Reproduzimos o texto do jornalista, radialista e a publicitário Gerson Lima, sempre preciso no uso das palavras:
A moça já tinha comprado sua calça comprida Leg na cor preta. Uma meia bota de saltinho na mesma cor e a indefecável jaquetinha preta. Por dentro a blusa seria qualquer uma que fizesse contraste com as cores escuras. É assim o guarda roupa da classe média baixa do FIG.
E ela até estava animada para participar do torneio das cinturas no pé do palco nas noites dos shows, mergulhada em selfies. Mas, até mesmo ela e tantos outros de percepção artística míope, desanimou quando viu a programação.
Foi um parto difícil de uma gestação complicada. O feto de má formação, nasceu raquítico e tenta ganhar peso na UTI Neonatal da opinião pública. A programação do Festival de Inverno foi relegada a uma festinha de interior entre vizinhos e amigos.
Após 30 anos de grande efervescência, este ano não precisamos gastar saliva dizendo que o evento é uma vitrine nacional das artes, o maior da América Latina e outras alusões que vínhamos acreditando com certa verdade.
A cena artística Pernambucana sempre foi parceira desde o nascimento do FIG. Mas para ter visibilidade nacional e multiculturalidade sempre foi preciso procurar abranger o território Brasil das expressões e dar guarida em nossos palcos, aos nomes consolidados ou emergentes na música, na dança, no teatro, e em tudo o mais que se denomine arte.
A festa foi elaborada num amadorismo tamanho que se permite até a tal de “atração surpresa”. São os bolsões criados para criar expectativa enfadonha no público e dar espaço a figurões que se apresentarem como o salvador da pátria com esta ou aquela atração imediata debaixo do braço. Não, o FIG não entrou na sua década dos 30, bem.
Imaginei um arroubo de maturidade, largura política de boa envergadura, uma capacidade de discernimento em compreender que esse não é apenas um evento artístico, nem muito menos miudinho para co-relatos.
A criança nasceu de parto fórceps e de mãe viúva e desorientada...Mas o 31º FIG vai acontecer. E a cidade será sitiada das artes que vier, das tribos que vierem celebrar Baco ou Dionísio, Pan, Zeus e nós, seremos bacantes evocando: Evoè!
É provável que a moça da calça Leg preta e botinha de salto preta e jaquetinha preta, também volte a se encantar pelo que puder ver. Afinal, esse FIG 2023, pode até ser mesmo uma bandeira de resistência.
"indefecável jaquetinha preta." Indefecável??? Não seria INDEFCTÍVEL? Misericórdia!!!
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