O COMPROMISSO COM GARANHUNS

Artigo de Eduardo Miranda, exclusivamente para o Blog de Roberto Almeida:

 Os nossos melhores filhos  serão sempre  os primeiros a  cair sob a lâmina das espadas “

Essa expressão , ´falling on one’s sword”  , foi usada pelo Lord Peter Carrrington , ministro do exterior britânico em 1982 . Naquele ano as ilhas Falklands foram invadidas pelos argentinos e o Lorde Carrington , um político da melhor linhagem e reputação , renunciou ao seu cargo por considerar a sua responsabilidade pessoal e política sobre a invasão.

Esse é o verdadeiro e mais elevado sentido da política. O sacrifício em favor do bem comum e a alta  responsabilidade, além da dedicação obstinada em prol da justiça e da democracia.

Há uma frase de um garanhuense  ilustre, Luís Souto Dourado , que define bem as obrigações de um homem com sua terra : ” Foi aqui que ele começou o seu aprendizado , o seu caminho, a sua meta; aqui começou a sentir os primeiros sinais, as primeiras manifestações, o seu noviciado de dedicação quase religiosa aos problemas da sua terra.

Em discurso feito em 29 de Novembro de 1983 , o nosso saudoso ex-prefeito (período 1969 a 1973), ex- secretário de estado de Interior e Justiça no governo Miguel Arraes ,  e deputado em três  legislaturas , homenageava seu pai , Euclides Dourado , prefeito de Garanhuns por três vezes.

Como consta nos anais do nosso ‘ Instituto Histórico de Garanhuns “ Euclides Dourado foi um homem dedicado a sua terra e dotado de uma dedicação incondicional e absoluta a Garanhuns.

Como prefeito doou os terrenos onde seriam construídos o colégio 15 de Novembro e o Sanatório Tavares Correia   e criou o Bairro “do Arraial ‘ , hoje Heliópolis , além da primeira    “Exposição do Café “.

Francisco Simão dos Santos Figueira , prefeito eleito de Garanhuns em 1955 pela extinta UDN , da qual foram fundadores  Abdias Branco  , Othoniel Gueiros  , Dedé Maia e Aloisio Pinto , não foi somente líder político em nossa terra mas também cafeicultor conceituado , na sua fazenda “ Bela Vista ‘ , em Brejão. Também foi irmão de dois ilustres pernambucanos , que honraram nossa terra , os médicos Antonio Figueira , fundador da Universidade de Pernambuco e Fernando Figueira , fundador do IMIP.

O Dr. Celso Galvão foi prefeito de Garanhuns por duas vezes (1937/1945 e 1951/1955) e de Caruarú também por duas vezes  (1922/1925 e 1936/1937). Um dos maiores políticos de nossa terra construiu o Palácio Celso Galvão , sede da Prefeitura , o hotel Monte Sinai , o Hospital Dom Moura e a escola Henrique Dias , entre muitas outras obras de relevo para a cidade .

Só para citar esses três políticos de Garanhuns , sem desmerecer os prefeitos subsequentes , tivemos grandes homens , dotados de ilimitado espírito público e denodada dedicação a nossa terra , que alçaram nossa cidade a um panorama do destaque no comercio , na indústria , no turismo e , principalmente , no ensino , setor que nos situa como um importante polo universitário na região e no estado.

Onde estão as novas lideranças?  Onde ecoam as palavras de fé e dedicação de Luis Souto Dourado ?  Em que caminhos trafegam os garanhuenses comprometidos , patriotas , engajados , cientes de seus compromissos e de suas obrigações ?

Atravessamos uma quadra crucial na vida política do Brasil. É inédito que hoje tenhamos dois políticos de Pernambuco , um deles nascido em Garanhuns , o senador Randolphe Rodrigues , além do ex-governador Eduardo Campos como candidatos a presidente  do Brasil.

É necessário e urgente que as forças progressistas e patriotas do nosso sofrido país resgatem nossa pátria das mãos dos vendilhões do templo  ,dos algozes do Brasil , que hoje ocupam , destrutivos e insaciáveis , o governo central de nossa terra .

A pátria periclita e clama , agônica e súplice , pelos seus filhos mais valiosos , para empunharem , com vigor e sem trégua , suas inabaláveis bandeiras da justiça , da democracia e do desenvolvimento . O Brasil exige que seus mais apetrechados filhos se dispam de seus interesses pessoais e materiais  e se dediquem ,  com fervor e inteireza ,  à defesa de seus intocáveis  e elevados valores  e ao combate sem trégua às serpentes constrictoras da liberdade.

Jamais nossa cidade poderá ser excluída desse momento político . É forçoso e urgente que se anunciem os candidatos a deputado estadual e federal legítimos e próprios de nossa terra.

Um eventual governo de Eduardo Campos , com total razão ,  jamais perdoará que tenhamos fugido à luta nessa hora grave e perdido a oportunidade única e valiosa de nos credenciarmos como partícipes  da reconstrução de um novo  Brasil.

Unamo-nos. Lembremos o padre Vieira : A desunião na navegação é naufrágio , na construção é ruína , na batalha é derrota.

A representação política qualificada e consequente  , que tanto nos faltou nos últimos anos , tem que voltar a povoar nossas sete colinas . Os garanhuenses comprometidos e cientes do momento crucial que vivemos , do alto delas divisarão com clareza os elevados  destinos da sua terra e verão , com exatidão  , um futuro melhor para seus filhos e netos , criados nos incomparáveis jardins de nossa Garanhuns , sob a serração que veste essas colinas e embebidos pelas purificantes  e cristalinas águas de suas fontes   .

*O garanhuense Eduardo Miranda é médico oncologista e escritor.

Um comentário:

  1. Excelente texto quisera eu, assim como cada garanhuense que nossos políticos tivessem este vigor e esta visão de se despirem de seus próprios interesses e visassem o interesse coletivo, e pudessem fazer com que nossa linda, fria, chuvosa, arborizada cidade tivesse o destaque que outrora houve, quando homens dedicados deram de si mesmos e de suas propriedades para o engrandecimento do município, hoje o que vemos é o interesse em manter-se no governo a todo custo visando interesse próprio, o enriquecimento, a fama, o enaltecimento de nomes ou de partidos políticos, nisso vemos nossa cidade cada vez mais ficando triste, pobre crescendo para os lados criando novos subúrbios, ou condomínios para os mais abastados de dinheiro, onde vemos tantas crianças e jovens, e tão poucas escolas, e poucos empregos, poucas oportunidades. Mas continuemos acreditando.

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