CONTEXTO

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Pesquisas Eleitorais

A CAIXA DE PANDORA DO DOUTOR RENAN

Por Michel Zaidan Filho*

Esse Congresso Brasileiro é uma caixinha de surpresas. A notícia agora é que o Presidente do Senado, Renan Calheiros, está preparando com o auxílio de outros colegas, a votação de uma emenda que crie um regime semiparlamentarista no Brasil. O que o nobre senador esquece é que não existem partidos dignos desse nome em nosso país. Há frentes, biombos, federações, guarda-chuvas e ônibus (designações prosaicas dadas às nossas agremiações partidárias); mas não partidos verdadeiros, que façam a devida articulação entre a sociedade e o Estado brasileiro. Transformar a Presidente Dilma Rousseff em “rainha da Inglaterra” e entregar o governo da República a esse amontoado de cacos, fragmentos e ruínas que se chama “sistema partidário brasileiro” seria destruir o que ainda resta de racionalidade e republicanismo na gestão da coisa pública no Brasil. O nosso país não tem tradição parlamentarista. Somos presidencialistas por herança atávica do messianismo e da monarquia portuguesa. O nosso antigo Poder Moderador, exercido pelo rei, sempre foi mais do que um poder moderador. Intervinha no jogo parlamentar, alterando o funcionamento normal do Legislativo e da disputa partidária. O presidencialismo “imperial” que herdamos – por influência do modelo político norte-americano – é uma sobrevivência do messianismo e do poder centralizador da monarquia. Não acreditamos no Poder Legislativo. Não valorizamos as eleições proporcionais. Não votamos em partidos ou legenda, só em nomes. E não lembramos sequer em quem votamos para o Congresso nas eleições passadas. Querer entregar o governo da República a salteadores de estrada, bandidos, mafiosos e lobistas profissionais é institucionalizar a bandalheira de uma vez. Aí sim teremos uma autêntica “Republiqueta de bananas”.

*Michel Zaidan Filho é garanhuense, professor da Universidade Federal de Pernambuco e Cientista Político. Colabora regularmente com este blog.

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