Por Michel Zaidan Filho
Não há uma historiografia
mais ufanista e provinciana do que a de Pernambuco. Como os alemães, no tempo
de Marx, na ausência de verdadeiras revoluções, nós as criamos no terreno da imaginação e da abstrações
nebulosas. Em nosso estado, podemos dizer toda a história, a tradição cultural
e símbolos de um passado imperial e monárquico têm sido recrutados pelas elites
(e seus cronistas oficiais) para convencer a opinião pública de que elas são o
que há de melhor, entre nós. Deve ser por isso, que a cidade é cheia de
fantasmas de condes, viscondes, barões, baronesas e imperadores. Vivemos numa
corte imaginária de espectros do passado, sem se da conta que estamos rodeados de outro tipo de
assombração.
É o que se passa com esse
projeto de lei politiqueiro aprovado pela Assembleia Legislativa – que não tem
mais o que fazer- de Terezinha Nunes tornando feriado o dia 6 de março, data do
aniversário da chamada “Revolução Pernambucana”, de 1817. No mundo todo se discute a herança da
revolução de 1917, em Pernambuco se discute e se comemora a de 1817.
Cada um
tem a revolução que merece ou que quer. E seus heróis? – Isaltino de Oliveira,
Paulo Câmara (lenta), Eduardo Acioly Campos, José Mendonça Filho, Bruno Araújo,
Raul Jungmann...e por aí vai.
Se essas criaturas podem se
valer dessa tradição de rebeldia, então temos que reavaliar a nossa história.
Talvez, não se trate de uma memória revolucionária, como diz a propaganda
política, mas de uma ópera bufa, de uma pantomima ou um teatro de comédia, com
simulacros de personagens erráticos, equívocos e controversos. Políticos que se
envolveram recentemente no apoio e na urdidura de uma ruptura institucional,
não podem se cobrir com o manto de uma tradição revolucionária, mesmo que
provinciana ou regional. É contra a lógica. Aqueles que trocaram seu apoio por
cargos, comissões, secretarias e ministério não são propriamente herdeiros ou
legatários de nenhuma revolução. São políticos clientelistas, fisiológicos,
alguns em fim de carreira, atrás de uma “tábua de salvação”, para não
desaparecerem na vala comum dos impostores e farsantes.
A nossa crítica histórica e
política ainda vai restabelecer, no devido tempo, a obra nefasta, devastadora,
imoral produzida por esses fantasmas de si mesmo. O quadro ficará mais nítido para a posteridade. Nada de
revolução ou revolucionários. Contrarrevolução e golpistas é o que lhes cabe
nas páginas dos livros de história de Pernambuco.
*Ilustração: NE 10.
"No mundo todo se discute a herança da revolução de 1917"
ResponderExcluirESCOLA SEM PARTIDO JÁ!
A herança de 1917 é uma desgraça que deve ser banida da memória dos futuros.
Só trouxe miséria aos povos do leste Europeu, destruiu a história russa, e ainda insiste em aniquilar países e povos inteiros nos dias atuais.
Na minha opinião um professor universitário saudosista de regimes genocidas e carnificinas como a barbárie de 1917 deveria ser demitido por justa causa. Pois um professor não tem liberdade de expressão para propagandear crimes contra humanidade como se boa coisa fosse!
NADA mais babaca e parasitário do que esse feriado de 6 de março, com essa balela de revolução de 1817! - Em Recife já temos a Ponte Seis (6) de Março! E temos a Praça 1817! Aí já são duas homenagens, o que é suficiente! – E ainda nos vem uma inútil, farsante, puxa-saco e demagoga embusteira, como Terezinha Nunes propor do dito feriado em homenagem a PN! - E os demais sacanas que compõem a Assembleia Legislativa acharam por bem aprovar?! - Pra que esse feriado? Para homenagear um movimento com interesses paroquiais que ocorreu há exatos 200 anos!
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