Se eu pudesse viver a minha vida novamente, na
próxima trataria de cometer mais erros.
Não
tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.
Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem poucas coisas levaria a
sério.
Seria
menos higiênico.
Correria
mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais
montanhas, nadaria mais rios.
Iria
a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos lentilha, teria
mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu
fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da vida,
claro que tive momentos de alegria.
Mas se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque,
se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de
água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas. Se voltasse a viver, começaria a
andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria
mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais
crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas
já viram, tenho oitenta e cinco anos e sei que estou morrendo.
O poema acima, Instantes, inspirou o livro de crônicas do escritor e psicanalista mineiro Rubem Aves, intitulado "Se eu pudesse viver a minha vida novamente".
Rubem informa que não se sabe ao certo quem é o autor ou autora do texto, belíssimo, que fez a cabeça de muita gente, foi lido, interpretado e inspirou outras obras, como o livro do autor cristão, que viveu até 2014.
Muitos atribuem a autoria de Instantes ao argentino Jorge Luís Borges outros garantem que o poema é da norte americana Nadine Stair.
É para ler e reler muitas vezes, para refletir e quem sabe depois de incorporar os versos à mente e ao coração, começar ou recomeçar, passar a ver a vida de outra forma.
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