Do Blog do Rovai:
Ciro
Gomes teve 13% dos votos numa eleição em que não sobrou mais nada além dele,
PT/Lula/Haddad e Bolsonaro.
Todas
as outras candidaturas e partidos foram dizimadas. Mas quem mais perdeu foi
Marina, que acabou com 1% dos votos.
Marina,
em agosto de 2014, era tida por muitos como virtualmente eleita. Pessoas do seu
núcleo dirigente já discutiam inclusive estratégias de governabilidade. Marina
convidaria quadros do PT e do PSDB, com quem mantinha boas relações para o seu
governo, com o objetivo de sair do PSB e tornar a Rede um partido dos
“melhores” das outras legendas.
Como
se sabe, Marina acabou ficando em terceiro lugar, deixou que Aécio lhe beijasse
a mão e o apoiou de corpo, alma e cabelos soltos no 2º turno, selando ali o seu
destino rumo ao 1% de 2018.
Ciro
Gomes teve a chance de ser eleito presidente em 2018. Haddad, autorizado por
Lula, o convidou para ser o vice do ex-presidente. Com isso ele seria
virtualmente o candidato de todo o campo progressista caso houvesse a cassação
da candidatura Lula. Ciro não topou. Considerava que podia ser o Macron
brasileiro. O candidato do centro. Aquele que seria eleito pra afastar o risco
dos extremos Lula/PT e Bolsonaro.
Foi
atrás do centrão e por isso não convidou nem o PSB e nem o PCdoB para ocupar a
vaga de vice. E tomou um olé de Alckmin e de Rodrigo Maia, que fazia de conta
que articulava por ele.
Mesmo
assim fez uma campanha bonita e chegou longe. Não se deve subestimar os votos
de Ciro no contexto em que eles foram obtidos. Foi uma campanha heroica.
Mas
ao invés de transformar aquele resultado numa vitoria, Ciro pegou o primeiro
voo para Paris e passou o segundo turno sem se posicionar de forma clara. Pior,
voltou na véspera da eleição, num momento em que Haddad recebia apoios
inclusive da centro direita, e não declarou voto direto a ele.
Bolsonaro
vitorioso, Ciro deu mais declarações no sentido de que o Brasil não corre
riscos com um descerebrado desses na presidência, do que qualquer outra coisa.
E agora, esconde-se quando o prefeito de Niteroi, do seu partido politico, é
preso de maneira absolutamente arbitrária.
Na
politica, gestos como este costumam cobrar alto preço. Ciro Gomes, que é um dos
quadros políticos mais preparados do país, perdeu completamente o rumo. Isso é
muito ruim.
Não
é da noite para o dia que se constroem lideranças como Marina e Ciro. E isso
pode fazer muita falta para a reconstituição de um campo político progressista
capaz de governar o Brasil. Tomara que seja apenas uma má fase. E que a virada
de ano e a crise institucional, que virá com a posse e as medidas que Bolsonaro
tentará aprovar já no primeiro semestre de 2019, tragam o velho Ciro de volta a
arena política.
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