiram as greves na região do ABCD, em São Paulo.

É um drama social realizado com grande sensibilidade, tendo o longa sido baseado em peça de teatro homônima, de Gianfrancesco Guarnieri, um dos principais atores do filme, juntamente com Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves,  Carlos Alberto Ricelli e Bete Mendes, na época bem jovem.

Eles Não Usam Black-Tie ganhou diversos prêmios internacionais, dentre eles o Grande Prêmio do Júri no Festival de Veneza, na Itália.

Ainda Estou Aqui. Realizado em 2024, com direção de Walter Salles, foi o primeiro filme brasileiro a ganhar um Oscar, além de diversos filmes internacionais.

Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz.

O longa relata o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva, sequestrado por agentes da repressão no início dos anos 70.

Eunice lutou a vida toda para saber o paradeiro do marido, que foi tido como desaparecido político.

Ela ficou sozinha, cuidando dos filhos, dentre eles Marcelo Rubens Paiva, que escreveu o livro no qual o filme foi baseado.

O ex-deputado, que não era comunista, nem guerrilheiro, foi morto nos porões do exército, que comandou a ditadura instalada em 64 e durou 20 anos.

Antônio Fagundes em Pra Frente Brasil

Fernanda Montenegro
e Gianfrancesco  Guarnieri

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