Por Altamir Pinheiro
No glamoroso ambiente hollywoodiano, o atraente e sedutor Victor
Mature era tratado pela mulherada como ‘’The Hunk’’, cuja melhor tradução seria
‘’Um Pedaço de Homem’’. As atrizes que com Victor contracenaram se incumbiram
de espalhar a fama do ator que, se vivesse no Brasil seria chamado ou tratado
de um BEM DOTADO por ser possuidor de uma tremenda e caprichosa
ferramenta mais conhecida como ‘‘PÉ DE MESA’’. E para comprovar, num
tempo sem Internet e sem Photoshop, circularam no mercado negro norte-americano
fotografias de Victor Mature vendidas a peso de ouro. Eram fotos em que ele
aparecia nu e com uma monumental ereção.
O cinéfilo adorador e pesquisador de filmes
cinematográficos, Darci Fonseca, nos confirma que nem
tudo era perfeito na vida de Victor Mature em relação às mulheres. As famosas
atrizes que o levavam para suas alcovas, quartos ou
aposentos, não se conformavam quando eram trocadas por outras e
os constantes rompimentos eram invariavelmente rumorosos. Pior ainda os
reflexos na vida conjugal de Victor, cujas esposas não suportando as
infidelidades noticiadas pelas revistas e jornais pediam divórcio ou mesmo
anulação de casamento. Isso levou Victor a ter quatro casamentos, até sossegar
ao lado da última esposa, com quem viveu os 25 últimos anos de sua vida, de
1975 a 1994.
Em 1941 Victor Mature se casou pela segunda vez e dois anos
depois era novamente o solteirão mais cobiçado de Hollywood, seja pelas
mulheres que pretendiam levá-lo ao ALTAR ou simplesmente as que queriam
comprovar o que diziam dele numa CAMA. Em 1948 Victor Mature se casou pela
terceira vez, num enlace que durou sete anos. Novo casamento ocorreu em 1959,
seguido de divórcio dez anos depois, em 1969. Nenhuma das quatro primeiras
esposas deu filhos a Victor Mature, que adorava seus cães. E tudo indicava que
o ator ficaria casado apenas com seu amado golfe, esporte que adorava,
mas em 1974, aos 61 anos de idade Mature se casou com Loretta, quinta esposa e
com quem Victor teve a filha Victoria, nascida em 1975. Victor Mature contraiu
leucemia, vindo a falecer em seu rancho, em Santa Fé, em 4 de agosto de 1999,
aos 86 anos de idade.
Deixando o seu lado mulherengo à parte,
e penetrando na arte propriamente dita, para os fãs de faroestes, Victor Mature
será sempre lembrado como o inesquecível Doc Holliday de “PAIXÃO DOS FORTES”, o
dentista-pistoleiro-jogador e tuberculoso que morre durante o duelo
no OK Corral.
A
chegada dos novos hábitos indicando o processo de civilização do Velho Oeste
foi o que o diretor Ford imprimiu a este western com pouca ação, mas denso em
sentimentos e conflitos entre os personagens. O salão de barbeiro com suas
loções recendendo ao cheiro de frondosas flores trepadeiras; a troca das roupas
de vaqueiro pelos ternos com estilo importado do Leste; o médico-pistoleiro-jogador,
interpretado por Victor Mature, que recita SHAKESPEARE quando o ator
esquece o texto; a própria presença da companhia que apresentará uma peça
clássica numa cidade onde gente de bem se mistura a assassinos e ladrões de gado.
A simplicidade, idealismo e poesia das imagens de “PAIXÃO DOS FORTES” fazem
desse western um sublime exemplo da “Americana” do excelente diretor, John
Ford. Paixão dos Fortes é um faroeste estrelado por Henry Fonda que contracena com
Victor Mature, película cinematográfica espetacular, RECOMENDO-A!!!
Como nos lembra o mestre Darci, houve, no
entanto, um gênero de filmes que marcou para sempre a carreira de Victor
Mature, aqueles em que interpretou PERSONAGENS BÍBLICOs. Com seu belo e formoso
porte físico mais que apropriado, Mature se impunha convincentemente nesses
papéis. O primeiro deles foi “SANSÃO E DALILA”, extraordinário sucesso de
bilheteria lançado em 1949 e que eternizou Victor Mature junto ao público.
Superprodução que custou três milhões de dólares, “Sansão e Dalila” rendeu em
seu lançamento, só nos Estados Unidos, 12 milhões de dólares. Victor
Mature atuou em seguida em “Andrócles e o Leão”, “O Manto Sagrado” e
“Demétrius, o Gladiador” A essa altura Victor Mature já havia passado o cajado
para Charlton Heston, que o sucedeu como grande astro de filmes bíblicos. Mas
ainda vestindo tanga ou manto e sandálias e com uma larga espada nas mãos,
Mature protagonizou “O Egípcio” e “Aníbal, o Conquistador”.
Pois bem!!! Ao contrário, porém, de muitos artistas que
dissiparam as fortunas que ganharam em extravagâncias, corridas de cavalos,
mesa de pôquer ou divórcios, Victor Mature teve sempre uma vida financeira
equilibrada. Victor decidiu encerrar a carreira aos 48 anos de idade, em 1961,
consciente que seu tempo havia passado e também porque não mais precisava
trabalhar. Com os investimentos feitos em imóveis e lojas de varejo, Victor
Mature era um homem bem sucedido que escolheu para morar um belo rancho na
aprazível localidade de Santa Fé, em San Diego, Califórnia. Victor Mature
deixava momentaneamente a condição de aposentado apenas quando aceitava alguns
convites para filmar. Um desses convites foi para interpretar O PAI DE SANSÃO,
na versão de “Sansão e Dalila” feita para a TV em 1984. Perguntado se não
ficaria constrangido em ser o envelhecido pai de Sansão, Victor Mature
respondeu: “Pagando bem eu interpreto até mesmo a mãe de Sansão!”...
Injustamente lembrado como um dos grandes canastrões do cinema,
Victor Mature possuía certo talento artístico. Poucos atores poderiam atuar com
sucesso em tantos gêneros diferentes como fez Victor Mature. E poucos atores
também souberam, depois de conquistar a fama, se portar com simplicidade, ser
espontaneamente alegre e conquistar a todos com o mais sincero e contagiante
sorriso como fazia Victor Mature.
A seguir assista ao vídeo de apenas 5 minutos da cena
do filme “PAIXÃO DOS FORTES”, em que o personagem Doc
Holliday (Victor Mature), o
médico-pistoleiro-jogador e tuberculoso, recita SHAKESPEARE quando o
ator esquece o texto no palco. A frase "Ser ou
não ser, eis a questão" (em inglês: To be or not to be, that is the
question) vem da peça A TRAGÉDIA DE HAMLET, príncipe da Dinamarca, de William
Shakespeare. Encontra-se no Ato III, Cena I e é frequentemente usada como um
fundo filosófico profundo. Sem dúvida alguma, é uma das mais famosas frases da
literatura mundial. O verso, citado pelo personagem principal Hamlet é um
espetáculo à parte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário