Do jornalista Manoel Neto Teixeira, em artigo exclusivo para este blog:
O gosto ou apetite dos militares
brasileiros pelo poder civil (político) vem de há muito, desde os tempos do
Império, quando o general Duque de Caxias, chefe das nossas tropas que
participaram da Guerra do Paraguai e, na volta, impulsionado pelos loiros da
vitória, influenciada na dissolução do Gabinete do Imperador Pedro I e na
formação do novo colegiado, uma espécie de câmara alta que participava das
decisões políticas da época.
O Poder Executivo de Garanhuns, desde o
início de sua formatação, em 1891 até 1947, é um exemplo dessa
infiltração/combinação cívico-militar na concepção e condução do poder político
na terra das flores. É o que nos relata a professora Arlinda da Mota Valença,
com suas anotações, atentas e seletivas, sob o título “Pingos de Garanhuns”,
transformadas em livro lançado dia 10 de março de 2014, iniciativa feliz do
Instituto Histórico de Garanhuns, presidido pelo professor Cláudio Gonçalves,
sob a coordenação editorial do professor Antônio Vilela de Souza.
Dos
32 prefeitos desse período – 1891-1947 – pelo menos 14 tinham patente militar.
Certo é que a grande maioria não eleita e sim nomeada pelos donos do poder
político da época. Muitos deles tiveram passagem meteórica, ou seja, curto
espaço de tempo administrativo, conforme veremos. A professora Arlinda da Mota
Valença, sem se proclamar historiadora, nos pôs às mães esses perigosos pingos,
desde Garanhuns povoado, vila até a condição de cidade – 04 de fevereiro de
1879. Anotações valiosas para conhecimentos da história desse que foi, outrora,
um dos maiores municípios do Brasil, em condições territoriais; hoje, é um dos
menores, ante o processo de emancipação dos seus vários distritos, hoje
municípios.
Para
completar a relação desse edis, de 1947 para cá, recorri aos arquivos do
ex-prefeito Ivo Amaral (dois mandatos) e, como sempre, organizado e atento, pôs
o material em minhas mãos, com o propósito de trazer para os leitores o enfoque
na sua totalidade.
A relação dos prefeitos, nas primeiras
décadas do século passado, conforme as anotações da mestra Arlinda da Mota
Valença.
Prefeitos:
Padre Pedro Pacífico de Barros Azevedo, 1891; Major Antônio da Silva Souto,
1891; Manoel Antunes de Azevedo Jardim, 1895; Coronel Francisco Veloso da
Silveira, 1898; Professor Manoel Jardim, 1901; Coronel Francisco Veloso da
Silveira, 1904; Comendador Manoel Clemente da Costa dos Santos, 1907; Antônio
Isaac Macedo, de 1907 a
1911; Tenente-coronel Argemiro Tavares de Miranda, 1911; Coronel Júlio Eutimio
da Silva, 1912; Coronel Francisco Vieira dos Santos, 1913; Coronel Júlio
Eutimio da Silva, 1916; Toimas da Silva Maia, 1916; Coronel Júlio Eutimio da
Silva Brasileiro, 1917; Coronel Joaquim Alves Barreto Coelho, 1917; Pedro Ivo
da Silva, 1918; Coronel José de Almeida Filho, 1919; Professor Luiz de Barros
Correia Brasil, 1922; Coronel Euclides Dourado, 1924; Euclides Dourado, 1925;
Dr. Antônio Souto Filho, 1929; Francisco Simão dos Santos Figueira, 1930;
Euclides Doura, 1930; Fausto Lemos, 1930; Capitão Mário Sarmento Pereira de
Lyra, 1930; Mário de Souza Matos, 1935; Capitão Mário Lyra, 1936; Coronel João
Nunes, 1937; Dr. Celso Galvão, 1937; Lauro de Alemão Cysneiros, 1943; Dr. José
Henrique de Abreu Wanderley, 1945; Antônio Cesário Brasileiro, 1946; Maurício
Amorim, 1947.
De
acordo com os relatos alguns desses edis tiveram passagem rápida, um, dois,
três meses, daí mais de um nome nomeado para o mesmo ano administrativo,
principalmente nos períodos das revoluções – 1917 e 1930, quando as sucessões
foram com maior frequência.
