"Bacurau",
o filme dirigido pelos pernambucanos Kleber Mendonça e Juliano Dornelles tem
recebido elogios do público e da crítica, não só no Brasil, mas também em
diversos países da Europa e nos Estados Unidos. O longa também já abocanhou
prêmios importantes em festivais, como aconteceu em Cannes, na França.
Tudo
merecido, Bacurau é um filmaço, entra para a relação dos melhores filmes
brasileiros de todos os tempos, como O Pagador de Promessas, Cidade de Deus, Central do Brasil, O Quatrilho, Pra Frente Brasil, Que é Isso
Companheiro, Dois Filhos de Francisco, Tropa de Elite, Toda Nudez Será
Castigada, Carandiru, Memórias do Cárcere e outras produções que marcaram época.
A crítica
é unânime nos elogios e alguns analistas de cinema ao comentarem o filme fazem
tantas elucubrações que mais complicam do que explicam.
Na verdade
"Bacurau" não é intelectualizado em excesso e mesmo quem não entender direito a proposta dos diretores pode gostar do que vê na tela.
Se Kleber
Mendonça antes tinha focado problemas urbanos, filmando O Som ao Redor no
bairro do Espinheiro e Aquarius em Boa Viagem, no Recife, neste novo trabalho leva suas câmeras para os grotões, filmando num povoado do Rio Grande do Norte,
que no filme vira um lugarejo no Oeste de Pernambuco.
O filme mistura
diversos gêneros, com momentos de ação, aventura, suspense, drama, terror e uma nítida influência dos clássicos do faroeste.
Começa
meio lento, deixando o cinéfilo em dúvida onde os diretores do longa querem
chegar, cresce depois da metade e nos minutos finais se torna eletrizante.
A ação de Bacurau não
tem nada a ver com a pancadaria de produções americanas ou de outros países.
Nada
pensado por Kleber e Juliano é gratuito. Nem a violência que explode do meio
para o fim.
Os “estrangeiros”
que invadem o povoado se julgam superiores, subestimam o povo
simples do lugar e pagam um preço alto por isso.
União dos moradores
– da médica, dos comerciantes, dos pistoleiros, das prostitutas... –
possibilita quase que uma revolução, uma vitória contra a ameaça e o mal.
Além do
bom roteiro e da direção competente, "Bacurau" tem bom elenco, com destaque para
a veterana Sônia Braga, em seu segundo trabalho com Kleber Mendonça.
Outro
ponto que chama a atenção é a trilha sonora, desde a abertura, com Gal Costa
cantando Não Identificado e Geraldo
Vandré ressuscitando em mais de um
momento do filme com a música Réquiem para Matraga, uma canção antiga que
cai como uma luva no longa contemporâneo.
Enfim, com
Bacurau Kleber Mendonça e Juliano Dornelles marcaram um golaço. Mesmo não
admitindo que o filme têm uma mensagem, deram um recado preciso nesses tempos
de ataque à cultura e às liberdades democráticas.
No dia em
que o povo brasileiro despertar e se unir, com fez a população de Bacurau, os
fascistas, os invasores, os entreguistas, os
safados, os enganadores, os preconceituosos os que se julgam superiores,
com direito até de matar, serão derrotados e daí poderá começar um novo tempo,
trazendo de volta a esperança.
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