Por Givaldo Calado de Freitas
Há exatos 10
anos. Incrível, não? Parece que foi ontem. Na Avenida que leva seu nome, mas
sem uma palavra sobre sua história. Como tantas, quiçá todas, as ruas e
avenidas da cidade. História, sem exagero, que se confunde com a história da cidade.
Da cidade, nascida por seu gesto. Sim, porque tudo começara por ela. Através de
seu desapego ao material. Por ver longe, muito longe... o que seria a sua
“Fazenda do Garcia”, ela já viúva, herdeira, portanto, de seu esposo Manoel
Ferreira de Azevedo. Fazer das suas terras, a “Freguesia de Santo Antônio de
Garanhuns”; mais tarde, “Povoação de Santo Antônio de Garanhuns” e “Vila de
Santo Antônio de Garanhuns”, e, afinal, “Cidade de Garanhuns”.
Esses presságios porque
passara e ainda passa a sua “Fazenda do Garcia”, ela, a nossa heroína Simôa
Gomes de Azevedo, positivamente, não haveria de conhecer. Nem ela, nem os seus.
Nem os que lhe cercavam.
O nome de Simôa Gomes de
Azevedo, contudo, não poderia ser esquecido pelos garanhuenses, como, em
verdade, não fora nem tem sido. Contudo, a sua história na cidade deveria e
ainda deve ser lembrada a gerações, até porque muitos velhos e crianças ainda
hoje não sabem se Simôa era homem ou mulher. A que gênero, portanto, pertencia.
Muitos ainda se atrevem em perguntar se era homem ou mulher. Ou a dizerem: “Seu
Simôa. Dona Simôa”.
A data de hoje, portanto,
toca-me. Faz-me lembrar da festa. Da
alegria da festa. Com hinos e músicas tocantes, entoados pela nossa Banda
centenária. Sim, pela Banda Municipal Manoel Rabelo, que não deixamos morrer.
Com a presença de tantos. Sobretudo das Simôas dos nossos dias, ávidas por
aquela data - 29.08.2008. Dia em que, decorridas pesquisas e mais pesquisas;
estudos e mais estudos, chegamos ao rosto imaginário e as impressões faciais, dela,
a neta de Domingos Jorge Velho, esculturadas, afinal, pelas mãos talentosas e
mágicas de Marcos Siqueira, artista plástico da nossa cidade, morador da
Liberdade.
Passado tanto tempo, Simôa
Gomes de Azevedo, perpétua em nossas memórias, quer por conta de seus
singulares gestos, exaltados, inclusive, por letristas de suas terras, e de
fora delas, como Onildo de Almeida, com a sua “Onde o Nordeste Garoa”. Letra e música, consagradas por Luiz
Gonzaga.
“Garanhuns, cidade serrana,
Garanhuns, cidade jardim,
Garanhuns, cidade das flores
de amores sem fim,
Garanhuns, terra de Simôa”
...
Quer por conta de instantes
como aquele, quando escrevemos, para todos:
“Simôa
Gomes de Azevedo.
Vulto
maior de nossa história e neta do sertanista Domingos Jorge Velho. Ela deixou
seu nome de heroína inscrito no passado desta cidade, cujo patrimônio
territorial foi fruto da doação das suas terras, no século XVIII.
Placa
de iniciativa do Clube Lítero-Recreativo
Brasil Estados Unidos neste seu cinquentenário e da Secretaria de Cultura de
Garanhuns.
Garanhuns,
29 de agosto de 2008".
Essa data ainda me toca
muito. Sobretudo pelos momentos que a antecederam. Cristalizados pelas
dificuldades que enfrentamos. Mas que vencemos! Quem sabe, até, por havermos,
de mãos dadas, entoado a letra do “Hino de Amor a Garanhuns”
“Filhos da Terra, Oh! Gente,
Ergam a voz, brilhem as
frontes,
cantando com a alma que sente
e
que vai mas brisas dos montes”.
Daqui, oportuno implorar: Que
não se deixe degradar aquele Monumento, erguido com muita valentia e muita
coragem como fora a vida de Simôa Gomes de Azevedo. E isso me faz lembrar
Neemias Gueiros quando dizia: “Sim, é o
culto da palavra que está em crise, é a retórica que entrou em decadência, é o
estilo que deperece, é a eloquência que se degrada”. E Neemias se
referia só ao exercício profissional da nossa língua. Imagine se fosse aos
nossos Monumentos?
Simôa Gomes de Azevedo
fez-nos ser a Garanhuns de hoje. De tantos cognomes - “Cidade Poesia”, “Cidade
Mágica”, “Cidade dos Festivais”, “Cidade Jardim”, “Garanhuns, Terra de
Simôa”... Tantos... Ah! Tantos!
* Acadêmico. Figura pública.
QUEM SABE, SE ASSIM O POVO DE GARANHUNS PERMITIR OU QUISER, GIVALDO CALADO UM DIA VOLTAR A SECRETARIA DE CULTURA DE GARANHUNS. QUEM SABE NÃO ESTÁ BEM PRÓXIMO?!?!?! BASTA ELEGERMOS FERNANDO RODOLFO, PREFEITO DE GARANHUNS... TUDO É POSSÍVEL, E POR QUE NÃO?!?!?!
ResponderExcluirP.S.: - Culturalmente falando, Givaldo tem duas facetas: No quesito Garanhuns, ele tanto é um saudosista quanto um futurista.