Acredito que as duas maiores lideranças políticas de Pernambuco até hoje foram Miguel Arraes e Marco Maciel.
Os dois tiveram projeção nacional. O primeiro no campo da esquerda e o segundo ligado à direita.
Sobre Arraes já se escreveu muita coisa, um deles, que tem o título com o nome do ex-governador, é de autoria da jornalista Tereza Rozowykwiat, que trabalhou muito tempo no Diario de Pernambuco, quando este era o mais prestigiado veículo de comunicação do Estado.
Coube ao jornalista Magno Martins escrever sobre Marco Maciel. No seu livro relatando toda trajetória política do ex-vice-presidente da República, o arguto repórter revela fatos inéditos da vida do líder liberal.
Maciel foi deputado, governador de Pernambuco, senador por três mandatos, ministro da Educação e da Casa Civil, no governo Sarney e vice de Fernando Henrique Cardoso durante oito anos.
Integrava uma direita civilizada, muito diferente desta de hoje, à frente o clã dos Bolsonaro. Adversário de Arraes, quando assumiu o Governo de Pernambuco de imediato determinou que fosse colocada a fotografia do ex-governador na galeria existente no Palácio das Princesas. O espaço estava vago, por determinação dos militares.
Marco Maciel, mesmo do campo conservador, manteve ótimas relações com Dom Hélder Câmara, o "bispo vermelho", como era chamado e com o arquiteto Oscar Niemeyer, notório comunista.
"Não podemos pensar em democracia se não tivermos uma sociedade partícipe. Não podemos ter uma sociedade de excluídos. Não seremos uma nação justa, equilibrada e solidária, enquanto o direito à vida, à educação, à saúde, ao trabalho e à cultura não for assegurado a todos os brasileiros".
O texto acima, para quem lê sem saber o autor, pode imaginar que tenha sido escrito pelo sociólogo Fernando Henrique, ou pelo presidente Lula, talvez o ex-ministro Cristovam Buarque.
Nenhum deles. As palavras são do ex-governador pernambucano e constam de um dos livros que publicou, citadas por Magno Martins em seu livro "O Estilo Marco Maciel.
Sim, Maciel também escrevia livros, além dos que reuniram discursos no Senado Federal. Por conta de sua produção e prestígio nacional, fez parte da Academia Brasileira de Letras.
Arraes venceu a maioria das eleições que disputou. A sua maior derrota foi em 1998, quando Jarbas Vasconcelos, unido ao PFL de Marco Maciel, derrotou o velho líder da esquerda por uma diferença acachapante.
Já Maciel, em 50 anos de vida pública sofreu a primeira e grande derrota em 2010, quando não conseguiu se reeleger senador. Naquele ano, embalados pelo prestígio de Eduardo Campos, os vitoriosos foram Armando Monteiro e Humberto Costa.
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