Ela publicou seu primeiro livro, "Anne de Green Gables" em 1908, mas em sua prosa, elegante e poética, já se preocupava com a posição de submissão da mulher na sociedade da época.
Seus romances (ela publicou 20 e mais de 500 contos) também trazem personagens masculinos e femininos homossexuais.
Se ainda hoje existe forte preconceito, imagine nos primeiros anos do século XIX. Mas a autora claramente tem posições avançadas em torno do assunto.
O clássico "Anne de Green Gables" foi escrito em 1915, mas três editoras recusaram o romance e só três anos depois Lucy conseguiu torná-lo conhecido do público.
Foi um sucesso estrondoso. A tal ponto que a ilha do Canadá retratada no livro virou atração turística no país.
Até porque naquele tempo a televisão ainda engatinhava (no Brasil só chegou em 1950) e ninguém ao menos sonhava com Netflix, Prime, Max ou qualquer outro streaming.
A personagem Anne Shirley, presente em 9 dos 20 romances da autora canadense, é uma órfã tagarela, inteligente, que ao ser adotada por dois irmãos de idade avançada muda a vida deles e dos demais habitantes do belo lugarejo.
Tanto o romance quanto a série (uma adaptação excelente) trazem personagens cativantes, a começar pela própria Anne (com E, como ela faz questão de frisar).
Os irmãos Matthew e Marilla também nos conquistam. O primeiro é tímido, calado, generoso. Ela é seca, prática; incapaz, muitas vezes, de demonstrar a bondade que existe em seu coração.
Diana, a melhor amiga de Anne, é bonita, simpática e cultiva sentimentos burgueses repassados pelos pais.
Ainda tem Raquel, a fofoqueira da ilha. Apesar de se intrometer na vida dos outros, não é má e isso fica evidente quando se precisa dela na hora de luta por boas causas.
O universo de Prince Edward Island, a ilha canadense, mesmo no país distante, dois séculos atrás, tem muito do que vemos hoje nas cidades pequenas de qualquer país.
Talvez seja esse o segredo do sucesso. Do livro e da série. É ficção sim, mas espelha a realidade de uma maneira bastante divertida.
A escritora perdeu a mãe muito cedo. Foi criada pelos avós, já idosos.
Provavelmente Marilla e Matthew tem um pouco ou muito dos avós da escritora.
Anne, assim, poderia ser um pouco Lucy Maud ou o que ela gostaria de ter sido. Uma garota extrovertida, falante, inteligente, corajosa, capaz de fazer a diferença.
Vale a pena ler o livro (ou os livros) e ver ou rever essa série, uma das melhores disponíveis na Netflix, streaming que oferece muitas produções sobre crimes, mas que, no caso de "Anne com E" no oferta um programa leve, delicioso, saudável.
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