Por
Altamir Pinheiro
Segundo os
mais antigos, a origem do nome jardineira (ônibus quadrado) se dá por conta de
parecer com aqueles vasos compridos que ficavam nas sacadas ou nos
alpendres das casas grandes abarrotados de lindas flores. Na década de 30 era
costumeiro se desfilar nas principais avenidas das cidades naqueles ônibus com
as laterais abertas transportando mulheres que usavam grandes chapéus
floridos. Por este formato de carroceria, toda aberta na lateral, e pelas
flores dos chapéus, por onde passavam, os transeuntes falavam que os ônibus
pareciam jardineiras, e o nome pegou. Era uma forma carinhosa de expressar
admiração e elogios às elegantes e belas moçoilas da sociedade
local daquela época.
Mas por
que chamavam de Jardineira e não de micro-ônibus?!?!?! Apesar de se remeter a
algo coletivo ou um automóvel “PARA TODOS”, pois eram confeccionadas com
carrocerias rústicas, feitas de madeira, normalmente com as laterais abertas,
implantadas sobre chassis de caminhão para transporte de passageiros. Hoje em
dia, é um carro quase extinto no Brasil para transporte de passageiros, e
alguns veículos tornaram-se peças de museu. Algumas tinham, no lado externo do
teto, um gradil retangular onde eram acomodadas as bagagens (como as
diligências dos antigos filmes de bang bang). Nos filmes americanos se vê muito
a jardineira que é um modelo bem conhecido por ser o típico autocarro
escolar amarelo utilizado pelos alunos denominado de SCHOOL BUS ou YELLOW
BUS.
Aqui em
Garanhuns há um colecionador de carros antigos, empresário Hélder
Carvalho, que é possuidor de uma desengonçada jardineira amarela, donde se
aprecia uma verdadeira obra de arte. A viatura é um tipo de carro
montado sobre chassi de caminhão, com estrutura toda em madeira de lei.
Trabalho de artesão, muito detalhado por ser um típico ônibus estilo
Jardineira fabricado em 1927, da marca Chevrolet, equipado com quatro pneus de
charrete sendo diagonal e de câmaras de ar com várias
características que retratam muito bem o rico interior de São Paulo, onde
foi fabricada há 9 décadas.
O
empresário sempre participa de encontros, exposições e eventos voltados para o
antigomobilismo, inclusive, sua empresa patrocina todos os anos, aqui, no
Euclides Dourado (Parque dos Eucaliptos), quando o colecionador aproveita para
trocar dicas de restauração e conservação dos veículos com os companheiros.
Este ano, para celebrar e abrilhantar a MAGIA DO NATAL 2018, Hélder
Carvalho, desfila pelas ruas de Garanhuns com a sua linda e nostálgica
Jardineira amarela, ENTUPIDA DE GENTE e resgatando a sensação de viajar para o
interior em um passeio percorrendo pontos turísticos da
cidade em um verdadeiro trajeto de City Tour.
Fazendo-se
uma correlação com um tempo que não volta mais, no cancioneiro brasileiro há
uma marchinha carnavalesca tanto clássica quanto inesquecível
intitulada A JARDINEIRA de autoria de Benedito Lacerda interpretada na
pomposa voz de Orlando Silva (o cantor das multidões), que diz o
seguinte: Oh! Jardineira porque estás tão triste? / Mas o que foi que te aconteceu?
/ Foi a camélia que caiu do galho / Deu dois suspiros e depois
morreu / Vem jardineira! Vem meu amor! / Não fiques triste que este mundo
é todo teu / Tu és muito mais bonita / Que a camélia que morreu!!!
Ouça esta
linda página musical nas vozes de Orlando Silva & Dalva de Oliveira:
A nostálgica jardineira amarela de Hélder jamais deve ser chamada ou tratada como um carro velho, mas veículo antigo...
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