Nos anos 60, quando Roberto e Erasmo Carlos já eram conhecidos, muitos imaginavam que o primeiro era só cantor e o segundo o compositor.
Isso irritava o principal ídolo da Jovem Guarda, que até ficou chateado com o amigo porque um dia, num programa de televisão, "alimentou" essa versão.
Ficaram dois anos sem fazer nenhum trabalho juntos.
Roberto tem várias músicas boas sem a parceria de Erasmo.
Fato é que Roberto Carlos não é apenas um bom cantor e intérprete. Mesmo hoje, com 82 anos, ainda manda bem ao se apresentar em público. E em estúdio fazem a voz dele ficar tão boa quanto tinha 20/30 anos.
Selecionamos alguns dos melhores versos de Roberto. Alguns ele, com a intuição ou talento formidável que tem, criou sozinho, outros com a colaboração de Erasmo.
Seguem os tais versos:
Quantas vezes eu pensei voltar
E dizer que o meu amor nada mudou
Mas o meu silêncio foi maior
E na distância morro
Todo dia sem você saber. (A Distância)
Vou cavalgar por toda noite
Por uma estrada colorida
Usar meus beijos como açoite
E a minha mão mais atrevida
Vou me agarrar aos seus cabelos
Pra não cair do seu galope
Vou atender aos meus apelos
Antes que o dia nos sufoque (Cavalgada)
Seus netos vão te perguntar em poucos anos
Pelas baleias que cruzavam oceanos
Que eles viram em velhos livros
Ou nos filmes dos arquivos
Dos programas vespertinos de televisão. (As Baleias)
Saiba que você, meu bem
Meu escândalo vai ser
Quando o mundo inteiro então
Nosso amor conhecer
Meu bem, não dá pra enganar
Pois tudo está no nosso olhar
O escândalo vai ser
Quando o mundo conhecer o nosso amor. (Você Vai ser Meu Escândalo)
Se eu demoro
Mas aqui eu vou morrer
Isso é bom, mas eu não vivo sem você
Eu não penso mais em nada
A não ser só em voltar
Vou depressa e levo o meu amor nas mãos, para lhe dar. (Meu Grito)
Eu queria não ver tantas nuvens escuras nos ares
Navegar sem achar tantas manchas de óleo nos mares
E as baleias desaparecendo por falta de escrúpulos comerciais
Eu queria ser civilizado como os animais. (O Progresso)
Enlouquecidos e em conflito
falam de armas no infinito
Nas estrelas não eu peço eu peço...
Não deixem que o azul do céu se inflame
E o sangue de inocentes se derrame... (Paz na Terra)
Se alguém tocar seu corpo como eu
Não diga nada
Não vá dizer seu nome, sem querer
À pessoa errada
Pensando ter amor nesse momento
Desesperada você tenta até o fim
Mas até nesse momento, você vai
Você vai lembrar de mim. (Detalhes)
Quantas baleias queriam nadar como antes
Quem inventou o fuzil de matar elefantes?
Quem padeceu de insônia
Com a sorte da Amazônia
Na lei do machado o mais forte do ano passado. (O Ano Passado)
Esse amor demais antigo
Amor demais amigo
Que de tanto amor viveu
Que manteve acesa a chama
Da verdade de quem ama
Antes e depois do amor.
E você, amada, amante
Faz da vida um instante
Ser demais para nós dois. (Amada Amante)
Eu estarei vestindo aquele jeans
Que você bem conhece
E o que resta de azul da camisa
Das festas de abril
Linda de branco você vai estar
E nesse instante eu vou te beijar
E a nossa história de amor cada vez
Mais bonita será. (O Encontro)
Estamos sempre em busca de uma solução
Queríamos voar, fizemos o avião
O telefone, o rádio, a luz elétrica
A televisão, o computador
Progressos na engenharia genética
Maravilhas da ciência prolongando a vida
Nós temos amor, ninguém duvida
Somos seres humanos
Só queremos a vida mais linda
Não somos perfeitos ainda. (Seres Humanos)
Droga quem afinal é você
Que está se entregando e não vê
Que a vida oferece outras coisas.
Droga/Por tudo, por nada e porque
Nadar nessa praia pra que?
A vida oferece outras coisas. (O Careta)
Eu nunca imaginei que houvesse no mundo
Um amor desse jeito
Do tipo que quando se tem não se sabe
Se cabe no peito. (Amor sem Limites)
Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei
Tudo estava igual como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei
E voltei. (O Portão).
*Foto: Capa do CD Amor Sem Limites (2000). Todas as músicas desse disco, Roberto compôs sozinho, com exceção de duas ou três canções de outros autores, que se encaixaram na proposta do álbum. Não há participação de Erasmo. O mesmo aconteceu em Pra Sempre, de 2003.
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