José Condé, o escritor,
nasceu em Caruaru em 1917, ano em que aconteceu a hecatombe de Garanhuns.
É provável que na infância
Condé tenha ouvido muitas vezes relatos dos fatos que ocorreram no município
vizinho, no ano do seu nascimento.
No romance “Terra de Caruaru”, considerado pela crítica literária como o melhor livro do escritor
pernambucano, é contada uma história muito semelhante à que envolveu o capitão
Francisco Sales Vila Nova e o coronel-deputado Júlio Brasileiro.
A Hecatombe de Garanhuns se
deu exatamente porque Sales, um “pobre diabo” que vivia levando surras a mando
do líder político local, uma hora cansou das humilhações, criou coragem, pegou
o trem com destino a Recife e na capital matou o deputado.
O crime levou a uma onda de
assassinatos praticados na Suíça Pernambucana e nos seus arredores. Tudo
comandado pela viúva de Júlio Brasileiro, Ana Duperron.
Pessoas de algumas famílias –
como os Miranda e os Jardim – foram responsabilizadas pelo crime, na verdade um
ato isolado do capitão, e jogadas dentro da cadeia pública da cidade a pretexto
de proteção. Muitos foram mortas dentro do pequeno presídio, covardemente, sem
nenhuma chance de defesa.
Um dos motivos do escritor Luís Jardim ter ido embora de Garanhuns teria sido a hecatombe, por conta da morte de seu pai e outros familiares.
Esses acontecimentos, que
marcaram profundamente a história de Garanhuns (tiveram repercussão até fora do
país), completam 100 anos em 2017. Uma comissão foi formada para estudar os
fatos e no próximo ano a Hecatombe será lembrada através de palestras, livros e
documentos, para que nunca mais uma tragédia de tal monta se repita.
Voltando à obra de José Condé, em “Terra de Caruaru” ele criou um personagem, chamado de José Bispo, que vive
levando surras humilhantes do poderoso coronel Ribas. Ninguém acreditava que o
homem fosse capaz de fazer alguma coisa.
Zé Bispo, porém, tal qual o
Sales Vila Nova de carne e osso de Garanhuns, um dia pega uma arma, se aproxima do seu
algoz e atira à queima roupa, despachando dessa vida para outra o manda chuva
de Caruaru.
Teria na Terra de Vitalino
acontecido uma história tão parecida, envolvendo um poderoso e um homem do
povo? Uma simples coincidência? Ou José Condé se inspirou em Sales Vila Nova
para criar o personagem José Bispo?
Esperamos que a Comissão do
Centenário da Hecatombe de Garanhuns, em suas pesquisas, nos tire essas
dúvidas. É preciso esclarecer de uma vez por todas se os acontecimentos locais
inspiraram José Condé em sua maior obra literária.
*Fotos: 1) O escritor José Condé, numa foto publicada no site da Universidade Federal da Paraíba; 2) Cadeia pública de Garanhuns, principal local da hecatombe ocorrida na cidade. A imagem é de autoria desconhecida e foi publicada originalmente no Blog de Anchieta Gueiros. No local hoje existe um prédio da Compesa.
" Hecatombe" uma bela série para TV..seria sucesso...uma história q o Brasil e o mundo precisam saber!
ResponderExcluirJá adianto meu voto: José Condé se inspirou nessa brutalidade protagonizada pelo prepotente Júlio Brasileiro. - 2. Conheci alguns de sobrenome Brasileiro, aí de Garanhuns. - Mas, não sabia que um dos ancestrais dessa família houvesse dado causa a tamanho massacre!! - 3. Deixo meu aplauso “post mortem” para o capitão Francisco Sales Vila Nova. - Um dia, esse pobre Vila Nova teria de criar coragem e acabar com tantas e tantas humilhações!! – Humilhações praticadas por autoritários que pensam que nunca vão morrer!! - E eis que, quando menos se espera, chega a vez dos "valentes" partirem para o NUNCA MAIS!! - É ISSO. /.
ResponderExcluirEsse prédio da Compesa seria o Elo da Compesa na praça Irmãos Miranda?? Acho que sim, talvez isso que a rua atrás da Caixa Econômica chamar-se "Rua Cabo Cobrinha"!!!
ResponderExcluirIsso mesmo Ewerton. Lembrando que o Cabo Cobrinha morreu lutando para a evitar a invasão da cadeia a hecatombe.
ResponderExcluirMinha principal fonte sobre esse assunto, é Walmiré Dimeron, atual presidente do IHC-Inst. Histórico de Caruaru. Há dois anos, com a autorização da família, Walmiré reeditou Terra de Caruaru. Me disse em in box que estudaria o assunto. Qualquer resposta, repassarei pra você.
ResponderExcluirQualquer dia desse, baixo, sem pai se santo, aí em Garanhuns e vou procurá-lo.
Um abraço
Por que o autor se refere a Sales Vilanova como "pobre diabo"?
ResponderExcluirNinguém nessa história é coitadinho não,isso se chama briga por poder...Já diz o ditado "queres conhern o homem dar poder a ele".
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