A população de Lajedo saiu em
massa às ruas, nesta quinta-feira, dia 17 de junho, para se despedir do
prefeito Adelmo Duarte.
Uma multidão esteve presente
no Colégio Normal, onde o corpo foi velado e praticamente todas as ruas do centro
urbano foram tomadas pelo povo.
Quase todos estavam de
máscara, de luto e sem nenhum medo de estampar no rosto a dor pela perda
inesperada.
O sepultamento foi feito no
final da manhã e durante o trajeto do carro fúnebre pela cidade foram tocados
hinos religiosos e a música “Fuscão Preto”, símbolo das campanhas do homem que
saiu da zona rural para se eleger vereador, deputado e prefeito de Lajedo por três
vezes.
Muitos não conseguiram conter
as lágrimas.
Além do povo de Lajedo, tinha
gente também de Jupi, Calçado, Garanhuns, Jurema e outras cidades próximas.
Foi uma comoção popular como
poucas vezes se viu nos 70 anos de história do município.
A velha briga política entre
os Cosme e os Dourado, os boca branca contra os boca preta, hoje foi arquivada.
Quando o esquife passou em
frente ao hospital da família Dourado, todos os funcionários estavam na porta,
acenando, demonstrando carinho pelo homem de cor que venceu na vida e na
política, com um carisma especial conquistando corações e mentes do povo
lajedense.
A morte de Adelmo fez todo um
povo superar suas diferenças partidárias e todos puderam chorar juntos no adeus
definitivo ao líder popular.
O infarto que levou o
prefeito no exercício do seu mandato repercutiu no estado inteiro.
Foi notícia no JC Online, na
Folha de Pernambuco, no blog do Magno, em toda mídia da capital e interior.
Votos de pesar vieram de
todos os lugares, das mais altas personalidades pernambucanas: dos prefeitos do
Agreste Meridional, a começar pelo garanhuense Sivaldo Albino, também
presidente da Codeam.
Também os prefeitos de
Calçado, Angelim, São João, Jupi, além do deputado André de Paula, ex-ministro
Mendonça Filho e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara.
Na campanha política, um
velho amigo de Adelmo Duarte chegou a lhe dar um conselho: advertiu que ele já
completara 70 anos, estivera doente e a missão à frente de uma prefeitura sempre
é árdua.
O então candidato sorriu, os
olhos brilharam, ele deu a entender que ia cumprir a sua vontade e a vontade do
povo de Lajedo.
Uma vez foi ao médico,
buscava se cuidar para enfrentar a jornada. O doutor ficou impressionado com a
vitalidade, a energia e constatou: “O seu remédio é o palanque”.
O Fuscão Preto voltou nos
braços do povo, eleito com 11.600 votos, 340 a mais do que o obtido pelo adversário.
De alguma maneira a passagem
de Adelmo Duarte para o outro plano me lembrou Charlie Chaplin.
O genial cineasta morreu em
casa, na noite de natal, enquanto dormia. Estava com 88 anos.
Há quem considere morrer
assim, sem sofrimento, já tendo vivido
tanto, uma glória.
Adelmo Duarte morreu
trabalhando, atendendo o povo, no exercício de mais um mandato que o povo de
Lajedo lhe conferiu.
Escreveu seu nome na história
de sua terra, do Agreste e de Pernambuco.
Choram pretos e brancos,
ricos e pobres, homens da cidade e da zona rural, de onde saiu Adelmo para ser
grande e fazer o bem.
Deus sabe a hora de cada um.
O prefeito de Lajedo descansa em paz.
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