A DESCRENÇA DO POVO NOS POLÍTICOS

O Brasil tem potencial para ser um grande país, de oferecer mais ao seu povo, de merecer o respeito internacional, de superar a crise que tem deixado tantos em dificuldades e com o sono intranquilo.

Os problemas do país, porém, só podem ser superados com a conscientização e participação do povo e pela via política.

Desencantados com a classe política, no entanto, alguns imaginam que aventureiros e/ou oportunistas, ou mesmo os militares seriam a solução.

Esse equívoco já aconteceu diversas vezes na história – não apenas do Brasil – e só quando o povo “quebra a cara” percebe que se iludiu com bravatas e promessas demagógicas.

Os eleitores brasileiros estão realmente desencantados com a política em geral.

E isso tem refletido na audiência do Jornal Nacional (que muita gente não suporta mais assistir), dos sites e dos blogs voltados para a cobertura dos políticos.

Uma pesquisa fresquinha do Instituto Unissau, em Pernambuco, comprova o desencanto com a política, para não ficarmos somente no campo empírico.

Os números do Uninassau são avassaladores: Praticamente 55% dos entrevistados disseram que não admiram nenhum político e o que conseguiu passar pelo crivo popular – o ex-presidente Lula – tem apenas 8,6% da simpatia popular dos pernambucanos.

Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos, segundo e terceiro colocados na admiração dos eleitores, aparecem com modestos 5 e 3,8%.

Nesse cenário, a desilusão com o governador Paulo Câmara ganha ares de tsunami: 42,3% dos pernambucanos consideram que ele é o pior gestor da história do Estado. Campeão incontestável, uma vez que Jarbas Vasconcelos, o segundo nessa avaliação negativa, foi considerado o pior por apenas 5,3% dos entrevistados, uma diferença gritante em relação ao socialista.

Estamos num buraco, é certo. Chegamos a essa situação com a crise que começou no início do segundo governo Dilma, as coisas pioraram com o golpe parlamentar de 2016, e o desencanto só fez aumentar com a partidarização da Justiça e do Ministério Público, a omissão do Supremo Tribunal Federal, e o comportamento dúbio e muitas vezes desonesto de parte da imprensa brasileira.

Vamos sair dessa situação um dia, por certo, mas não se tem previsão de quando isso poderá acontecer.

Empresários, grande imprensa, promotores, juízes, deputados, senadores não parecem estar muito preocupados com o retrocesso e as agruras do povo, afinal essa gente da alta em geral nada em dinheiro e está se lixando para quem tem de fazer malabarismos ou milagres para botar o pão na mesa.

O povo está quieto, sem esperança, por incrível que pareça apostando suas fichas num condenado (Mandela, Gandhi e Martin Luther King também foram condenados em seus países), tendo como válvula de escape as novelas, a cachaça e a seleção, que felizmente voltou a jogar um bom futebol, fazendo o desportista esquecer o vexame de 2014 frente a Alemanha.

Mas futebol não põe comida na mesa, nem educa ou melhora a saúde.

Precisamos elevar a representação política, nos livrar desse Congresso Nacional podre que temos em Brasília, eleger um presidente legítimo que ajude a recolocar o país nos trilhos,  voltar pelo menos a sonhar,  e chutar o desencanto.

Ninguém merece um presidente com aprovação de apenas 3% dos eleitores, nem é bom para Pernambuco ter um governador tão desacreditado.

Quem sabe em 2018 o povo dá um freio de arrumação nisso que aí está e poderemos confiar um pouco mais nos que teoricamente nos representam nas esferas do poder.

*Foto: Cássio Oliveira, reproduzida do Blog do Jamildo.