"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”, Cora
Coralina
Estamos em período de PANDEMIA, palavra que há muito tempo não
utilizávamos, e nos remete as belas aulas de Programas de Saúde, dos
professores Mário Matos, Souza Barros e Fernando Souto. Com suas eloquências,
definiam o que eram Pandemias, Endemias e Surtos. Boa época, onde esses termos
eram estudados somente para nossas famosas avaliações, nos bancos escolares.
Mas, essas ocasiões passam, a roda gira e, por incrível que pareça, a verdade
das orientações ensinadas pelas professoras Ivonita Guerra, Luzinete Laporte,
Maria José Ferreira, Almira Valença e Ana Guedes, só para citar alguns desses
maravilhosos mestres, voltam a acontecer.
Pandemias não são novidades na história da humanidade. Aconteceram
algumas avassaladoras, tais como: a peste bubônica, causada por pulgas e ratos
e que matou aproximadamente 100 milhões de pessoas; a varíola, gerada por um
vírus e atormentou a humanidade por 3 mil anos, finalmente erradicada, em 1980;
a cólera, que existe ainda em algumas regiões da África, causada por bactéria;
a gripe espanhola que, nos idos de 1918, matou 50 milhões de pessoas.
Inclusive, o presidente do Brasil, Rodrigues Alves, em 1919, morreu devido a
essa virose; e agora estamos com o coronavírus, que já existia há algum tempo,
mas não com essa letalidade, e o mais grave, na época da tecnologia e do
conhecimento da humanidade, está todo o mundo encontrando dificuldades de
enfrentar o mesmo e, por enquanto, sem vacina, o combate dar-se por meio do
isolamento social, uso de máscara e da higienização, principalmente das mãos,
com álcool em gel ou água e sabão.
Pois bem! Em época de perigo, sempre há os que não medem esforços e não
devem ser esquecidos e, nesse momento, todos aqueles que fazem parte da área de
saúde. São profissionais que deixaram suas famílias, amigos, compromissos e se
dedicaram, mesmo arriscando a vida, para lutar pelo bem-estar comum. Sua única
aparência com os heróis é que usam máscara. Não podemos esquecer desses anjos
de branco, que vibram, cantam e choram por cada um dos pacientes salvos.
Merecem as nossas honras e homenagens, pois, além de combater esse inimigo
invisível, lutam contra a falta de equipamentos e medicamentos, máquinas
adequadas e até espaço para trabalhar. Conheço pessoas das equipes de
enfrentamento à Covid-19 que não estão tendo tempo e nem coragem de ir em casa,
para salvaguardar os seus familiares.
Ainda falando de heróis, porque não lembrar dos que povoaram a nossa
vida, principalmente na primeira infância, como o Super-homem, Batman e Robin,
o Flash, o Lanterna Verde e tantos outros que, agora nesse confinamento, a TV
está trazendo para que juntos possamos vibrar com os nossos filhos, mostrando a
eles os ídolos que preenchiam o nosso imaginário, desde o grande Vigilante
Rodoviário e seu aguerrido e inteligente Lobo, nas estradas do nosso País, até
os fantásticos destemidos japoneses, Jaspion e Jiraiya.
Também quero falar da gratidão a heróis muitas vezes esquecidos pela
nossa sociedade. Os que precisaram se reinventar para poder dar continuidade ao
seu papel, de salvar o futuro, através do ensino, que são os Profissionais da
Educação e nunca foram reconhecidos, mas que são os responsáveis pela grandeza
da história da humanidade. A função de ensinar é muito anterior ao processo de
criação das primeiras instituições educadoras, que se conhece. A necessidade de
se colocar pessoas específicas para o ensinamento de certas habilidades,
aconteceu no Antigo Egito. E assim, o professor formou todas as civilizações
antigas: Egito, Roma, Pérsia, Grécia e todos os povos tiveram sua formação a
partir do papel desempenhado pelos seus educadores, não esquecendo, no Brasil,
a importância da religião que trouxe o ensino formal através de um dos seus
expoentes, o grande José de Anchieta.
Lembro com saudades dos bancos escolares e da minha primeira professora,
D. Romilda. Sendo um dos primeiros alunos da Escola Profa. Elisa Coelho, entrei
aos 7 anos de idade, como era normal naquela época. E, no meu 1º Ano, além de
todas as lições de formação que aprendi, ainda saí lendo, escrevendo,
conhecendo a tabuada e com o meu caderno de caligrafia todo feito. Em apenas um
ano de estudos, éramos alfabetizados, pois a vida já nos ensinava, desde pequenos,
a contar as nossas bolas de gude, o tamanho da ponteira do pião, conhecer sobre
força, através das brincadeiras de barra bandeira e do cinturão, quando
aprontávamos. Essas heroínas colocavam nossos conhecimentos no lugar e, através
dos mesmos, um novo mundo se abria, aos nossos olhos.
Com essa pandemia, os educadores atuais, assim como nas incríveis
aventuras de Jaspion, tiveram que passar, em poucos dias, por uma grande
“digitransformação”, deixando suas salas de aulas para, através da internet, passarem
a dar “aulas remotas”. Como para herói nada é impossível, então, esses
profissionais do século vinte e um, para derrotar o seu inimigo, a COVID-19,
aprenderam a fazer do computador, seu aliado e criaram momentos especiais para
motivar esse novo processo de aprendizagem, pois a educação não podia parar. De
repente, saíram dos seus espaços e foram à frente das redes sociais, das
plataformas de ensino, do instagram, do whatsapp, entre outras mídias, dizendo
acima de tudo, que o ensino continua. E nenhum vírus, por mais forte e malvado
que seja, vencerá. Em uma nova era colocaram máscaras, capas e todos os poderes
necessários para um super-herói e mostraram aos quatro cantos do mundo que nada
deterá os professores, nem derrotará a educação.
*Dedico esse texto com carinho e saudades ao casal de Biólogos e
Professores, Mário Honorato e Maria de Fátima, amigos de turma, que se foram
antes do combinado. E agora no andar de cima cuidam da gente.
*Professor Albérico Fernandes é diretor da Universidade da Criança, UNIC.
*Ilustração: Delbo Store
Nenhum comentário:
Postar um comentário