Escrever
este texto foi, sem sombra de dúvidas, o que mais exigiu reflexão e até mesmo
cuidado de minha parte quando tive que analisar e escolher bem as seguintes
palavras que precisavam sair da minha cabeça mas repletas do fogo do meu
coração.
Quando
jovem, ainda inexperiente com as coisas da vida mas cheio do vigor da idade,
escolhi uma orientação política por entender ser a mais adequada às minhas
próprias crenças pessoais, influenciadas em especial pela ideologia religiosa
que tento adotar todos os dias de minha vida, qual seja, a cristã, mais
especificamente o catolicismo.
Assim,
posso dizer com certa tranquilidade que sou de esquerda, mas não um
esquerdopata – como vulgarmente alguns são chamados - nem tampouco um membro de
uma esquerda radical ou ainda daqueles que apenas acenam positivamente com a
cabeça para quem estiver no poder, desde que seja de esquerda. Sou alguém que
se considera acima de tudo um humanista, mas, atualizando esta tese, um
humanista novo ou neohumanista, que além de pregar a necessidade do cultivo de
um senso crítico indispensável ao ser humano como elemento básico de seu
desenvolvimento, também enxerga a necessidade da participação popular em todas
as decisões da sociedade, e em especial do Estado, que devem ser – por
consequência – direcionadas para o atendimento de todas as necessidades
existentes em uma comunidade.
O
Estado DEVE servir ao indivíduo sempre, jamais o contrário. O Estado não é e
nunca será um fim em si mesmo, mas apenas um caminho, ou seja, uma estrada pela
qual todos caminham para alcançar os seus objetivos.
Neste
contexto, adotar uma posição crítica é fundamental para que desvios ou erros
que possam ser cometidos nesse caminho venham ser apontados, corrigidos e assim
os esforços públicos depreendidos sejam redirecionados mais uma vez à
satisfação da vontade popular.
Não
me arrependo em nenhum momento de minha vida de ser esquerdo-humanitário pois
sempre busquei em minha vida adotar uma postura de defender o que é certo e de
defender tudo aquilo que pode fazer com que cada indivíduo seja melhor a cada
dia, de todas as formas.
Neste
caminho que segui desde minha juventude e que continuo seguindo, por óbvio, já
cometi erros, julguei mal situações e por vezes me mantive absorto das
discussões mais importantes que rodeavam a nossa sociedade, pois as
preocupações com a subsistência me tomaram um tempo vital e minha preocupação
com bens materiais, por vezes, me afastou daquilo ao que estava habituado e
precisava, em certa medida, para viver bem comigo mesmo que era tentar refletir
sobre as coisas para além das paixões pessoais.
E
foi assim, nessa minha caminhada, que acreditei em um líder político que surgiu
e que demonstrou uma proposta de sociedade na qual valia a pena acreditar,
seguir e defender, tanto que assim que completei meus 16 anos tirei meu título
de eleitor para poder votar neste incrível ser humano que já tentava sua
segunda campanha presidencial.
Acreditei,
segui, defendi e votei até que, enfim, ele ganhou. Meus sonhos nunca pareceram
tão reais para mim como naquele dia da vitória e senti a esperança preenchendo
o meu espírito com tamanha força que pensei que tudo seria possível, para o bem
do povo.
O
tempo passou, o poder mudou e coisas vieram, boas e más, sonhos se realizaram –
nunca completamente, apenas em parte – mas a decepção com denúncias, provas e
condenações de corrupção tomaram o lugar da esperança e arqueei minha cabeça
para não olhar a imagem da prisão daquele, que um dia, significou a salvação,
não a divina, mas a salvação para a maioria da população brasileira da miséria,
da pobreza, da marginalidade, da invisibilidade social, da falta de educação,
saúde e emprego, enfim, de tudo aquilo que todo indivíduo tem direito de acordo
com a Constituição Brasileira de 1988 e que até agora ninguém conseguiu ver
alcançado, a não ser os ricos deste País.
