Aos 56 anos, o jornalista e
cientista político Roberto Numeriano disputa, segundo suas próprias palavras,
sua “primeira campanha pra valer”. Oriundo do antigo Partido Comunista
Brasileiro, o velho PCB, Numeriano começou a militância política nos tempos da
clandestinidade do chamado “Partidão”, na primeira metade da década de 80, participando
das lutas estudantis da Unicap. Foi nesta universidade onde também se formou em
Jornalismo, profissão que exerceu por quase vinte anos, até ingressar na
carreira pública e ainda no ensino superior.
O “pra valer” de Numeriano
tem sentido, agora na disputa de um mandato de deputado estadual pelo Avante, partido
presidido em Pernambuco pelo deputado federal Sílvio Costa, candidato ao
Senado. Já foi candidato a prefeito do Recife (eleições de 2008 e 2012), a
governador de Pernambuco (2010), a deputado federal (2014), e a vereador do
Recife (2016). “Em todas estas campanhas fui candidato, na verdade, para
cumprir tarefas partidárias.
Divulgar as propostas do partido e fazer cauda
para quem realmente tinha chance de vencer.
Nunca me iludi sobre ter chances reais de eleição”, explica.
Apesar das votações que ele
considera “simbólicas”, Numeriano conseguiu se tornar relativamente conhecido
do eleitor da região metropolitana do Recife, sobretudo aquele “eleitor do voto
de opinião”. De fato, o candidato alcançou uma média de votos no conjunto das
cinco disputas, e que está concentrada nas faixas de renda média, nível de
escolaridade superior e idade adulta. É a partir deste eleitorado que ele
pretende somar mais votos para conquistar uma cadeira na chapa montada pelo
candidato Sílvio Costa.
Propostas
Para Numeriano, há uma grave
crise de representação política no país, a qual atinge o Poder Legislativo (nas
esferas municipal, estadual e federal), mas também atravessa o Executivo e o
Judiciário. “Nenhum destes poderes, podemos assegurar, está bem na avaliação
dos cidadãos quanto à eficácia e à confiabilidade dos seus trabalhos”,
fundamenta, lembrando as diversas pesquisas de opinião sobre o que o brasileiro
pensa dessas instituições.
Para ele, este quadro não
começou em 2016, com o processo do impeachment da presidente Dilma: “É algo
estrutural. Tem a ver a profunda desigualdade social, reflexo da grave
concentração de renda do modelo econômico, e na herança social e cultural da
mentalidade escravocrata, responsável pelo preconceito contra os excluídos,
sobretudo os pobres, os pardos, os negros e as mulheres”, critica o candidato. “Somente
a educação de qualidade e os programas culturais, como ações integradas, podem,
progressivamente, quebrar essa herança de fato maldita”, afirma com base nas
suas observações como professor e produtor cultural.
Pela experiência profissional
nas áreas de ensino e de cultura, mas também pelo que pôde analisar quando de
suas candidaturas, Numeriano relacionou algumas propostas prioritárias de
campanha. Na área de Cultura ele pretende propor uma nova legislação para descentralizar
os recursos do Funcultura, democratizando mais o acesso aos pernambucanos do
Agreste e do Sertão quando da divulgação dos editais de seleção de projetos
culturais.
Na área de Educação sua
principal proposta é propor uma lei que obrigue o Estado a dotar cada
município, progressivamente, de uma Biblioteca Padrão, com meios
didáticos-pedagógicos e amplo acervo digital e físico de livros e outros meios
de cultura. “Tais bibliotecas serão espaços de saber e convivência, ciência e
práticas lúdicas, não meros ambientes de livros e bens de cultura”, observa.
Para a área Ambiental ele
relaciona duas agendas: tornar operacional as unidades de conservação ambiental
do Estado, integrando-as em uma rede para compartilhar a pesquisa e estimular o
turismo rural ; e tornar efetiva a lei de recolha e tratamento de resíduos
sólidos, em todos os municípios pernambucanos. Por fim, Numeriano pretende
propor uma nova legislação para a cobertura vacinal preventiva no Estado: “É
preciso que o governo estadual reforce a cobertura vacinal para as doenças
infecto-contagiosas, pois os programas de vacinação do Ministério da Saúde não
contemplam totalmente as carências locais dos postos de saúde”.
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