O PCB vem a público repudiar com veemência as
manobras parlamentares, judiciárias e midiáticas que resultaram, em 12 de maio
de 2016, no afastamento de Dilma Roussef da Presidência da República por 180
dias. O PCB se soma aos movimentos populares empenhados no combate ao avanço
das forças de direita em nosso país e propõe um diálogo sistemático sobre as
linhas de ação a serem adotadas diante dos desafios postos aos trabalhadores
pela nova conjuntura.
Neste momento grave para sindicatos,
movimentos sociais e setores progressistas, fazer um balanço profundo das
causas do esgotamento da estratégia de poder do Partido dos Trabalhadores (PT)
é tão importante quanto denunciar as intenções da burguesia em radicalizar o
projeto neoliberal por meio do ilegítimo governo de Michel Temer.
A principal causa do esvaziamento do segundo
governo Dilma foi o esgotamento das condições econômicas e políticas que
possibilitaram o pacto estabelecido entre o petismo e a burguesia a partir do
primeiro governo Lula. Ao divulgar a Carta aos Brasileiros, em 2002, o PT
submeteu-se às principais bases da ordem estabelecida no Brasil. Deu
continuidade às políticas neoliberais de FHC, fazendo avançar a exploração dos
trabalhadores e promovendo o apassivamento das massas populares, concedendo a
ampliação de crédito ao consumidor e políticas compensatórias, como os
programas Bolsa Família, Minha Casa/Minha Vida, FIES, PROUNI e PRONATEC.
Os resultados imediatos desse pacto, como o
aumento de 30% na renda das famílias, a recomposição do poder de compra do
salário mínimo e a ampliação do consumo de massa, esconderam uma série de
graves contradições presentes na política de conciliação de classes adotada
pelo PT. Uma delas foi a aliança com o PMDB e outros partidos de direita,
marcada pelas espúrias articulações no parlamento, com distribuição de cargos e
ministérios e atendimento aos interesses burgueses, em troca da
governabilidade. Enredado pelas forças conservadoras e práticas fisiológicas, o
PT foi negando ponto a ponto as características mais visíveis do seu discurso
original: ética na política, transparência na gestão, proximidade das bases,
desapego a cargos na máquina pública e independência frente ao capital.
Priorizou a aliança com os grupos representativos do capital financeiro, do
agronegócio, da grande indústria e do comércio, manteve intocado o monopólio da
mídia e confiou em um Judiciário a serviço dos interesses das classes
dominantes.
O impacto dessa opção política junto aos
sindicatos e movimentos sociais foi devastador. O PT desestimulou a
combatividade e criticidade dos setores mais organizados dos trabalhadores da
cidade e do campo com intenção de cumprir sua parte no acordo de não questionar
as bases da dominação burguesa no país. Um dos recursos para atrelar sindicatos
e movimentos sociais foi a cooptação de suas lideranças para milhares de cargos
comissionados na máquina pública federal. Os governos petistas conseguiram,
pelo menos até 2013, efetivar uma tática bem sucedida de desmobilização das
massas, justificando a suspensão momentânea de um programa reformista em
benefício do acúmulo de forças para saltos posteriores.
O vulcão popular despertado nas Jornadas de 2013
consistiu numa revolta espontânea contra a piora das condições de vida nas
cidades determinada pela mercantilização das políticas públicas na saúde,
educação e transporte, com o fortalecimento do domínio do capital sobre as
várias dimensões do espaço urbano. A escolha petista pela cidadania via consumo
e não pelo caminho das mudanças estruturais cobrava o seu preço e atingia
duramente a popularidade do governo federal. Dilma respondeu às
Jornadas de 2013 com apoio à manipulação midiática dos manifestantes rebeldes,
sancionamento de leis repressivas às manifestações populares, remoções da
população empobrecida dos terrenos valorizados pelos especuladores e foco nas
obras da Copa.
A vitória apertada de Dilma nas eleições de
2014, em meio ao avanço dos reflexos no Brasil da crise mundial do capitalismo,
impondo desaceleração da produção industrial e recessão em vários setores,
associada à avalanche de denúncia de corrupção e à composição de um Congresso
mais conservador, contribuíram ainda mais para a postura subserviente aos
interesses dos capitalistas. Após o resultado eleitoral, revelou-se o
estelionato ideológico do bloco governista, que deu sequência ao projeto de
conciliação de classes e reservou, a trabalhadores e populações mais pobres,
cortes nos programas sociais, ataques aos direitos trabalhistas e aprovação do
Decreto da Lei e da Ordem, que criminaliza as manifestações e os ativistas
sociais.