Hoje
vivemos um tempo de escuridão e aqueles que ocupam o governo na capital do
País, nos jogam na desesperança, na miséria humana e na separação da nossa
sociedade como chave e elemento principal do conhecido ditado popular que diz
“dividir para conquistar”.
A
sociedade brasileira está dividida de uma forma que nunca se viu, não porque em
momentos anteriores não houvesse uma dissensão política natural entre as
pessoas, isso sempre existiu e é natural e saudável para o convívio humano, mas
hoje tem-se uma divisão social colocando em lados opostos não adversários mas
inimigos. O respeito ao próximo foi subvertido para passar a significar “eu
respeito meu próximo, que pensa igual a mim”. Até mesmo os valores cristãos
foram jogados neste mar de lama em que as mais diversas denominações religiosas
ou seus ministros esperam lucrar algo ao final do dia, quando tudo for moído
pelo triturador da infâmia e passar pelo ralo da imoralidade, encenação
política e escárnio ao ser humano, ao pobre, ao marginalizado e ao inimigo.
Nesta
hora em que a angustia está em nossa garganta e a desesperança está entrando
por nossas portas é que aqueles que pretendem governar a população precisam se
unir, acima de quaisquer divergências irreconciliáveis que tenham e superar as
diferenças para liderar a nação rumo à verdadeira democracia, solidariedade,
compaixão, ou como gosto de chamar, de humanismo. Para quem pretende ser um
líder isto nada mais é do que um mandado de consciência.
E
neste momento, ver aquele a quem confiei e que ainda acredita que lidera a
esquerda política do País porque acredita que ainda reúne as condições
necessárias, afinal considera-se um injustiçado – e neste ponto preciso dizer
que não concordo com sua condenação pela clara e inequívoca presença de vícios
palpáveis no processo que o julgou, mas em particular não acredito em sua
inocência – dizer para as novas lideranças políticas que surgem no País como
pequenas faíscas de uma nova esperança que “[...] vá com Deus, mas, na eleição
cada um vai tocar seu projeto”, significa, ao invés de entender que é hora de
ceder seu espaço, não por vergonha, mas por respeito à necessidade da mudança e
apoiar este novo momento, dizer que o poder é seu alimento e que ninguém pode
se colocar em seu caminho, o que me obriga a refletir sobre o papel de um
líder, o que ele significa e o que ele deve fazer.
Segundo
o Aurélio, ser um líder significa ser uma pessoa cujas palavras e expressões
conseguem influenciar os outros. Para além disso, agir como um líder também
significa reconhecer quando não é mais possível unir as pessoas para que o
sigam, então é chegada a hora de se retirar do palco, guardar o manto e
continuar na luta de outra forma, indicando e apoiando novas alternativa,
principalmente quando estas já existem, agora com novos personagens para que a
esperança possa renascer mais forte e brilhante do que um dia já foi.
Apegar-se
ao poder ou a mera expectativa de sua sombra e atrapalhar o caminho impedindo
que o povo faça suas próprias escolhas não é papel e muito menos postura de um
líder, mas um comportamento irresponsável – para dizer o mínimo – de alguém que
deveria se preocupar mais com os outros do que consigo mesmo. Esta postura
significa exatamente o que os ocupantes atuais do governo querem mas de maneira
reversa e mais perversa, se implodindo para ser conquistado, de novo.
É
finalmente chegado o tempo para algo que precisa acontecer e que determinará
nosso futuro como sociedade e como Nação: unir para mudar, pois caso contrário,
o poço no qual caímos se tornará mais escuro, não veremos mais a luz do topo e
jamais chegaremos ao fundo.
A
esperança é o que me move, é esperança que me faz refletir para poder escrever
estas palavras que são duras e diretas, mas que não me causam dor na
consciência ou em meu coração porque são necessárias e já deviam ter sidos
ditas por alguém.
A
esperança é o que tenho e quero dá-la a você com este texto. Tenha esperança,
ela vale a pena.
*Rodrigo de Freitas é advogado.
Parabéns Dr. Rodrigo. Peço à Deus que aqueles que mais necessitam mudarem suas atitudes leiam e reflitam este texto para que tais mudanças,tão essenciais, aconteçam em seus corações.
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