Na escola se estuda
literatura brasileira desde o ensino fundamental e há autores que sempre são
citados.
José de Alencar (Senhora,
Iracema, O Guarani, Diva e muitos outros romances), Raul Pompéia e sua obra
prima, “O Ateneu”, Joaquim Manuel de Macedo (A Moreninha), Manoel Antônio de
Almeida (Memórias de um Sargento de Milícias), Graciliano Ramos (Vidas Secas),
Lima Barreto (Recordações do Escrivão Isaias Caminha, Clara dos Anjos, Triste
Fim de Policarpo Quaresma) e o maior de todos, Machado de Assis, autor de Dom
Casmurro, Quincas Borba e Memórias Póstumas de Brás Cuba, além de muitas outras
obras como o conto “O Alienista”, um dos melhores textos da literatura mundial.
E tem outros autores que
estudamos no passado e se dá atenção a eles nos tempos atuais, principalmente a
partir do segundo grau: Érico Veríssimo (O Tempo de o Vento, Incidente em
Antares, O Senhor Embaixador), Jorge Amado (Gabriela, Cravo e Canela; Tereza
Batista, Tieta do Agreste, Capitães de Areia, Tenda dos Milagres), José Lins do Rego (Senhor
de Engenho, Fogo Morto, Riacho Doce, Pureza), João Ubaldo Ribeiro (Viva o Povo
Brasileiro), Guimarães Rosa (Grandes Sertões: Veredas), Monteiro Lobato (Sítio
do Pica Pau Amarelo e muitas outras obras, principalmente de literatura
infantil), Raquel de Queiroz (O Quinze, Dora Doralina), Clarice Lispector (Água
Viva, A Hora da Estrela, A Maçã no Escuro), Rubem Fonseca (Agosto, Feliz Ano
Novo, A Grande Arte), Euclides da Cunha (Os Sertões), Luís Fernando Veríssimo
(Os Espiões, O Jardim do Diabo, O Analista de Bagé), Chico Buarque (Gota
d´Água), Leite Derramado, Fazenda Modelo, Budapeste) e Martha Medeiros (Feliz
Por Nada), como Luís Fernando Veríssimo mais conhecida como cronista.
Há ótimos escritores, porém,
pouco conhecidos e que nem entram nos estudos da escola, nem são citados nos
exames vestibulares ou Enem.
Pelo menos no meu tempo de
primeiro e segundo grau, nenhum professor nunca citou em sala de aula Cyro dos Anjos, escritor
talentoso, autor de dois grandes livros que tive oportunidade de ler, quando
era estudante de jornalismo: Abdias e O Amanuense Belmiro.
E o que dizer de Antônio
Olavo Pereira, a quem só vim a conhecer há pouco tempo, já com mais de 60 anos
de idade?
Antônio Pereira é do interior
paulista, publicou alguns romances e pelo menos um deles é uma obra prima: “Marcoré”,
romance lançado em 1957 e que venceu naquele ano o prêmio da Academia Brasileira
de Letras de Melhor Livro.
“Marcoré” é um romance com um
lado intimista, uma linguagem deliciosa e que se aprofunda na análise
psicológica do ser humano, a partir dos personagens.
Romance não era reeditado no
Brasil há 20 anos, tendo “renascido” em 2019 graças à Editora Arqueiro, que
pertence aos descendentes dos que no passado foram responsáveis pela Editora
José Olympio.
Marcoré, no ano do seu
lançamento, foi saudado por grandes nomes da crítica e da literatura, como
Alfredo Bosi, Gilberto Freyre, Raquel de Queiroz, José Lins do Rego, Antônio
Cândido e Eduardo Portela.
Se Manuel Antônio de Almeida
e Joaquim Manuel de Macedo ainda hoje são estudados nos colégios por conta
principalmente de “Memória de Sargento de Milícias” e “A Moreninha”, Antônio
Olavo Pereira deve também ser incluído nos cursos de literatura, especialmente
pelo excelente “Marcoré”, que traz influências de Machado, não resta dúvida,
porém é mais leve, mais próximo no tempo e menos introspectivo do que os romances
do “Bruxo do Cosme Velho”, como era chamado o autor de Dom Casmurro.
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