Por Flávio Lyra*
A eleições municipais mostraram que estão em gestação três tendências
principais na sociedade brasileira: a tendência de fortalecimento do
centro-político; a tendência de esvaziamento da extrema-direita bolsonarista; e
a tendência ao fortalecimento de uma esquerda renovada.
Grande parte do eleitorado acreditou que a causa de nossos problemas
residia na esquerda comandada pelo PT e vingou-se do PT, elegendo Bolsonaro.
Desta vez, a frustração com Bolsonaro e a incapacidade do PT de se apresentar
como uma alternativa, levou o eleitorado a se concentrar no Centro. Esse quadro
não tem nada de estável e a crise que se desenha para os próximos anos pode
levar a uma reconcentração nos extremos.
Bolsonaro vai tentar uma recuperação pelo Centro, mas pode não ser bem
sucedido e, numa atitude de desespero, buscar reativar as forças da
extrema-direita, com a mobilização de setores da população que vão ser muito
afetados pela crise. O fascismo sempre cresce com essas crises.
Lula, se tirar da cabeça a idéia de que a Esquerda vai se organizar em
torno de sua liderança e abrir espaço para as novas lideranças, vai permitir
uma importante renovação da Esquerda e sua aglutinação. Ciro Gomes, acredita
piamente em organizar o Centro em torno de sua liderança, atrair segmentos da
esquerda e da direita e, assim, chegar à Presidência em 2022.
O mais provável é que apareça um candidato do Centro que irá vencer no
primeiro turno, mas que terá de se defrontar no segundo turno com um candidato
da Esquerda ou da Direita. Ciro Gomes, Lula e Bolsonaro têm grande chance de
serem descartados da disputa, pois estão muito desgastados politicamente e com
um discurso envelhecido. As chances de um candidato de Direita chegar ao poder
são bem maiores do que as de um candidato de Esquerda. O Centro, na realidade,
é de Direita nas horas decisivas.
*Flávio Lyra é economista.
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