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PREFEITURA DE GARANHUNS

GARANHUNS: SOCIEDADE DOS POETAS VIVOS JOÃO CABRAL DE MELO NETO - 20 ANOS DE UM CORAL DE VOZES POÉTICAS


Por André Luiz Castro

Na próxima década. Isso mesmo, na próxima década! Foi desse mesmo jeito que há vinte anos atrás surgiu em Garanhuns, precisamente nos corredores da Escola Dom João da Mata Amaral, no Bairro da Boa Vista, em 11 de outubro de 1999, mês e ano da morte do poeta João Cabral de Melo Neto, um grupo de jovens sedentos por literatura, em especial, poesia, que tendo acabado de assistir um filme mágico, e por ser mágico, também trágico, a saber, Sociedade dos Poetas Mortos, que esses jovens, à guisa de um conclave, criaram a Sociedade dos Poetas Vivos: João Cabral de Melo Neto, tendo como uma única  ata, a ata de sua fundação.

Há que se reconhecer, ao que me parece, existir desde a sua criação/fundação, um candelabro de três luzes a servir de guia e como um bom guia, iluminando e conduzindo pelos caminhos desconhecidos, que de igual sabor experimentou Dante ao encontrar com a alma do poeta Virgílio, no Canto I do Inferno, estrofes 91 a 94: “A ti convém seguir outra viagem, /Tornou-me ele ao me ver lacrimejando, /Para escapar deste lugar selvagem, /Que esta fera, da qual estás clamando, /Em seu caminho barra os viandantes, /Tanto os impede que acaba os matando”.

Ora, se falei em três luzes, me parece serem: 1ª: O gosto pela poesia, que se pressupõe a descoberta de que a arte, e nesse caso a poesia, é a necessária compreensão da alma humana; 2ª: troca de experiência poética em reuniões semanais necessitando para isso, da criação de uma Sociedade de Poetas Vivos, onde, como regra ainda que não escrita, o acolhimento de todos, fossem poetas e/ou amantes das artes; 3ª: tendo patrono, o nome do poeta João Cabral de Melo Neto, não como uma referência estética mas, pela dura coincidência de sua morte ter sido no mesmo tempo da criação do grupo já anunciado em linhas acima;

A partir daí, a Sociedade dos Poetas Vivos João Cabral de Melo Neto foi ganhando musculatura, se metamorfoseando. Suas reuniões semanais aconteciam sempre aos domingos pela manhã, e uma quantidade de poemas e textos em sua maioria autorais, eram compartilhados pelos seus autores; todos iniciando nesta arte de criar o texto poético fossem professores, alunos e tantos outros que se integraram ao grupo, pois o acolhimento se dava por uma afinidade, o gosto pela literatura, fosse autor, declamador ou simplesmente admirador do fazer artístico.

Não existia uma unidade textual, nem uma orientação bibliográfica, daí ser explicado que as descobertas de autores se sucediam pela própria descoberta, e compartilhada suas leituras por todos. Cada um, aos poucos, íam se identificando com determinados autores e textos literários, talvez isso explique o coral de vozes poéticas que se declinava sobre o grupo. Tínhamos alguns autores como maior influência, a saber, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Augusto dos Anjos, Fernando Pessoa, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Machado de Assis, Cecília Meireles, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Gilvan Melos, Raimundo Carrero e para uns, alguns compositores da MPB, a exemplo de Chico Buarque, Belchior.

A convivência do grupo ultrapassou os corredores da Escola Dom João da Mata Amaral e desaguou em recitais que aconteceram no SESC, praças e alguns bares da cidade, além disso, uma pequena antologia foi feita e publicada pelo Governo do Estado de Pernambuco, de uma também pequena produção poética do grupo válida, mais como um registro histórico do que um painel em unidade de texto poético de cada autor, pois a maioria estava na casa de 17, 18 anos de idade, isso há 20 anos atrás.

Hoje, 20 anos já passados, celebramos a Sociedade dos Poetas Vivos João Cabral de Melo Neto, não só pela sua página na história da literatura em Garanhuns mas, pela permanência de uns no fazer literário de forma contínua e densa, e tantos outros que vivenciaram essa experiência também foram consumidos pelo fogo do canavial de que nos fala o poeta João Cabral: “(...) Eis o fogo em todos seus vícios/ eis a ópera, o ódio, o energúmeno/a voz rouca de fera em cio”.  Foi precisamente as chamas desse fogo - a poesia – que nos guiou ao lado do seu articulador maior, professor Eliel Duarte, e juntos, a Sociedade dos Poetas Vivos João Cabral de Melo Neto, no dizer neste mesmo poeta, “(...) se vertebrou numa metáfora”.

*Na foto do blog de Anchieta Gueiros,  Adelmo Camilo com esposa e filha. Ele foi um dos jovens fundadores da Sociedade dos Poetas, 20 anos atrás.

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