Dias atrás um comunicador de uma das rádios de Garanhuns realizou uma
enquete para avaliação do Governo Federal. Conscientemente ou inconscientemente
ele direcionava a pesquisa com os ouvintes para que desse favorável à gestão
atual.
O locutor argumentava que o mais importante é torcer pelo Brasil,
esperar que as coisas deem certo pelo bem de todos.
Ora, torcer a gente torce por time de futebol, Sport, Náutico, Santa
Cruz, Santos, Flamengo ou a seleção brasileira, principalmente em tempos de
Copa do Mundo.
A gente também torce para que um filho (a) se dê bem na vida, pelos
irmãos ou amigos, as pessoas que se quer bem.
Governo, seja municipal, estadual ou federal, se escolhe com base em
programas, histórico dos candidatos e depois de eleitos se deve acompanhar,
cobrar, para que o sujeito escolhido nas urnas não pratique estelionato
eleitoral.
Vamos aos fatos: torcer pelo atual governo da União é ser favorável a
uma pauta que discrimina mulheres, negros, homossexuais e pobres em geral.
É aprovar fake News ou mentiras sem conta, acreditar que armas são a
solução e dar carta brancas a milícias.
Torcer por esse governo é apoiar um Ministro da Justiça que não é nada
justo e não sabe nada de português. Pior, o ministro da educação é mais
ignorante do que o primeiro.
Será que torcer pelo Brasil é acreditar em Damares, que tal qual a
personagem da antiga Escolinha do Professor Raimundo, só pensa naquilo?
Devemos torcer por um país melhor, sem tanta corrupção, com menos
desigualdade, alicerçado nos princípios do bem e não do mal, do amor e não do
ódio.
Se os dirigentes do Brasil estão no caminho certo, conduzindo a nação
para melhores tempos, com empregos, melhores salários, investimento em saúde,
educação e cultura, devemos sim torcer por eles.
Mas se os governantes nos levam a retrocessos, oferecem mais circo do
que pão, mentem, cerceiam a liberdade e envergonham o país perante o mundo, devemos
refletir e torcer por mudanças, novos tempos, homens que sejam honestos de
verdade e não apenas no discurso.
Política não é como um jogo de futebol. No estádio, o que vale são as
habilidades, a intuição, o esforço físico e a emoção dos torcedores que empurram
os seus ídolos para fazer mais e mais.
Nas Câmara Municipais, nas Assembleias Estaduais, no Congresso nacional
e nos Palácios de Governo o mais importante é a razão, o compromisso com o
povo, uma prática verdadeira pelo bem comum.
Infelizmente, os políticos costumam colocar os interesses e projetos
pessoais em primeiro lugar.
Cabe ao eleitor mudar isso não elegendo aventureiros, oportunistas e
corruptos.
Muitas vezes na história o povo fez escolhas más, levado por dificuldades momentâneas e
promessas mirabolantes.
Nunca é demais lembrar que Adolf Hitler, o maior genocida de todos os
tempos, chegou ao poder na Alemanha com apoio popular, inclusive de religiosos.
A ascensão de Hitler só foi possível, também, porque os ingleses e
franceses fecharam os olhos às barbaridades cometidas na Alemanha, convencidos
de que o führer seria um mal menor do que o comunismo.
Nas eleições passadas, no Brasil, o capitão foi visto como a alternativa
ao PT, demonizado durante décadas, juntamente com seu maior líder.
Desde 2016 que o país só piora. Gasolina que custava menos de três reais
está por quase cinco, botijão de gás de 32 agora é setenta, o desemprego é
crescente e quem está empregado não tem mais direitos. Até o salário mínimo está
sendo aviltado, a saúde agoniza e a educação e cultura estão virando artigos de
luxo.
Pensar se tornou perigoso e os livros perdem a importância porque estão
cheios de palavras.
Se quiserem torcer por isso aí torçam. Cada um tem direito a suas
escolhas. Agora, um dia vão cair na real e quando o rumo mudar e o Brasil se
reencontrar com sua história muitos terão sofrido os efeitos de uma política
perversa, excludente, discriminatória que não leva em conta a felicidade nem a elevação
da qualidade de vida.
Muitos tinham medo que o Brasil se tornasse uma Venezuela. Hoje, está
mais para Afeganistão e é uma verdadeira desgraça torcer por isso.
*Foto: UOL
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