Aos
poucos, vai se delineando o quadro das candidaturas efetivamente postas à
escolha do eleitor nas eleições presidenciais que se avizinham.
A
estratégia de isolar a candidatura de Ciro Gomes, persuadir o PCB a retirar sua candidatura à Presidência da República e
conseguir uma relativa neutralidade do PSB na corrida
presidencial, parece ter dado certo, mesmo a custa do doloroso processo de
alijar a vereadora Marília Arraes da disputa pelo
governo de Pernambuco. O que,aliás, deixou sequelas.
A questão
que se coloca neste momento é como viabilizar uma candidatura
petista, no curto período das propaganda eleitoral e da exposição
prévia dos demais candidatos no horário eleitoral gratuito. Se o Partido dos
Trabalhadores não registrar definitivamente uma candidatura própria, neste
tempo eleitoral que vai se esvaindo e criando fatos consumados, com a ajuda da
mídia e das pesquisas de opinião, vão ficando cada vez mais apertadas as
margens de manobra para que o partido dispute com força e vigor a
possibilidade de ir ao segundo turno e consiga formar uma frente
anti-Bolsonaro, com partidos de centro que hesitam em ter de apoiar um
candidato de extrema-direita, como ele.
De toda maneira, o tempo urge. As eleições no Brasil são muito
influenciadas pela propaganda e os institutos de pesquisa. Estar fora desse
circuito - que não se confunde com uma verdadeira
esfera democrática deformação da opinião pública - pode representar
um imenso prejuízo na campanha eleitoral.
Naturalmente,o Partido
dos Trabalhadores calcula que, não sendo mais possível apresentar o
nome do ex-Presidente como seu candidato, o imenso prestígio político,
eleitoral e popular de LULA por si só seria suficiente para garantir uma grande
transferência de votos do líder petista para o vice-ou outro nome indicado por
ele.
É uma aposta e não convém cruzar os braços, achando que isso vá acontecer
sem mais. O PT precisa definir o quanto antes os nomes que
comporão a chapa que vai concorrer às eleições e se empenhar
de corpo e alma em publicizar ao máximo quem são os
candidatos, para que os eleitores saibam que há alternativas,
caso o nome de LULA seja vetado.
A demora, o faz-de-conta, a
presunção da eleição de LULA nada disso ajuda ao partido, numa
campanha onde a mídia faz questão de ignorar a imensa importância política do
ex-presidente da República para o país. Mais grave, não se discute sequer
a ilegitimidade de um pleito eleitoral onde o nome mais
popular está proibido de concorrer às eleições.
A despeito do indiscutível favoritismo e a preferência
popular por LULA, a eleição não dispensa - muito pelo contrário - um enorme e democrático esforço de convencer o eleitor, sobretudo o eleitor
indeciso, de que o nosso candidato é o melhor, o mais republicano
e justo. Nunca se ganha uma eleição, por antecipação.
Mas se perde eleição, quando se está convencido de que já ganhou. O Partido dos
Trabalhadores precisa urgentemente se convencer que é necessário correr
para garantir a chance de que é fundamental articular
uma grande frente política para barrar o avalanche de
intolerância, autoritarismo e ódio que ameaça desabar
sobre as nossas cabeças.
*O garanhuense Michel Zaidan Filho é professor da UFPE.
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