Por Michel Zaidan Filho
Foi Michel Foucault, ainda em
sua fase da teoria disciplinar do Poder, quem introduziu a noção de “biopoder”
e “biopolitica”. Depois da analítica do sujeito, brevemente festejada por
aqueles que nunca aceitaram pacificamente o rótulo de “estruturalista” pespegado
em seu mestre, seguiu-se a ultima etapa do pensamento foucaultiano que trata
explicitamente dessa nova modalidade de poder e de política chamada “biopolitica (Em defesa da sociedade) Aqui, o
filósofo frances assume claramente a herança nietzschiana das relações de poder
na natureza e sua universalização no mundo humano e extra-humano. Para Foucault
“o biopoder” e a “biopolitica” estão associados ao neoliberalismo, como
estratégia de uma faxina ou limpeza étnica ou social, através de políticas
públicas voltadas para eliminação desses contingentes humanos “ que não têm mais lugar na História”,
segundo a judiciosa observação do professor Luciano Oliveira (“neofascismo,
neomiséria”).
Quem seriam os
“neomiseráveis” de nossa época! - Os pobres, doentes, desempregados, idosos,
ou seja, aqueles indivíduos que não podem comprar, vender, emprestar, consumir
etc. Esta massa “imprestável” para o mercado, o capital, que só representa
despesas, não lucros(Este é o
significado da ancora fiscal). E aqui é onde entra a tese da necropolítica, que
se vale do argumento de Foucault, para dizer que vem ocorrendo um extermínio
deliberado de pessoas, seja em países pobres ou entre os pobres de alguns países, no sentido de uma limpeza não só
étnica mas também social. Como entender, assim, a disseminação de determinadas
doenças em países populosos ou pobres, onde parece que teríamos um excelente
demográfico à disposição dessas
calamidades sociais! Existem na literatura muitos indícios de guerras químicas,
bacteriológicas que dizimam as populações, ao tempo que fazem a alegria dos
grandes laboratórios farmacêuticos do mundo. Foi assim com o aparecimento da
AIDs no continente africano: agora com o Coronavirus na China. É como se a
pandemia se inserisse numa guerra econômica pela hegemonia do planeta entre as grandes potências. Uma catástrofe humana como
essas, numa população de 2 bilhões de habitantes, poderia representar uma dura baixa nesse
conflito bélico disfarçado de morbidez bacteriológica.
E o Brasil, como fica nesse
ensaio de necropolítica mundial! – A situação brasileira é mais complicada em
razão das políticas ultra -liberais postas em prática pela sandice do atual
governo brasileiro. O corte sistemático do financiamento público à saúde, a
educação, a assistência social se soma a um cenário de crescimento quase zero,
produzindo um aumento exponencial de desempregados, famintos, doentes,
desabrigados e idosos em situação de
extrema pobreza. O Brasil se insere nessa pandemia universal como um sério
candidato a ser um laboratório em grande escala das políticas exterminatórias
dessa guerra planetária entre potencias econômicas. A ausência de políticas
públicas de corte universalista e inclusivo só pode representar a nossa versão
tupiniquim da eliminação em massa dos pobres, velhos e doentes. Uma variante do
darwinismo social cruel, empregado como política de Estado, por uma elite
cínica e cosmopolita sem nenhum compromisso com o povo brasileiro. Dessa vez,
auxiliado pela pregação de igrejas que vão transferir o ônus da doença, da
miséria e da morte para as vítimas, como uma punição moral.
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