Por Michel Zaidan Filho
Felizes eram os tempos em que
as trapalhadas dos” sobrinhos do capitão” eram só brincadeiras, não mais do que
isso.
Já as dos filhos do capitão
são mais complicadas, porque envolvem os negócios da República. Um presidente
fraco, com filhos voluntariosos que querem interferir em tudo: fechar o
judiciário, mandar na base do governo, influir na ação administrativa do
Executivo e ainda alimentar uma relação perigosa com o submundo do crime
organizado.
Isto tudo constitui um grave
risco não só para a estabilidade do próprio governo, para sobretudo para o
País. Não é aceitável nem benéfica a existência de uma administração pararela
no centro do governo da República. Mais ainda quando ela não está submetida a
nenhuma regra ou controle nem foi escolhida para isso.
Se achávamos que se
constituía um sério risco a influência dos militares e evangélicos (para não
falar nos interesses do mercado) no núcleo duro das esferas de poder, imagina
um poder patrimonialista, familiar, sem responder a ninguém, agindo por conta
própria e ameaçando terceiros.
Quando se diz que a cor desse
agrupamento político não é fascista ou para fascista, é no sentido de que ela é
algo mais atrasado, mais rudimentar, em matéria de ideologia política. Poderia
estar mais perto da Máfia, talvez. Ou seja, uma organização criminosa com
ramificações no clã dos Bolsonaro.
É disso que se trata. O resto
é problemático, sobretudo o ataque sistemático às conquistas inscritas na
Constituição de 1988, em relação à Seguridade Social, a dignidade da pessoa
humana, a proteção dos direitos das minorias. No entanto, o que parece mais
grave não é a face declarada desse imenso retrocesso político, a serviço dos
interesses mercantis, é a face oculta, patológica, criminosa que se esconde por
trás dessa programa ultraliberal que se quer implantar no Brasil.
Resta saber se esse poder
paralelo (e familiar) ajuda ou complica as relações com os militares, os
partidos, os líderes das duas casas no Congresso, o Poder Judiciário e a
sociedade brasileira (incluindo os próprios eleitores de Bolsonaro). Ele pode
corroer rapidamente o capital político amealhado, com a ajuda das igrejas, e
atrapalhar os planos de governo. Há muita gente incomodada com a desenvoltura
dos “filhos do capitão” no coração da República.
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