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Pesquisas Eleitorais

O LIVRO DE AUGUSTO

Por Givaldo Calado de Freitas
Augusto César, do Jornal "O Columinho" me convidou para o lançamento de seu livro "Memórias de Garanhuns". Que aconteceu na quinta-feira, 31 de março passado.  
Confirmei minha presença, mas, infelizmente, com compromissos inadiáveis fora da cidade, não me foi possível comparecer. Avisei, no entanto. E, depois, lamentei ter perdido a grande festa. Que soube muito boa e representativa, tendo reunido muita gente das letras da cidade e autoridades locais.
Ao seu livro, por insistência de Augusto, escrevi algumas linhas sob o título “Depoimento” e, nele, exaltei o monumento literário que acabara de ler, ainda nos seus originais.
Por ele desfilam Marcilio Reinaux, Lígia Beltrão e Hildeberto Martins - três nomes que engrandecem a nossa cidade. São, por assim dizer, verdadeiros montros sagrados das letras garanhuenses. Grandes escritores! Excelentes cronistas! Pelos textos da coletânea. Pela beleza que encerram.
Li, outro dia, uma crônica, assinada por Vanessa Barbara, sob o título “Queria escrever”, publicada pelo Instituto Moreira Sales: “Um texto tão bonito que o faça voltar pra casa, meu amor, sob o triste cochilo da lua”. E eu, daqui, tomo a liberdade de dizer: voltas Lígia. Voltas pra tua casa. Pra tua cidade. Que ela te receberá de braços abertos. Voltas pra tua Academia porque sinto que, aqui, tu serás a imortal dos imortais. De repente, a imorrível como bem quis ser o nosso poeta Ronildo Maia Leite.   Mas... Quero registar, aqui, uma confissão: Prefiro, no gênero literário, ler os Marcilio’s. As Lígia’s. Os Hilderbeto’s, por que eles falam da minha cidade. Das suas belezas. De suas magias... E o fazem, apaixonadamente. Por que, daqui. Desse torrão de Simoa. Da terra onde o nordeste garoa. De Garanhuns do meu “aconchego”, no dizer do nosso cacioneiro maior “O Mestre Dominguinhos”. Paixão em prosa no gênero de crônicas. Crônicas com sabor de poesias. Poesias, que carecem de muito mais que talento. Que carecem de vidas... Vidas, vividas. E vividas com muito amor... Na igenuidade da infância, da pré-adolescência, aqui, no Planalto da Borborema, também conhecido como Serra da Borborema, que vem do sul. Lá, das Alagoas. Passa por aqui, e vai até Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, numa extensão, em linha reta, de 400 km.
Eles, sim, tiveram suas histórias e suas estórias, contadas em suas crônicas, inspiradas nessas terras. Terras que querem mais, e sempre mais, até numa reverência aos seus antepassados. Que sempre a quiseram.  
“Na minha adolescência, meninos, meninas, tinham bicicleta só de marcas importadas... Menino que não tinha bicicleta - como eu - pedia aos amigos uma trisca...” Escreve Marcílio para nosso delírio.
“As festas de Rua, no Natal, e a de São Sebastião, onde os alto-falantes anunciavam músicas oferecidas por alguém... O pastoril, onde eu, empetecada e brilhosa era a Contramestra que cantava enaltecendo o cordão azul...”
Ou, ainda, longe de Garanhuns, lá na Europa, mais precisamente em Portugal, mais, ainda, na imortal Coimbra, ela nos brinda com palavras como essas, carregadas de saudosismo, falando do Rio Ceira, que deságua no Rio Mondego: "Lembrava a minha infância e adolescência, com um rio a domar-me ante as travessuras... O Rio que deixei para trás e nunca mais fui visitar...” Chora Lígia. E me faz, também, verter água nos olhos, por me levar a um passado que não volta mais.
Por fim, Hildeberto. Sou seu leitor, desde aqueles tempos idos. Leitor, discípulo e admirador. Sempre presente em sua casa, aqui, na Avenida Rui Barbosa. Eu, menino ainda, e já de olho nele para receber um pouco de seus ensinamentos. Observar, mais que um pouco, a sua postura de adolescente sensato, equilibrado, e sem açodamento nas atitudes, até no andar. Dele, li tudo ou quase tudo que escreveu: “As Travessuras de Coco Chinês”, “A Pedra do Oratório”... E uma infinidade de editoriais. Que li, reli e voltei a lê-los.
Hildeberto nos ensina como tratar um amigo de verdade. Como ser-lhe grato: “Rossini, você nos surpreendeu. Viajou fora do combinado... Pegou-nos no impedimento, aquém ou além, não sei dizer bem, da linha da vida... Manda-nos sempre um alô, enviando também seus artigos, suas crônicas geniais, uma página inteira...”
Perdi. Perdi a festa de Augusto. Que fez muito mais para o seu querido pai, Lucio, in memoriam, do que para ele.
Eu pareci que não queria receber a homenagem do amigo Augusto. Na verdade, dela não sabia. Sabia de sua festa. E só. E minha falta de percepção perdurou, eis que ele convocou os amigos e foi-me prestá-la, lá, em minha casa, num santo domingo. Que é somente meu. Meu, de minha família e de alguns amigos. Onde se joga conversa fora. Coisa que o dia a dia não me deixa fazê-lo.
Obrigado Augusto! Obrigado, amigos, que como ele estiveram, naquele domingo, a me homenagear. Quanta bondade! 
*Givaldo Calado é empresário, advogado, ex-vereador e ex-secretário de cultura do município de Garanhuns.

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