PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO E AUTORITARISMO DO GOVERNO


O Governo Raquel Lyra já vai no terceiro secretário de educação, em pouco mais de dois anos de gestão e a situação está cada dia mais complicada no setor.

Nesta última terça-feira houve uma audiência pública na Assembleia Legislativa, com a presença do secretário Gilson Monteiro Filho e o resultado parece não ter sido muito satisfatório para o governo.

Gilson, quando falou, chegou a culpar o Tribunal de Contas do Estado, por alguns entraves na educação.

O TCE, que é um órgão técnico, terminou publicando uma nota rebatendo o secretário. Agora ele vai fazer o quê? Polemizar com os conselheiros do Tribunal.

Deputados da oposição, inclusive o garanhuense Cayo Albino, criticaram a falta de rumos na educação de Pernambuco.

A falta de entrega de fardamentos e kits escolares, a merenda que falta ou é de má qualidade, os problemas surgidos no programa Ganhe o Mundo... Essas e outras questões estiveram em pauta.

Estudantes da rede estadual, que também participaram da audiência, se posicionaram também em tom crítico, em relação ao governo.

Da bancada governista, a deputada Débora Almeida se pronunciou defendendo Raquel Lyra. Foi vaiada pelos estudantes que assistiam à reunião.

O mais grave de tudo, a meu ver, foi a denúncia da deputada Dani Portela, do PSOL.

Segundo a parlamentar, gestores da rede estadual tentaram atemorizar os estudantes presentes à audiência, como se eles estivessem fazendo algo errado, cometendo algum delito.

Esses diretores de escolas ou dirigentes das gerências regionais da educação foram tão infelizes, ao tentar calar os estudantes, que gravaram áudios e enviaram aos jovens alunos que estavam na Alepe.

Dani Portela disse que uma nutricionista da rede estadual de ensino enviou um áudio gritando com um estudante.

Esse tipo de coisa, em Pernambuco, eu só me lembro de ter visto no tempo dos governos militares, principalmente quando Moura Cavalcanti foi governador.

O avô de Raquel Lyra, João Lyra, foi prefeito e deputado pelo antigo MDB, num tempo em que ser desse partido não era fácil, por combater a ditadura.

Fernando Lyra, tio de Raquel, foi um dos parlamentares mais atuantes contra o regime autoritário.

Assim, não fica bem na gestão da atual governadora ocupantes do segundo ou terceiro escalão adotarem atitudes muito pouco democráticas.

A vice-governadora, Priscila Krause, é filha de um político que serviu à ditadura.

Gustavo Krause foi prefeito do Recife quando os milicos davam as cartas no país.

O Palácio das Princesas pressionou para que gestores de modo sutil ou nem tanto ameaçassem estudantes?

Ou eles agiram por conta própria, passando por cima da governadora?

Num momento em que até os clubes de futebol se posicionam a favor da democracia e gritam: "Ditadura Nunca Mais", pegaram muito mal as atitudes dos gestores da educação.

Raquel, com o histórico de políticos democratas na família e Priscila, mesmo sendo herdeira de um político que serviu ao regime militar precisam se posicionar em relação a esse posicionamento equivocado dos servidores que ocupam cargos de confiança no Estado.

Estamos vivendo a democracia há 40 anos. Dois anos atrás tivemos uma tentativa de golpe que não deu certo, porque as instituições estão firmes e não há clima para outra ditadura.

O Estado de Pernambuco nem pode ser curral eleitoral de cidade pequena, nem viver politicamente  no passado dos anos 60 e 70.

Liberdade para professores, estudantes, parlamentares, imprensa e demais setores da sociedade.

Qualquer pessoa, desde que se posicione dentro da lei, exercendo o seu direito, não poderá ser coibido, censurado, impedido.

Isso é democracia. Ameaça e cerceamento da liberdade combina mais com ditadura.

*Fotos: Blog de Dantas Barreto

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