Por Cleide Alves*
O Recife recebe, de 26 a 28 de maio, a 3ª edição do Congresso Internacional de Judaísmo e Interculturalidade, evento que vai reunir pesquisadores, professores, estudantes e demais interessados na história da cultura judaica e suas relações com outras sociedades. Organizado pela Universidade de Salamanca com o Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, o encontro tem apoio da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). As inscrições são gratuitas, exclusivamente pelo site https://ciji.com.br, mas as vagas são limitadas.
As atividades - palestras, debates, lançamentos de livros - ocorrerão no auditório É do Povo, localizado no Centro Cultural Cais do Sertão, no Bairro do Recife, Centro da cidade. Este ano, com a temática História e Transculturalidade, os participantes do congresso vão discutir, de forma ampla, as relações transversais das comunidades judaicas com as culturas nas quais estão inseridas. “Estão programadas cerca de 30 palestras, de pesquisadores do Brasil, Espanha, Portugal e Israel, e temos cerca de 200 vagas para ouvintes”, informa a professora e organizadora do encontro, Ana Paula Cavalcante.
Na lista de palestrantes estão o escritor e professor de antropologia na Universidade Federal Rural de Pernambuco Caesar Sobreira; o professor de antropologia social na Universidade de Salamanca Ángel-Baldomero Espina Barrio; o escritor, membro da Academia de Língua Hebraica e editor-chefe da revista digital Alaxon Ioram Melcer; a historiadora paulista Daniela Levy, que tem trabalho sobre os judeus que saíram do Recife no século 17 e foram pioneiros na colonização de Nova York; e o pesquisador Geraldo Pieroni, considerado o maior especialista brasileiro na questão dos degredados.
“O congresso abre uma oportunidade de diálogo sobre o ocultamento da história dos cristãos-novos que vieram para o Brasil e participaram da colonização”, destaca Ana Paula Cavalcante, historiadora, antropóloga, professora no Colégio Militar de Fortaleza e sócia efetiva do Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará, fundado em 1887 e a mais antiga entidade cultural do Estado. “A divulgação das pesquisas acadêmicas de diferentes correntes e linhas de pensamento enriquece o diálogo e a compreensão sobre a história dos judeus”, acrescenta.
De acordo com o jornalista e superintendente de Periódicos e Projetos Especiais da Cepe, Mário Hélio Gomes de Lima, o Recife é um lugar importante na história mundial dos judeus, o que justifica a escolha da cidade para sediar o encontro. “No século 17, os 23 judeus saídos do Recife para Manhattan, estão incluídos entre os fundadores de Nova York, a cidade recebeu judeus de origem sefardita (Península Ibérica) e também de origem asquenaze (Centro e Leste Europeu), como a escritora Clarice Lispector (1920-1977) e sua família”, observa.
Ele também destaca a existência, na Rua do Bom Jesus, Bairro do Recife, da Primeira Sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel, construída no século 17, no período da dominação neerlandesa no Nordeste do Brasil (1630-1654). “Desde a diáspora, quando os judeus são obrigados a se deslocar, eles têm a identidade cultural de origem e a cultura que tiveram de adotar de outros povos”, diz Mário Hélio. “O conceito de transculturalidade surge na década de 1940, durante a 2ª Guerra Mundial, época de grande perseguição aos judeus.”
No congresso, serão debatidas questões de identidade cultural, geografia, política e religião. Todos os palestrantes e ouvintes receberão certificados. O conteúdo das palestras será publicado em livro pela Cepe. A primeira edição do evento foi realizada na cidade de Fortaleza, em 2022, e a segunda ocorreu em Penamacor (Portugal), em 2023.
*Cleide Alves é jornalista, da Assessoria de Imprensa da Cepe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário