Ígor Cardoso, jovem advogado garanhuense, funcionário
do Ministério Público de Pernambuco e um dos fundadores do Instituto Histórico
e Geográfico de Garanhuns escreveu e publicou um dos mais interessantes e importantes
livros tendo como cenário a terra das sete colinas.
“Fernand Jouteux – O Maestro do Chapéu de Couro”,
conta simplesmente, ou de forma extraordinária, a história de um maestro
francês, que estudou com um mestre de música no Conservatório de Paris e devido
à inquietação de homem ligado às artes, terminou trocando a Europa pelo Brasil.
Por força do destino, como canta o poeta, terminou
comprando a Fazenda Bela Aliança, que ficava localizada próxima ao nosso centro
urbano, mas já em terras de Brejão, à época um próspero distrito de Garanhuns.
Fernand Jouteux, o personagem fabuloso do livro, viveu por
quase 20 anos em Garanhuns. Virou fazendeiro, cuidou da lavoura, mas nunca
deixou de fazer música e de compor algumas obras valiosas, inspirado pelo clima
ameno, pelas terras e pelo povo que o acolheu tão bem no Nordeste brasileiro.
Ígor Cardoso fez um senhor trabalho de pesquisa e
produziu um livro bem escrito, cheio de detalhes e com muita técnica, sem que o
volume em nenhum momento se torne maçante ou prolixo.
É um livro bom de ler, que nos leva a uma Garanhuns
de mais de 100 anos atrás, uma cidadezinha, àquela época, mas já com rasgos
culturais surpreendentes, talvez pouco comuns na região Nordeste do País.
Jouteux, o compositor e maestro, não se prendia
somente à fazenda, na zona rural do município. Convivia na cidade com os
religiosos, intelectuais, artistas, tendo tido entre seus discípulos um cantor
e seresteiro que se tornou famoso nacionalmente, de nome Augusto Calheiros.
Quem diria que um músico erudito francês viria parar
em Garanhuns e aqui fazer amizade com um alagoano que adotou a Suíça
Pernambucana como a sua terra natal? Mas foi o que aconteceu e conforme nos mostra o
escritor Igor Cardoso o mestre europeu influenciou o cantor popular e este
também teve influência na arte do compositor do Velho Continente.
“O Mestre do Chapéu de Couro” nos revela muita coisa
mais. Conta do nascimento de Fernando Jouteux no vilarejo de Chinon, na França,
informa como viveu e estudou em Paris, relata a vinda para o Brasil, as passagens por
Recife e Maceió, narra as atribulações e incompreensões sofridas pelo artista,
que termina, já nos fins da década de 30, por pegar o caminho do Sudeste.
No Rio de Janeiro, depois em Minas Gerais, vai
apresentar a sua obra mais ambiciosa, “O Sertão” – tratando na música do
mesmo tema que Euclides da Cunha abordou no seu famoso livro "Os Sertões" – até se fixar na
cidade mineira de Tiradentes.
Enfim, é um personagem singular, rico, um enigma a
desvendar ou que começou a ser revelado através do notável esforço intelectual
de Ígor Cardoso.
O escritor garanhuense presenteou a cidade,
Pernambuco e o Brasil com uma obra que deve ser conhecida nas nossas escolas de
ensino médio, nas universidades, entre os intelectuais, os artistas, os
acadêmicos e todos que têm fome de saber e/ou valorizam a produção literária
local.
Parabéns ao Ígor pelo seu grande livro. É bom saber
que Garanhuns tem um pesquisador e escritor com tanta capacidade e talento.
Para os interessados na obra disponibilizamos abaixo
os endereços eletrônicos do autor e da editora:
www.babecco.com
*Foto: ne10.uol.com
Roberto, meu prezado, estou dupla e imensamente lisonjeado, tanto pela sua atenta e dedicada leitura, perceptível em suas palavras, quanto por seu generoso comentário sobre o "Fernand Jouteux". Agradeço-lhe, de todo o coração, pela deferência! Forte abraço!!!
ResponderExcluir