Nos primeiros anos da
década de 80, no Brasil ganharam força os videocassetes e as Vídeolocadoras. Na
capital pernambucana, por esse tempo, os estabelecimentos do gênero começaram a
se espalhar pelos bairros, alguns pequenos empresários pensando simplesmente em
ganhar dinheiro, outros aliando um meio de sobrevivência à sua paixão à arte.
Assim, tivemos um belo exemplo no bairro da Torre, com a locadora Classic Vídeo, montada por um senhor que realmente entendia de cinema e privilegiou na sua casa comercial grandes clássicos e filmes de artes.
Assim, tivemos um belo exemplo no bairro da Torre, com a locadora Classic Vídeo, montada por um senhor que realmente entendia de cinema e privilegiou na sua casa comercial grandes clássicos e filmes de artes.
Nesse mesmo período,
quando começamos a ter o prazer de trazer o cinema para dentro de casa, sem
depender das emissoras de TV, na Avenida Rosa e Silva, nas proximidades do estádio
do Náutico, surgiu a Status Vídeo, que embora não oferecesse tantas opções
quanto a concorrente do bairro da Torre, apresentava um significativo número de
lançamentos, dando aos cinéfilos a oportunidade de acompanhar as últimas produções
de Hoolywood.
Na Status foi que
descobri o filme “O Feitiço de Áquila”, uma aventura de sabor juvenil capaz de
agradar pessoas de qualquer idade.
Fazendo uma rápida
pesquisa sobre a trajetória deste longa, dirigido por Richard Donner, fico informado que a produção fracassou comercialmente quando foi lançado nos
cinemas, em 1985. Tornou-se, no entanto, um fenômeno nas locadoras, virou cult
e ainda hoje é reapresentado nas emissoras comerciais de TV, nas divertidas sessões da tarde.
Embora nem todo o
elenco de “Feitiço de Áquila” seja um primor e algumas cenas não sejam muito
convincentes, o filme encanta pela bela história contada, pela leveza, as
tiradas engraçadas e a presença da maravilhosa atriz Michelle Pfeiffer, a
mocinha da aventura.
O drama romântico,
recheado de aventuras e momentos cômicos, é situado na Idade Média e o roteiro é
nada simpático à Igreja Católica, que fazia e desfazia por aqueles tempos.
Um bispo cruel e despótico,
bem interpretado por John Wood, é apaixonado por Isabeau (Michele Pfeiffer). A
mocinha, no entanto, ama o capitão Etienne Navarre (Rutger Hauer).
Corroído pelo ciúme e o
rancor, o bispo de Áquila lança um feitiço nos dois jovens enamorados: Ela transforma-se
num falcão durante o dia, ele se torna um lobo à noite, de modo que os dois não tenham qualquer contato físico como homem e mulher.
Os momentos mais
divertidos do filme cabem a um personagem apelidado de “Rato”. Este é um
pequeno ladrão, Phillipe Gaston, com uma atuação acima da média de Matthew
Broderick.
O rapaz é capaz de
fugas espetaculares se apega ao casal que vive atormentado com a maldição do
bispo de Áquila e termina fazendo um elo entre o capitão e a sua amada.
Outro bom personagem da
trama é o padre Imperius, que se sente culpado pelo castigo imposto aos dois
amantes. Foi ele, bêbado, quem conversou demais e deu conhecimento ao bispo do
amor entre o capitão e a bela donzela. O sacerdote fará tudo para se redimir e
acabar com o feitiço.
Produzido quase três décadas
atrás, “Feitiço de Áquila” não trás os efeitos especiais comuns aos filmes
atuais.
O diretor usa a
criatividade e aproveita as cenas escuras para transformar homem em lobo e
mulher em falcão. Tudo é simples, engenhoso, deixando aberto ao expectador o
uso da imaginação.
Feitiço de Áquila pode
não ser uma obra prima, um produto de arte por excelência. É, sem dúvida, uma ótima
aventura, capaz ainda hoje de encantar por sua magia, pela história original e
a beleza de “LadyHawke”.
Veja que ficou tão
guardado num lugar da memória deste resenhista, que me levou até a recordar uma
locadora que frequentei poucas vezes e onde descobri mais de 25 anos atrás essa
saborosa aventura cinematográfica.
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