Por
Michel Zaidan Filho
Chega a ser uma piada a
reação do Presidente do Congresso Nacional, o senador Renan Calheiros, relacionada a ação policial contra a segurança
do Casa (os policiais parlamentares), que resultou na prisão de alguns deles.
Só agora, Renan descobriu que estamos num "Estado de exceção"
fascista e que o Ministro da Justiça não passa de um mero "Chefe de
Polícia".
Quando as arbitrariedades, o
abuso de autoridade, a violência policial foram praticadas contra os outros, não
se viu dele - como Presidente de um dos Poderes da República - nenhuma
manifestação de repúdio, nenhuma crítica à ação ilegal de juízes e da própria
polícia federal. Mas agora, como a ação policial se volta contra aqueles que
presumidamente querem barrar a Operação "Lava-a-Jato", onde só ele é
réu em 10 processos, agora sim o estado é fascista e o Ministro da (in)justiça
é um mero chefe de polícia.
Na verdade, a reação do Presidente do Congresso só evidencia o ambiente de insegurança jurídica e política em que estamos vivendo hoje no Brasil. Quando a Presidente do STF convida ministros da área de segurança para uma conversa sobre a falta de controle da violência em nosso país, isso vai mostrando a desinstitucionalização da política, e não é só o risco da judicialização, é o risco da militarização da política no Brasil.
A questão da segurança (no
seu equivocado enfoque militar) é afeta à competência do Poder Executivo, nos
três níveis de governo. Jamais deveria se constituir em objeto de preocupação
do STF, que deveria ser aí sim - o guardião da Constituição Federal, tão
vilipendiada nesses dias que correm.
No entanto, a crise de
governabilidade é tamanha que vamos assistindo todos os dias a trombadas e
choques de competência entre os Poderes, a ponto do Presidente do Congresso
alardear que vai ajuizar ações contra o STF e contra os juízes de primeiro e
segundo graus. É de ver quem julgará essas ações, já que a ministra Carmem
Lúcia Antunes é a Presidenta do STF e do Conselho Nacional de Justiça.
Fato novo: o Alto Comissariado dos Direitos
Humanos da ONU acolheu, preliminarmente, a petição dos advogados do Presidente
Lula contra o juiz (vingador público) Sérgio Moro. E já pediu explicações ao
governo brasileiro sobre os "métodos excepcionais" empregados pelos
"catões" da republicana curitibana contra o dirigente político
petista.
Pode não resultar disso nada
de concreto. Mas a imagem internacional do País, como violador dos direitos
humanos vai ficar gravada no placar dos países e governos
"fora-da-lei". Aliás, quem já vem rasgando a Constituição
Federal e maculando as garantias e direitos individuais dentro do País,
pelo visto não se incomoda muito com o que pensa a comunidade política
internacional. De "player" nos negócios e acordos diplomáticos do
mundo todo, o Brasil vai voltar logo ao status de "República
bananas", onde um delegado de polícia tem mais poder (ou tanto quanto) um
ministro do Supremo Tribunal Federal.
*Michel Zaidan Filho é natural de Garanhuns, professor da Universidade
Federal de Pernambuco e Cientista Político.
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