Nota Política do PCB
– Campinas: Ana Paula Alencar, Presente!
Ana Paula Alencar, Presente! A luta
contra o feminicídio é a luta contra o Capital!
No dia 09/11/2017, mais um caso de feminicídio
veio à tona, desta vez na cidade de Mogi-Guaçu, na região de Campinas. Ana
Paula Alencar, de 21 anos, foi assassinada a facadas pelo seu ex-companheiro.
Os jornais burgueses, como de costume,
abordaram o ocorrido como mais um caso de disfunção conjugal e, portanto, a ser
resolvido, senão entre quatro paredes, nos limites da crônica policial. No
entanto, é preciso dizer em alto e bom som: não só a subordinação material,
física e moral da mulher pelo homem remonta tempos longínquos, mas também a
propriedade de sua vida!
A propriedade do
homem sobre a vida da mulher não remonta apenas aos tempos em que o feminicídio
era legitimado por lei, em casos de defesa da “honra” (dos homens
proprietários, é óbvio). A propriedade da mulher pelo homem remonta, antes, ao
nascimento da família monogâmica como resultado da divisão social do trabalho
na produção de mercadorias, isto é, na gênese do capital, da propriedade privada
e do Estado, como Friedrich Engels demonstrou com detalhes em A origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado.
Nos diz Engels: “O estágio da produção
de mercadorias com que começa a civilização caracteriza-se, do ponto de vista
econômico, pela introdução: 1) da moeda metálica (e, com ela, o capital em
dinheiro), dos juros e da usura; 2) dos comerciantes como classe intermediária
entre os produtores; 3) da propriedade privada da terra e da hipoteca; 4) do
trabalho como forma predominante na produção. A forma de família que
corresponde à civilização e vence definitivamente com ela é a monogamia, a
supremacia do homem sobre a mulher, e a família individual como unidade
econômica da sociedade. (…). Também são características da civilização: (…) a introdução
dos testamentos, por meio dos quais o proprietário pode dispor de seus bens
mesmo depois de morto”[1].
Com o advento das bases iniciais do
capitalismo, a mulher passa ao aprisionamento da propriedade privada e da
família. O direito materno sobre a prole é extinto, dando lugar ao direito
paterno, tendo como base fundadora, a partir da divisão sexual do trabalho, a
propriedade masculina sobre as terras e o capital. Bem entendido, o controle
reprodutivo da mulher diante da questão da hereditariedade da propriedade
privada é, portanto, essencial à manutenção do poder e da ordem do capital. A
monogamia, obviamente, é imposta somente à mulher, estando o homem,
proprietário, livre para se relacionar com outras mulheres: a prostituição
aparece simultaneamente, não por acaso, como instituição histórica
estruturalmente ligada à família monogâmica e, portanto, como alicerce que a
reproduz socialmente.
É óbvio que a moral da sociedade
burguesa e sua classe dominante, em conflito Fáustico com sua sede de “mais-valia”,
não impediu que as mulheres (dos trabalhadores) fossem lançadas ao mercado de
trabalho. Muito menos impediu que estas mesmas mulheres tivessem que passar,
agora, a executar jornadas triplas para garantir não só a produção de
“mais-valia” absoluta, mas também “mais-valia” relativa, já que o trabalho
doméstico ajuda na reprodução material da vida dos trabalhadores, diminuindo,
assim, o valor da força de trabalho disponível no mercado para o desfrute da
classe capitalista como um todo.
A história nos mostra que a opressão
sobre as mulheres e o feminicídio não existe desde sempre. Ela começa com o
nascimento e o desenvolvimento da propriedade privada, do capital e do Estado.
A emancipação da mulher está, portanto, intrinsecamente ligada à luta contra a
sociedade capitalista. A luta pela emancipação da mulher é a luta pela
emancipação do gênero humano.
É por isso que o PCB-Campinas vem a
público demonstrar todo apoio, na individualidade do caso de Ana Paula Alencar,
à luta organizada de todas as mulheres e homens da classe trabalhadora contra o
feminicídio e o capital.
Ana Paula Alencar, Presente!
A luta pela emancipação da mulher é a
luta pela emancipação de toda humanidade!
A luta contra o feminicídio é a luta
contra o Capital!
Lutar, criar, poder popular!
PCB – Campinas. Apoio: PCB (Partido Comunista Brasileiro)
de Garanhuns/PE
1. ENGELS, Friedrich. A origem da
família, da propriedade privada e do Estado. p. 198 e 199. Editora Civilização
Brasileira. Rio de Janeiro. 1987.
No país com 62 mil assassinatos de "seres humanos", estes asnos comunistas, estão preocupados, não com a totalidade dos assassinatos, mas sim com apenas 8% deles, mas com os saídos do dicionario de Dilma "feminicidios".
ResponderExcluirDai eu pergunto: "É possível não manda-los tomar naquele lugar?"
Ô asno mal-intencionado!! - Não estamos discutindo percentual de homicídios! NÃO! - O que se discute aqui é a mania da maioria dos "homens" se considerar proprietários das MULHERES!! - Dá pra entender?! - Senão, entenda sem dar mesmo!! /.
ExcluirAssim como aconteceu com Ana Paula Alencar, aconteceu com a professora Margot Proença, também em Campinas SP. No dia 7 de novembro de 1970, Margot Proença foi assassinada com 11 facadas, pelo marido, o procurador de Justiça Augusto da Rocha Monteiro Gallo. - O casal tinha a filha Maitê Proença, com 12 anos de idade; e o filho Renê Augusto, de sete (7) anos de idade. - O Tribunal do Júri de Campinas absolveu Augusto Monteiro Gallo duas vezes, por "legítima defesa da honra"?! - O primeiro julgamento foi anulado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Posto que os jurados consideraram "que não houve excesso na conduta de Augusto Gallo; que ele agiu moderadamente, ao matar a esposa". – Na segunda sessão de julgamento, com a mesma tese, o Tribunal do Júri, reconhecidamente discriminatório e machista, tornou a absolver Monteiro Gallo. – (Onze -11- facadas de surpresa foi "agir moderadamente"?! - Imagine o que seria considerado excessivo por aqueles julgadores?!) – O julgamento foi tão aberrante, que o juiz ouviu uma criança de 12 anos de idade, no plenário do Júri (Maitê Proença, filha do casal)!- (O juiz José Augusto Marin, durante o inquérito e o processo-crime ouvia as testemunhas na própria residência de Marin. Esse juiz José Marin era muito amigo do procurador Monteiro Gallo.) – 3. Por fim, o terceiro e definitivo julgamento de Augusto Monteiro Gallo foi um câncer generalizado que o levou ao suicídio, com dois tiros no coração, em julho de 1989 (19 anos depois de matar a esposa)! /.
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