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PROFESSOR CLÁUDIO GONÇALVES RESGATA ENTREVISTA COM ESCRITORA LUZINETTE LAPORTE


 

Prosseguindo a série de entrevistas culturais, Cláudio Gonçalves presta esta semana uma homenagem à educadora e escritora Luzinette Laporte de Carvalho, resgatando uma entrevista com esse símbolo da cultura garanhuense, uma das mais talentosas cronistas e escritoras da literatura pernambucana. (Entrevista pulicada no espaço FALAÊ do blog do Ronaldo César em 08 de maio de 2010).

 

Luzinette Laporte de Carvalho nasceu em no dia 24 de dezembro de 1926, na cidade de Catende. Ainda menina veio morar em Garanhuns, adotando-a como sua cidade, e aqui escreveu sua longa e prodigiosa história no campo educacional e literário. Na Cidade das Flores, fez o curso ginasial e o pedagógico no Colégio Santa Sofia, e o Cientifico no Colégio Diocesano. Concluiu também Administração Escolar, Francês, Letras, Sociologia e Supervisão Rural.

 

Esse amplo conhecimento cultural possibilitou que lecionasse em tradicionais colégios e faculdades de Garanhuns, e posteriormente a ocupar relevantes cargos públicos, como secretária de Educação do município e diretora do Departamento Regional de Educação (atual GRE-AM), mas foi como escritora que Luzinette Laporte começou a despontar na literatura escrevendo crônicas e contos para diversas revistas e jornais, entre eles, O Monitor e o Século de Garanhuns, Jornal do Commercio e Diário de Pernambuco, O Estado, de Fortaleza e a Revista Juventude do Rio de Janeiro.

 

Seu talento literário a projetou para além das Sete Colinas de Garanhuns e ganhou o reconhecimento no mundo literário recebendo o Prêmio Vânia Souto de Carvalho, da Academia Pernambucana de Letras pela obra “O Homem com Girassóis no Olhar”, livro que chegou a finalíssima do glamoroso Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira. Em sua brilhante carreira literária, em 2013, Luzinette Laporte foi homenageada na 23ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns e na Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto) em reconhecimento a sua contribuição a Cultura pernambucana.

 

No ano seguinte, Luzinette receberia mais uma importante honraria, seria a grande homenageada da II Bienal Internacional do Livro do Agreste Meridional. Luzinette Laporte sabia como poucos criar histórias e personagens com as palavras e encantar os leitores com narrativas edificantes e primorosas, dando fruição às coisas belas que nos cercam e chamando a atenção para eventos que dão sentido à vida e que tornam o mundo mais belo.

 

Luzinette Laporte faleceu em 18 de dezembro de 2017, aos 91 anos. Em sua homenagem foi criado o Prêmio Luzinette Laporte instituído pela Secretaria de Educação de Garanhuns, denominou-se Rua Escritora Luzinette Laporte, um logradouro localizado no loteamento Eleonora Notaro, no Bairro Francisco Figueira e o SESC deu continuidade ao Laboratório de Autoria Literária Luzinette Laporte, promovendo anualmente a Mostra Literária em homenagem a educadora escritora.

 

Luzinette deixou um patrimônio literário e cultural que nunca poderá ser esquecido, sua biografia deverá sempre ser historiada e suas obras e artigos jornalísticos divulgados e reeditados em nosso município, pois a escritora garanhuense é uma referência a todos que amam a literatura ou que almejam seguir uma carreira literária. 

 

1. Comente um pouco como foi o seu despertar para a literatura.                    

 

Luzinette Laporte – Os meus familiares sempre gostaram da leitura, os meus pais e avós tinham vários livros em casa e eu adorava ouvir e ler histórias, eu tinha fome e sede de leitura, não tinha preferências por autores, minha avó era descendente de franceses e na minha casa havia vários livros, revistas e jornais em francês, o que foi um estímulo para eu aprender a língua daquela nação. E toda essa vontade de ler me fez conhecer várias culturas e autores. Em Catende havia uma biblioteca com vários volumes e era o meu lugar preferido. Resumindo, a literatura começou a fazer parte da minha vida desde criança pelo estímulo dos meus pais.

 

2. Conte-nos. Como foi o inicio de sua bem-sucedida carreira de escritora?

 

Luzinette Laporte – Além de gostar de ler, desde criança eu gostava de escrever e a oportunidade surgiu quando fui convidada para escrever no jornal do Colégio Santa Sofia, depois já atuando como professora, escrevi para o jornal da escola das Irmãs Mercedárias, onde atuava como professora e acabei sendo convidada para escrever para o Jornal O Monitor, o qual passei longos anos escrevendo minhas crônicas. Acredito que eu e meu saudoso amigo Ulisses Pinto, fomos os colunistas que mais escreveram para aquele periódico. 

 

3. Como a senhora descreveria a emoção de ver publicada a sua primeira obra “A Menina que Falava com as Coisas”?

 

Luzinette Laporte – Indescritível, é uma alegria ao ver que um sonho foi realizado, não é um sentimento de vaidade, de atrair a admiração ou receber homenagens, mas uma alegria poder dar vida aos personagens e ver as crianças, jovens e adultos lendo e quem sabe se inspirando nas histórias para mais tarde também estarem escrevendo suas próprias histórias.

 

4. São cinco livros publicados “A Menina que Falava com as Coisas” e “Um Amor de Mulher”, que tiveram grande repercussão no Sudeste e no Sul do País, “Os Caminhos de Isabela”, “O Homem com Girassóis no Olhar” que recebeu o prêmio Vânia Souto de Carvalho da Academia Pernambucana de Letras, e o mais recente “No Limiar”. Luzinette Laporte ainda tem outras metas literárias a perseguir?

 

Luzinette Laporte – Todos nós que escrevemos temos sempre metas, quem ama e vive a literatura, dorme e acorda com novas histórias, às vezes não planejamos uma nova obra, mas a inspiração de repente surge e essa passa a ser a nova meta a alcançar.

 

5. Crônicas, romances, contos, poesias e fábulas são gêneros literários que fazem parte da fascinante produção de literária de Luzinette Laporte. Existe um gênero literário favorito em seu processo de criação?

 

Luzinette Laporte – Me sinto muito a vontade escrevendo crônicas, os outros gêneros escrevo, os narrativos também fazem parte da minha obra, mas é um trabalho que envolve bastante o emocional, ocorrendo às vezes o envolvimento emocional e psicológico do autor com o personagem.

 

6. A obra Limiar é o seu mais recente lançamento. Poderia falar um pouco desse novo trabalho?

 

Luzinette Laporte – O livro “Limiar” relata a história de uma mulher com uma grave doença, que anseia desesperadamente pela morte. Em seu estado de conflito e depressão, já não tem mais vontade e forças para viver, está no limiar do suicídio ou da eutanásia, num profundo abalo da sua fé e da sua relação com Deus.

 

7. Qual a sua avaliação da produção literária de Garanhuns?

 

Luzinette Laporte – Bastante promissora. Tenho lido os trabalhos escritos por nossos escritores e suas obras são criativas e enriquecedoras, cada um com suas peculiaridades, mas que me agrada muito os estilos e a própria leitura. Não quero aqui citar nomes, para que não cometa a injustiça de esquecer alguns desses escritores. Garanhuns é uma cidade riquíssima. Nossos escritores são excelentes. Digo para eles enviarem livros para fora, para ganharem prêmios. Eles escrevem bem, de um jeito que a gente aproveita a leitura, então precisam divulgar isso. Não dá para ficar só no seu lugarzinho, o primeiro livro infantil que escrevi vendeu cinco edições no Sul e Sudeste.

