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FEITIÇO DE ÁQUILA - FILMES INESQUECÍVEIS - 97

Nos primeiros anos da década de 80,  no Brasil ganharam força os videocassetes e as Vídeolocadoras. Na capital pernambucana, por esse tempo, os estabelecimentos do gênero começaram a se espalhar pelos bairros, alguns pequenos empresários pensando simplesmente em ganhar dinheiro, outros aliando um meio de sobrevivência à sua paixão à arte.

Assim, tivemos um belo exemplo no bairro da Torre, com a locadora Classic Vídeo, montada por um senhor que realmente entendia de cinema e privilegiou na sua casa comercial grandes clássicos e filmes de artes.
Lembro que na Classic Vídeo tinha até coleções das aventuras de Flash Gordon e todos os filmes de Tarzan, o herói das selvas, quase um desconhecido para muitos das gerações atuais.
Nesse mesmo período, quando começamos a ter o prazer de trazer o cinema para dentro de casa, sem depender das emissoras de TV, na Avenida Rosa e Silva, nas proximidades do estádio do Náutico, surgiu a Status Vídeo, que embora não oferecesse tantas opções quanto a concorrente do bairro da Torre, apresentava um significativo número de lançamentos, dando aos cinéfilos a oportunidade de acompanhar as últimas produções de Hoolywood.
Na Status foi que descobri o filme “O Feitiço de Áquila”, uma aventura de sabor juvenil capaz de agradar pessoas de qualquer idade.
Fazendo uma rápida pesquisa sobre a trajetória deste longa, dirigido por Richard Donner, fico informado que a produção fracassou comercialmente quando foi lançado nos cinemas, em 1985. Tornou-se, no entanto, um fenômeno nas locadoras, virou cult e ainda hoje é reapresentado nas emissoras comerciais de TV,  nas divertidas sessões da tarde.
Embora nem todo o elenco de “Feitiço de Áquila” seja um primor e algumas cenas não sejam muito convincentes, o filme encanta pela bela história contada, pela leveza, as tiradas engraçadas e a presença da maravilhosa atriz Michelle Pfeiffer, a mocinha da aventura.
O drama romântico, recheado de aventuras e momentos cômicos, é situado na Idade Média e o roteiro é nada simpático à Igreja Católica, que fazia e desfazia por aqueles tempos.
Um bispo cruel e despótico, bem interpretado por John Wood, é apaixonado por Isabeau (Michele Pfeiffer). A mocinha, no entanto, ama o capitão Etienne Navarre (Rutger Hauer).
Corroído pelo ciúme e o rancor, o bispo de Áquila lança um feitiço nos dois jovens enamorados: Ela transforma-se num falcão durante o dia, ele se torna um lobo à noite, de modo que os dois não tenham qualquer contato físico como homem e mulher.
Os momentos mais divertidos do filme cabem a um personagem apelidado de “Rato”. Este é um pequeno ladrão, Phillipe Gaston, com uma atuação acima da média de Matthew Broderick.
O rapaz é capaz de fugas espetaculares se apega ao casal que vive atormentado com a maldição do bispo de Áquila e termina fazendo um elo entre o capitão e a sua amada.
Outro bom personagem da trama é o padre Imperius, que se sente culpado pelo castigo imposto aos dois amantes. Foi ele, bêbado, quem conversou demais e deu conhecimento ao bispo do amor entre o capitão e a bela donzela. O sacerdote fará tudo para se redimir e acabar com o feitiço.
Produzido quase três décadas atrás, “Feitiço de Áquila” não trás os efeitos especiais comuns aos filmes atuais.
O diretor usa a criatividade e aproveita as cenas escuras para transformar homem em lobo e mulher em falcão. Tudo é simples, engenhoso, deixando aberto ao expectador o uso da imaginação.
Feitiço de Áquila pode não ser uma obra prima, um produto de arte por excelência. É, sem dúvida, uma ótima aventura, capaz ainda hoje de encantar por sua magia, pela história original e a beleza de “LadyHawke”.
Veja que ficou tão guardado num lugar da memória deste resenhista, que me levou até a recordar uma locadora que frequentei poucas vezes e onde descobri mais de 25 anos atrás essa saborosa aventura cinematográfica.  

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