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FILME EXTRAORDINÁRIO EM TODOS OS SENTIDOS


“Extraordinário” é um filme que faz jus ao título, um trabalho sensível, humano, com doses do melhor de adultos e adolescentes, sem deixar de mostrar também o lado ruim de muitos, de qualquer idade.

Falar ou escrever que o longa trata simplesmente de bullying, como fizeram alguns críticos, é ser superficial demais e deixar de enxergar todas as lições desta fabulosa produção americana.

Stephen Chbosky escreveu o roteiro e dirigiu o filme.

Ele não tem um grande currículo na indústria cinematográfica. Foi o roteirista de “Rent” (2005), de “A Bela e a Fera” (2017), além de ter escrito o livro “As Vantagens de Ser Invisível”, que virou um bom filme com o mesmo título, tendo roteiro e direção do próprio escritor.

Chboski, no entanto, superou qualquer trabalho anterior com “Extraordinário”, uma adaptação do livro da escritora americana R.J. Palacio (Raquel Palacio).

Não é um filme qualquer. É desses que merece ser levado à sala de aula, discutido por professores, psicólogos, estudantes de artes e todos com interesse em se aprofundar na alma das pessoas e se “humanizar”.

Tudo funciona bem no filme e chega dói quando críticos ficam procurando algum defeito, coisas pequenas para não se entregar a essa obra de arte, na tentativa vaidosa de mostrar que entendem tudo de cinema.

“Extraordinário” é tão bom quanto os memoráveis “Sociedade dos Poetas Mortos”,  “Perfume de Mulher”, “O Sorriso de Mona Lisa”,  ou “O Homem sem Face”, que viraram clássicos.

Até melhor do que pelo menos dois dos citados.

Afinal por que tanto elogio? Qual a razão de publicar um texto sobre este filme do final de 2017, exibido no Brasil no início deste ano e que já passou também em alguns canais da TV por assinatura?

É que “Extraordinário” trata de bullying, mas,  como já damos a entender no início da resenha,  aprofunda outras questões.

Fala de amor, de estereótipos, de compreensão e intolerância (entre adolescentes e adultos), lembra de maneira soberba que a vida é curta e não pode ser desperdiçada por coisas superficiais, vaidade ou egoísmo.

Livro e filme contam a história de Auggie Pullman, um garoto que por problemas genéticos nasceu com uma deformidade facial.

Passou por 27 cirurgias plásticas, porém não melhorou tanto o aspecto físico. Tem um rosto de menino de filme de terror.

Quando começa a frequentar a escola, aos 10 anos, depois de ser educado pela mãe, em casa, é considerado pelos coleguinhas como uma “aberração”.

Auggie sofre e junto com ele o pai, a mãe, a irmã,  todos nós que acompanhamos o seu drama.

Nem todos, felizmente, são perversos, insensíveis. O diretor da escola e alguns professores dão força ao menino.

Inteligente, ele se destaca entre os riquinhos de cara bonitinha do colégio.

Faz um amigo. Perde. Aparece uma amiga. O outro percebe a “mancada” que deu e faz as pazes com o aluno “diferente”.

Muitos sentimentos, muitas questões são jogadas no longa. O drama não é centrado somente em Auggie.

Há também o sofrimento de Olívia (irmã), Miranda (colega de Via), de outros estudantes jovens que só aparentam “estar tudo bem”.

A mãe Isabel é quem mais se entrega, quem mais se preocupa e luta para integrar o filho na escola – no mundo – e fazer dele uma criança normal.

Filme de muitos detalhes, muita beleza, diálogos de fazer revirar cabeça e coração. Fazer chorar.

“Extraordinário”, no entanto, não é piegas, em nenhum momento nos faz ter pena do garoto e sim torcer por ele, admirá-lo e gostar dele, como o fazem depois vários colegas, professores e alunos.

Stephen Chbosky, diretor desse extraordinário trabalho (trocadilho proposital) ganhou com seu filme o Prêmio Humanitário Jean Hersholt, dos mais importantes da indústria cinematográfica, entregue durante a cerimônia do Oscar.

Merecido. “Prêmio Humanitário” diz tudo. “Extraordinário” lembra o humanismo de Chaplin, dos homens e mulheres que fizeram algo por um mundo melhor, menos sombrio, em que a beleza (mesmo a que não está visível) importe mais do que a feiura aparente, em que o bem se faça mais forte que o mal.

Julia Roberts (a mãe), ainda bonita,  aos 51 anos, puxa um elenco de primeira que inclui Jacob Tremblay (o garoto), Owen Wilson (o pai),  Daniele Russel (Miranda), Mandy Patinkin (diretor da escola),  Dave Diggs (um dos professores), Izabela Vidovic (a irmã de Auggie) e a brasileira Sônia Braga (a avô do menino, que aparece apenas uma vez e mesmo assim consegue brilhar).

O filme não está no catálogo da Netflix e se não estiver disponível no momento nos canais da TV fechada pode ser encontrado na internet, pelo Google.

Extraordinário. O filme em questão.

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