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HIROSHIMA NO RIO DE JANEIRO

O Rio de Janeiro viveu um dia de Hiroshima, nesta última quinta-feira pela manhã. Um maluco de 23 anos, de nome Wellington Menezes de Oliveira, matou 12 crianças, a maioria meninas e depois se matou. Chocou a cidade dita maravilhosa – que ironia! – fez o Brasil aparecer negativamente nos jornais, sites e emissoras de televisão do mundo inteiro. Os noticiários lembraram, com razão, que fatos dessa natureza são mais comuns nos Estados Unidos e na Europa. No país da Candelária, do Carandiru e dos Carajás a matança sem explicações dentro de uma escola é novidade.

Nunca, antes, na história desse país se viu um caso comover tanto médicos, policiais, autoridades de alto escalão, jornalistas e a população em geral.

A presidenta Dilma discursava numa solenidade e quando se referiu ao trágico episódio do RJ às lágrimas desceram sem que ela conseguisse as conter. E tenho certeza que dessa vez não foi obra de marketeiro nenhum.

Os médicos e enfermeiros de diferentes hospitais, que acorreram para um só lugar, tentando socorrer os feridos, choraram com o drama das meninas e meninos. Eles, profissionais acostumados a lidar com a doença, o horror e a morte, não seguraram as lágrimas, são todos humanos, como Dilma Roussef.

Policiais treinados para enfrentar bandidos, que mais de uma vez já trocaram tiros com traficantes, viram a morte de perto e tiveram de atirar para ficar vivos, choraram como homens comuns pelas crianças do bairro de Realengo.

Ana Carolina, Bianca, Géssica, Larissa, Karine, Laryssa, Luíza, Mariana, Milena, Samira e Rafael. Esse o nome das crianças assassinadas pelo desmiolado Wellington. Outro menino morreu de ontem para hoje, no hospital. Todos com idade entre 13 e 15 anos, com nomes comuns como o de minha filha caçula, de minha sobrinha, de uma amiga jornalista, do filho e da filha do meu irmão mais velho. Quantas Carolinas, Jéssicas e Marianas temos aqui em Garanhuns e no Agreste?

O assassino de Realengo ainda deixou uma “Carta Testamento”, pedindo que se cumpra um ritual macabro. Imagino que ninguém vá levar a sério o documento do mal. O algoz das pobres crianças ainda fala em Deus, em Jesus, usa a palavra perdão, num texto confuso de uma mente doente aparentemente incapaz de levar sua loucura a tal extremo.

Estamos todos de luto. Estamos chocados. Hiroshima, como no poema de Vinícius de Moares se transportou para o Rio de Janeiro. Uma tragédia menor, em relação ao lançamento da bomba atômica na cidade japonesa, no final da segunda guerra mundial. Nem por isso menos dolorosa, menos triste. E pelo que sabemos aqui ainda não foi declarada oficialmente a guerra.

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas, oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa, sem nada.

Acima o poema Rosa de Hiroshima, que ficou rondando a minha mente, ontem à noite, enquanto assistia as cenas exibidas na televisão.

Pensem nas crianças mudas
Correndo desesperadas
Pensem nas mães chorando
A perda das filhas
Pensem nos médicos
Humanizados pela tragédia
Pensem nos policiais
De coração mole diante da violência
Pensem nos professores e demais alunos
Todos atônitos
Cegos, perplexos
Incapazes de entender
A sandice, a loucura
A presença do demônio
E de uma nova Hiroshima
Brotando sem aspecto de rosa
Sem cor sem perfume,
Sem brilho, sem nada
Desmaravilhando o Rio de Janeiro.

Simplesmente não há explicação. Não deu para evitar. Desta vez não se pode nem ao menos culpar as autoridades. Só nos resta chorar juntos. E rezar, se a fé também não tiver sido assassinada por esse filho do capeta. (Na foto a Escola de Realengo, local da tragédia).

NOTA : Tem um comentário de Selma do Jornal Sináculo pedindo para copiar os versos acima, inspirados no original de Vinicius. Pode ficar à vontade amiga e obrigado por prestigiar o autor. Quantos aos que não compreenderam a associação de Hiroshima com a tragédia do Rio de Janeiro, não posso fazer nada. Quem não alcança nem Roberto Almeida, jamais irá entender de poesia, de jornalismo ou de Vinicius de Moraes.

10 comentários:

  1. Bom dia Roberto, sou leitor do blog estou enviando o enderço de um site informanto a prisao dos suspeitos do acontecido com valdemar do supermercado santos, http://vcartigosenoticias.blogspot.com/2011/04/presa-dupla-acusada-de-matar-o-policial.html

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  2. Roberto, sua sensibilidade ao associar tal fato a Hiroshima me deixou ainda mais unida em orações a todas àquelas famílias que perderam seus filhos (tão crianças ainda) e àquelas que sobreviveram, mas com as marcas da lembrança daquele dia. Vou copiar seu poema adaptado para mostrar aos meus familiares, posso?

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  3. Roberto, obrigada pela autorização. Meu nome é SELMA BARBOSA (sou bancária, trabalho na Caixa). acredito que vc confundiu o nome "SELMA" com o de sua amiga jornalista. Mas a admiração pelo seu trabalho pode ser comum a nós duas... ok? Selma

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  4. Meus 14 anos foram um período único, algo realmente memorável em minha vida. Alguns anos se passaram e as lembranças dessa época - o limiar da adolescência, a descoberta de um novo mundo, a firmação da personalidade -, tão importantes na existência de um indivíduo, continuam vivas, presentes.