 

8. A senhora tem um grande público adulto e infanto-juvenil, sabe como poucos escrever histórias para as crianças. É uma forma de educar o público infantil, torná-los sensíveis ao outro e a realidade que os circundam?

 

Luzinette Laporte - A literatura oportuniza as crianças a ampliarem o olhar, a imaginação. Incentivar a leitura deve partir de formas que instiguem os pequenos, provoque o gosto pela leitura, estimulando-as a fazerem perguntas. No livro “A Menina que Falava com as Coisas” incentivo a comunicação dos pequenos, pois se a gente não se comunica, a gente fica embrutecido. A menina do livro fala com as pedras, com as nuvens, para a criança não é difícil fazer isso, dando oportunidade para elas de olharem para fora e a liberdade de significação das coisas.

 

9. Como a senhora sente-se diante de tantas homenagens, da repercussão dos seus livros para além das fronteiras de Garanhuns e o sucesso dos seus livros com o público infanto-juvenil e adulto?

 

Luzinette Laporte – Me sinto surpresa com as homenagens, impressionada com a generosidade das pessoas, como elas me veem desse jeito. Escrevo livros infantis, e neles escrevo com linguagem para as crianças e escrevi livros para adultos, e fico feliz em saber que são bem acolhidos. Recebo esse acolhimento com muita alegria, como uma mãe que tem um filho e todos o elogiam.  Sempre agradeço muito a Deus por tudo que está acontecendo.

 

10. Alguns jornalistas, críticos literários e leitores compararam seus textos literários com o estilo existencial, introspectivo, subjetivo e existencial de Clarice Lispector. A semelhança estaria no estilo literário ou apenas em ser poliglota e cronista?

 

Luzinette Laporte – Muitos já fizeram essa comparação (risos), tenho admiração pelas obras e vida de Clarisse Lispector, de família judia que veio para Maceió fugindo da perseguição dos nazistas, já li os seus livros e biografia, mas o meu estilo é empírico, escrevo desde criança, e apesar de ter lido vários autores e admirar seus estilos, não escrevia dentro de uma estrutura textual, então não tinha como escrever no estilo desses autores. Acho que a semelhança estar em falar outros idiomas, escrever crônicas e o amor à literatura.

 

11. Educadora, ex-secretária de Educação do Município de Garanhuns e ex-diretora da DERE (Departamento Regional de Educação). Em sua opinião como poderia ser implantando um projeto de incentivo a leitura em Garanhuns e demais municípios circunvizinhos?                         

 

Luzinette Laporte- A literatura tem que ser plantada na infância, essa é minha grande preocupação, tive um lar onde a leitura fazia parte da rotina da família, os pais devem fazer esse contato das crianças com os livros. Tenho conhecimento do trabalho feito nesse sentido pelo SESC e pela Biblioteca Ler é Preciso, instalada no Centro Cultural, já é um pedagogicamente edificante, não tem muitas informações sobre esse trabalho nos demais municípios, mas acredito que realizam também esse trabalho. Eu apenas sugeria a criação dos centros de leitura nos bairros, o que viria a trazer mais cultura, conhecimento e entretenimento ao nosso povo.

 

12. Em breve teremos um novo lançamento de Luzinette Laporte?

 

Luzinette Laporte – Pretendo lançar um livro reunindo as crônicas que escrevi nos jornais da cidade e reeditar alguns livros.

 

13.  Uma mensagem de Luzinette Laporte para os seus leitores, amigos e admiradores?

 

Luzinette Laporte – Leiam sempre. Leiam tudo que há na nossa literatura Os livros são mundos a ser explorados e a maiores riquezas que você vai encontrar é o conhecimento e a cultura que vai lhe tornar um ser sensível e melhor.

 

Obras publicadas pela escritora Luzinette Laporte de Carvalho:

 

A Menina que Falava com as Coisas;

 

Um Amor de Mulher;

 

O Homem com Girassóis no Olhar;

 

Os Caminhos de Isabela;

 

No Limiar.

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