A energia vibrante e a sonoridade
arrebatadora de 30 percussionistas regidos pelo multiartista Lucas dos Prazeres
irá ressoar na Esplanada Guadalajara, neste domingo (19), durante a programação
do 25º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG). O show, que será às 22h, no
Palco Mestre Dominguinhos, marca a estreia da Orquestra dos Prazeres no evento.
No grupo, Lucas reúne instrumentos
percussivos como alfaias, ilús, congas, ajubês e agogôs para apresentar um
mosaico da cultura afro e da cultura popular pernambucana, em uma leitura
sinfônica. Como um alfaiate devotado, Lucas dos Prazeres tem a sensibilidade e
a precisão para costurar todos esses elementos com arranjos modernos, que além
dos instrumentos percussivos possuem a melodia de uma viola e um baixo.
Sobre a Orquestra, Lucas é categórico:
“Não é uma batucada. É percussão orquestrada. Cada naipe tem sua voz”. No
repertório são fartas as homenagens aos griôs pernambucanos, com referência a
Badia, a mãe de santo do Pátio do Terço, uma das mais reverenciadas e antigas
do Recife, Zé Neguinho do Coco, mestre coquista, e mestre Joab, símbolo da
capoeira, além de músicas dos afoxés Alafin Oyó e Oyá Tokolê.
Nesta apresentação da Orquestra dos
Prazeres, Lucas também traz releituras de obras musicais consagradas, como
África Brasil (Zumbi), de Jorge Ben Jor, Semba dos Ancestrais, de Martinho da
Vila, e Zumbi (A Felicidade Guerreira), de Gilberto Gil, e Luanda, de Djavan,
transformando-as em peças percussivas.
O show, intitulado Repercutir, foi
apresentado ao público pela primeira vez em novembro do ano passado, quando da
gravação do DVD da Orquestra, no Teatro Luiz Mendonça, que fica no Parque Dona
Lindu, em Boa Viagem. O DVD será lançado em novembro deste ano, no mês da
consciência negra.
EmRepercutir, Lucas dos Prazeres
une o toque e o canto para construir o seu próprio rito musical, numa
perspectiva rica em história e sabedoria. “Quero mostrar a conexão forte, o
respeito e o diálogo que temos com a natureza. Não é um show sobre religião. É
um show sobre cultura negra, sobre negritude, tendo os ensinamentos, os
cuidados e a conscientização dessa realidade no Brasil”,explica o músico.
FIG – Na mesma noite em que se apresentam Lucas e Orquestra dos Prazeres, o palco Mestre Dominguinhos terá ainda as apresentações da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Mundo Livra S/A e Pitty. Mais sobre a programação do FIG 2015: http://www.cultura.pe.gov.br/fig2015.
A Orquestra – Lucas e Orquestra dos Prazeres é um projeto que
brotou em 2009 e estreou em dezembro de 2011, fruto de uma equação que soma
música, resgate da cultura popular e valorização da ancestralidade afro. A
partir da união de vozes e instrumentos percussivos variados, a banda passeia
pelo rico repertório de mestres e grupos étnicos, além das conhecidas cantigas
de domínio popular.
O grupo consiste na união de duas
categorias de família de Lucas: a dos instrumentos e a das pessoas, ambos
cercados de afeto e colecionados ao longo da vida. Foi na Orquestra dos
Prazeres que Lucas decidiu empregar sua criatividade musical para dar início a
um projeto autoral, buscando dar à percussão – conhecida como a“cozinha” das
bandas – o papel de protagonista no palco.
Na apresentação da Orquestra dos
Prazeres, os instrumentos e os percussionistas são devidamente contemplados na
caixa cênica, de maneira que a “cozinha”, deixa de ser o último compartimento
da casa ou o fundo do palco, para ser “a casa”, ou seja, o palco é todo
percussivo.
O artista – Lucas dos Prazeres
é um artista versátil, que vive, sente e respira música, unindo a sensibilidade
das mãos com a consciência corporal. Percute em tudo, seja instrumento ou não.
A arte sempre se fez presente na vida de Lucas dos Prazeres. Ainda na barriga
da mãe, Conceição dos Prazeres, fez as suas primeiras participações dançando no
Balé Popular do Recife.
Atualmente, Lucas rege a Orquestra dos
Prazeres e prepara um novo espetáculo solo, onde une dança, canto e percussão.
Este mês, estreou como apresentador na série de documentários Patrimônio vivo: Na estrada do sempre, no qual entrevista os 33 mestres reconhecidos com o título de
Patrimônio Vivo no estado de Pernambuco. Recentemente, Lucas dos
Prazeres reposicionou a dança como protagonista de sua carreira, participando
como bailarino e preparando a trilha sonora do espetáculo Abô, do Grupo Grial
de Dança.
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