    Chorei por todas os jovens que, nas palavras de nossa presidente, tiveram seus planos e futuros brutalmente interrompidos. Chorei pela dor das famílias, que agora compartilhamos coletivamente. Chorei pelos 14 e pelos anos vindouros que, de maravilhosos que são, as crianças do sete de abril já não mais podem usufruir, como eu pude.

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  5. Apesar de chocante esses políticos não perdem a oportunidade de cairem no chororô. Já pensou se o presidente da república fosse o Lula?

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  6. Roberto: a sua sensibilidade e o seu poder de interpretação produziram um texto de peso. - Pena que esse “peso” tenha como causa um fato de tanto pesar. Ou seja, um espetáculo tão doloroso para o nosso povo e para o nosso país. E, mais especialmente, para tantos pais, mães, tios e demais familiares e amigos que perderam seus entes queridos, ainda quando estes estavam no alvorecer de suas vidas. E quantas vidas foram destroçadas por esse louco endiabrado. Louco endiabrado que, talvez, tenha ido buscar tanta ferocidade em alguma seita que se diz falar em nome de um “deus”. – Basta reler as bobagens que aquele malfeitor infeliz proferiu num pseudo-documento oco de tudo. – É ISSO. – José Fernandes Costa./.

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  7. a tragédia penalizou toda a nação mas serviu como reflexo para o ministério da educação e segurança atuar conjuntamente nas escolas públicas. tudo isso demonstrou a insegurança que vivem cotidianamente professores e alunos. quantos casos de agressão entre estudantes e a professores já não foram registrados????
    professores e alunos testemunham situações de violÊncia de forma rotineira e os órgãos públicos responsáveis pela segurança e educação escolar fecham os olhos. de nada adianta pacotes pedagógicos e a procura do melhor IDEB se as salas de aulas são lotadas, falta de funcionários e seguranças.

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  8. Permitam-me discordar do posicionamento de robertamalameida. Barbaridades como essa do Realengo, só poderiam ser evitadas por videntes. - Agentes da segurança pública NÃO podem impedir que um psicopata bem falante entre numa escola, dizendo que vai pegar documentos por ser ex-aluno. - A não ser que todas as pessoas a entrar nas escolas tivessem de ser revistadas ou passar por detectores de metais. - Só que isso criaria problemas: milhares e milhares de pessoas que não portam armas, mas precisam entrar no estabelecimento por razões quaisquer, iriam sentir-se muito incomodadas com essa medida. - Se um caso trágico, como o que ocorreu no Realengo fosse fácil de resolver e fosse questão de segurança pública, ISSO NÃO ocorreria nos EUA e Europa. 2. Por outro lado, NÃO podem ser misturadas: a péssima qualidade do ensino, a má remuneração dos docentes, as agressões de alunos a professores (as) com uma infelicidade dessa natureza. - José Fernandes Costa jfc1937@yahoo.com.br

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  9. De tudo esse zé fernandes entende e dá palpite! será que ele sabe qual é o plural de vermes?

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  10. lendo as notícias vi esta: "Tragédia poderia ter sido evitada", diz membro de sindicato da educação.

    Insegurança nas escolas do Rio de Janeiro já havia sido denunciada ao Ministério Público.
    a coordenadora regional do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro, Vera Nepomuceno, afirma que o crime poderia ter sido evitado.

    "É importante que as pessoas tenham conhecimento que essa tragédia poderia ter sido evitada", disse ela em entrevista ao correspondente da Rádio ABC 900 AM no Rio de Janeiro, César Collopy. Vera destacou que o sindicato já havia denunciado a insegurança nas escolas do Rio com um dossiê entregue ao Ministério Público em 2001. "Existe hoje uma situação precária em todas as escolas", afirma.

    A sociedade brasileira não pode se iludir. Crimes como o assassinato de estudantes na escola Tasso de Silveira no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, podem acontecer de novo. A opinião é do ex-secretário nacional de Segurança Pública, o antropólogo Luiz Eduardo Soares. Para ele, apesar de não ser previsível e controlável, a tragédia poderia ter sido evitada “se não houvesse essa imensa negligência com a questão da arma no Brasil.há casos – como este – que são absolutamente incontroláveis e imprevisíveis. Não há como blindarmos e protegermos todas as escolas e crianças, infelizmente. a segurança deve por todas as razões do mundo, controlar as armas. Temos hoje no Brasil cerca de 16 milhões de armas na sociedade. Sendo que metade delas é ilegal. Estão circulando ilegalmente e as instituições públicas não têm sido capaz de controlar essa disseminação. É preciso uma atitude muito mais rigorosa por parte das autoridades políticas.
    Ao encontrar culpados e possíveis explicações, nos sentimos mais seguros e um pouco mais apaziguados com o nosso sentimento de instabilidade interior. Mas é importante não nos iludir: fatos desse tipo podem acontecer de novo, infelizmente. E nós não seremos capazes de prevê-los, nem de controlá-los. O que podemos fazer é reduzir sua incidência apostando no controle de armas para que loucuras individuais não se armem e não produzam efeitos tão desastrosos – que não ocorreriam se não houvesse essa imensa negligência com a questão da arma e falta de segurança no Brasil.

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