Com o aprofundamento da crise econômica, o
rebaixamento da nota do Brasil pelas famigeradas “agências de classificação de
riscos” e a desmoralização do governo diante dos ataques midiáticos e as ações
espetaculosas da Operação Lava Jato, construiu-se o consenso burguês em torno
da derrubada da Presidente Dilma. Nem o apelo de Dilma à realização de um
“pacto nacional” reverteu essa determinação.
Desde o início desta chamada crise política, o
PCB se colocou contra o processo de impeachment por entender que qualquer
resultado seria prejudicial aos trabalhadores, fosse Dilma se mantendo no
governo às custas de mais concessões ao capital ou sendo ela substituída por um
governo puro sangue da burguesia. Por conta de sua política de conciliação de
classe, em nenhum momento desta arrastada crise o PT tomou a única atitude que
poderia salvar o mandato de Dilma, ou seja, a realização de uma profunda
autocrítica pública e uma verdadeira guinada à esquerda, que mobilizasse os
trabalhadores em sua defesa. Muito menos o fará agora nesse período de até 180
dias de afastamento da Presidente.
Em todo esse processo ficaram desmascaradas a hipocrisia da
democracia formal brasileira e a podridão das instituições burguesas. A
coalizão política que, de forma ilegítima, assume agora o país, liderado por
quem tramou contra o próprio governo do qual fazia parte, representa os setores
mais reacionários e entreguistas da sociedade brasileira. O governo de Temer
vai buscar aplicar de maneira mais feroz tudo aquilo que o PT vinha fazendo
gradualmente, pois precisa atender com rapidez aos seus patrocinadores, os
banqueiros, os industriais, o grande comércio, as grandes empresas de serviços
e o agronegócio.
Como o PMDB já anunciou no projeto “Ponte para o Futuro”, que
deveria se chamar “ponte para a barbárie”, o governo pretende realizar um
brutal ajuste fiscal, com corte de direitos trabalhistas, verbas sociais,
reforma da previdência, mais entrega do pré-sal às multinacionais, uma
acelerada política de privatizações e profundas reformas trabalhistas para
precarizar ainda mais os direitos dos trabalhadores. Esse é o projeto das
classes dominantes para enfrentar a crise e colocar de vez todo o ônus na conta
dos trabalhadores, dando sequência às medidas que já vinham sendo aplicadas
pelo governo do PT, como a contrarreforma da Previdência, as parcerias
público-privadas, a lei antiterrorismo e o recente Projeto de Lei Complementar
257 (PLP 257/2016), que mira os direitos
dos servidores e os investimentos no serviço público, objetivando preservar o
pagamento da dívida pública ao sistema financeiro.
Mas o tiro poderá sair pela culatra. Esse governo assume no
momento de grave crise econômica, social e política, com um descontentamento
generalizado da população em função das precárias condições de vida, do caos
urbano, da precarização da saúde, da educação e da infraestrutura, além do
desemprego que atinge cerca de 11 milhões de trabalhadores. Numa conjuntura
dessa ordem, as medidas que o governo pretende tomar aprofundarão ainda mais a
crise e deverão acirrar a luta de classes, com o uso de mais repressão e
violência contra os trabalhadores e movimentos sociais.
Diante desse quadro, torna-se urgente a unidade de todas as forças
anticapitalistas e anti-imperialistas. O momento é de construção de um grande
Bloco de Lutas que seja capaz de reunir todos os que são contrários a esse
governo ilegítimo, num processo de unidade de ação, com pluralidade, sem
posturas sectárias e hegemonistas. Nesse processo, é fundamental que as forças
populares realizem, no momento mais oportuno, um Encontro Nacional das Classes
Trabalhadora e do Movimento Popular, com uma pauta mínima e uma plataforma
unitária de lutas que seja capaz de derrotar esse governo nas ruas, nos locais
de trabalho, moradia e estudo. Somente o caminho da luta na defesa
intransigente dos interesses da classe trabalhadora pode sedimentar a unidade
para o enfrentamento radical aos ataques desferidos pelos capitalistas, apontando
para a construção do Poder Popular e do Socialismo.
Comissão Política Nacional – Apoio do Secretariado Municipal de
Garanhuns/PE. Em 14 de maio de 2016
Tramita o projeto de Lei de CRIMINALIZAR e PROIBIR a propaganda do COMUNISMO NO BRASIL, quero ver o que esses doentes farão!!!
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