Ao ouvir o
programa domingueiro de Edinaldo Santos, Bola Rolando, ao lado de José Joaquim
e do advogado Flávio Koury, tive a impressão de ter entrado no ar, por
telefone, o personagem muito bem vivido por Paulo Gracindo, Odorico Paraguaçu,
excelentíssimo prefeito de Sucupira.
Mas não era a
reencarnação de Odorico Paraguaçu, para minha tristeza, porque aquele, sim, era
um verdadeiro doutor do riso. Na Rádio Jornal, era o presidente da FPF, a
Capitania Hereditária de Futebol de Pernambuco, o Senhor Evandro Carvalho, que
exigiu, no ar – pode acreditar – ao vivo e em cores, ser chamado de “Doutor”.
Lembrei-me de
imediato de um juiz ridículo que exigiu na Justiça, certa vez, que todos o
tratassem por “Doutor”, no edifício em que morava, do porteiro ao vizinho do
lado.
O titular da
Capitania Hereditária tentava explicar por que a Globo manda e desmanda no
nosso futebol, ditando os horários, autorizando os inícios das partidas e até
com exclusividade nas entrevistas. Sem convencer, ele apenas desnudou o lado
mercantilista desse esporte que virou um produto, como um refrigerante
qualquer. Relegam-se as paixões do torcedor entregando à Emissora do plim-plim
todos os poderes sobre uma das maiores paixões dos brasileiros, o futebol.
E isto tem tudo a ver com a realidade autoritária no meio futebolístico. Agora mesmo, o outro tal “Doutor” lá da FIFA lamentou realizar copas do mundo em países “com muita democracia”, afirmando que bom mesmo era fazer nos tempos de ditaduras.
Ele teria adorado
se a copa, aqui, tivesse acontecido em 1970, quando Médici torturava e matava
nossos jovens que lutavam pela democracia e por conquistas socais para todos os
brasileiros.
Na mesma pisada, o nosso “Doutor” assinou um manifesto em apoio a um dedo-duro da Ditadura de Primeiro de Abril de 1964, José Carlos Marin.
O problema é que,
apesar do Brasil ter conquistado a democracia, com um presidente-operário,
pau-de-arara pernambucano, sem nenhum anel fajuta no dedo (graças a Deus), Luiz
Inácio Lula da Silva, o futebol brasileiro continua na era das capitanias
hereditárias. E olhe que já elegemos, também, uma mulher, ainda por cima
ex-guerrilheira, para matar de raiva todo o pessoal que adora lamber botas de
generais.
A CBF é a Coroa.
E o Senhor Marin
é o Rei, com seus donatários espalhados em cada federação estadual de futebol,
num conjunto que se perpetua por “eleições” fajutas num meio que é uma
verdadeira mina de ouro.
Por sinal, não gosto de doutores, prefiro os desvalidos que vivem/sobrevivem no entorno do Mercado da Madalena, invisíveis para esses tais “doutores”, e que levam a vida com criatividade e inteligência naturais da alma do brasileiro comum, esquecidos pelas elites requintadas e gulosas que se deleitam em viagens rotineiras a Orlando e à Quinta Avenida, apenas para pedir a bênção ao Tio Sam a cada ano.
Aproveito para
render homenagens a dois desses desvalidos: a Buldri, um jovem de vinte e
poucos anos que morreu ano passado num dos bancos da Praça da Madalena, feito
um passarinho, e a Basquete, que luta contra a miséria na qual o colocaram
muitos dos nossos chamados “doutores”.
Parabéns a José Joaquim, que deu um show de ironia e inteligência contra essa história da obrigatoriedade de se tratar dirigente de futebol por “Doutor”, como gosta a maioria dos nossos repórteres esportivos. (Texto do ornalista Ruy Sarinho, foto de Evandro Carvalho, publicada originalmente no Blog do Diário de Pernambuco).
Tenho um velho amigo que costuma dizer que existe doutor de merda e merda de doutor. - Esse Evandro aí é as duas merdas juntas. - O cúmulo da boçalidade, da prepotência e da burrice é o sujeito dizer que é doutor. E pior é dizer que quer ser chamado de doutor. - Esse é um quadrúpede dos piores. - O futebol é uma máfia. - Os chefes da máfia, aqui no Brasil são: João Havelange, Ricardo Teixeira, José Maria Marin. Esse José Maria Marin foi o último governador biônico de São Paulo. Substituiu o outro ladrão e integrante da gangue dos milicos dos anos de chumbo Paulo Salin Maluf. Também biônico e, igualmente, puxa-saco dos milicos. - Todos eles, para mim, são doutores de merda e merdas de doutores, ao mesmo tempo./.
ResponderExcluirComo disse o amigo José Fernandes, esse cidadão, aliás melhor seria indivíduo, que obriga e manda chamá-lo de "Doutor" é o excremento do homem em todos os sentidos. Lembro um pensamento de Albert Einstein, que diz: "Aquele que decidir se colocar como juiz da verdade e do conhecimento, ser superior aos seus semelhantes, será naufragado pela gargalhada dos deuses."Esse indivíduo deve ser aquele que é tão pobre, mas tão pobre, que a única coisa que tem é dinheiro".
ResponderExcluirÉ fato, Edmar. - A única coisa que deve ter é dinheiro. - E, possivelmente, dinheiro adquirido de forma desonesta. - É ISSO./.
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