O
período subsequente a 1947, conforme as anotações de Ivo Amaral, onde ele
próprio se inclui, claro, e com muita competência relacionamos também os vices
prefeitos, alguns deles tornaram-se prefeitos, inclusive o instituto da
reeleição a partir da década de 1990, Luiz da Silva Guerra, vice - prefeito, -
Abdias de Noronha Branco – 1947
A 1951; Celso Galvão, vice –
Prefeito Francisco Simão dos Santos Figueira – 1951 a 1955; Francisco Simão
dos Santos Figueira, vice Abdias de Noronha Branco – 1955 a 1959; Aloisio Souto
Pinto, Vice Álvaro Alves Rocha – 1959
a 1963; Amilcar da Mota Valença, Vice Everardo Ribeiro
Gueiros – 1963 a
1968: Luís Souto Dourado, Vice Humberto Alves de morais - 1969 a 1972; Amilcar Mota
Valença, Vice Ivo Tinô do Amaral – 1973 a 1976; Ivo Tinô do Amaral, vice José
Tinoco Machado de Albuquerque – 1977
a 1982; José Inácio Rodrigues, vice Silvino de Andrade
Duarte - 1983 a
1988; Ivo Tinô do Amaral, vice Esdras Cabral de lima – 1989 a 1992; Bartolomeu
Magno Souto Quidute, vice Almir Penaforte – 1993 a 1996; Silvino de
Andrade Duarte, vice Márcio Roberto de Barros Quirino – 1997 a 2000; Silvino de
Andrade Duarte, Vice Márcio Roberto Barros Quirino – 2001 a 2004; Luiz Carlos de
Oliveira, vice Almir de Araújo Penaforte -2005 a 2009, sendo reeleito, 2010 a
2013, tendo como sucessor Izaías Régis, que assumiu em Janeiro de 2014.
*Manoel Neto Teixeira é jornalista, escritor e advogado. É professor na Faculdade de Direito de Garanhuns e membro da Academia de Letras Jurídicas de Pernambuco.
Roberto, muitos desses aí, só tinham o título ou a patente militar, visto que eram de famílias abastadas, lembre-se que até Lampião era Capitão, naquele tempo isso era comum. Certo ou errado Dr. Manoel Neto? Fábio - Boa Vista.
ResponderExcluirNão eram militares, eram civis com patente da guarda nacional, prática comum até a revolução de 1930.
ResponderExcluirAntônio Isaac de Macedo foi sogro do meu pai, Luiz Cadete de Almeida Calado, natural de São Bento, hoje São Bento do Una. Os dados acima em relação a Antônio Isaac de Macedo estão inconsistentes. Ele renunciou ao cargo de prefeito em 1911 temendo que algum mal acontecesse aos seus muitos filhos e demais parentes, pois a política de Garanhuns sempre teve essa conotação de violência.
ResponderExcluir...
Resultado das eleições realizadas em 10 de julho de 1910:
Para Prefeito Antonio Isaac de Macedo, 692 votos, Dr. Francisco Acioli Lins, 70; e o Capitão Firmo José de Santana, 61 votos.
Para Subprefeito Joaquim Ferreira da Silva Leal, 694 votos e Francisco Bezerra Vanderlei, 69 votos e Soriano de Carvalho Furtado, 63 votos.
Para o Conselho Municipal: João Francisco da Silva, 534 votos, Luiz de França Cordeiro e Cipriano Correia de Carvalho, 477 votos cada; Antonio de Lima Penante e Inocêncio Barbosa de Farias 321 votos cada; José Francisco da Silva Filho, 320 votos; Joaquim Bahia de Melo, 259 votos, Agostinho Quirino dos Santos e Agostinho Alexandre de Barros, 215 cada, Olímpio Ferreira da Silva Leal, Joaquim Fausto de Araújo, João Correia de Assis e Antonio Henrique de Moura 213 votos cada um; Pedro Branco da Silva, Joaquim Lopes Viana, Pedro de Matos Feijó, Possidônio Vilaça e Álvaro da Silveira, 159 votos cada um; Próspero Missano, Francisco Tude de Melo, Antonio Ivo da Silva, Agostinho Jorge da Costa, Pedro Alves de Souza, Joaquim Ferreira Caldas, Antonio Rodrigues do Nascimento, Vitorino Alves Monteiro, João Florêncio de Araújo Miranda, Otávio Alves da Silva Rêgo, Tomás da Silva Maia, Hemetério Pinto da Silva Souto e Francisco Souto de Carvalho Furtado, 69 votos cada um.
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Pouco tempo depois de haver assumido o cargo de prefeito, Antonio Isaac de Macedo, renunciou o mandato, tendo se realizado nova eleição em 22 de março de 1911, que sem nenhuma oposição, por merecer a confiança e a consideração de todas as alas políticas, foi eleito o tenente-coronel Argemiro Tvares de Mirante que mais tarde também renunciaria ao cargo.