AS DISPUTAS EM PERNAMBUCO

Pernambuco tem uma história de lutas políticas acirradas, com vitórias apertadas dos candidatos majoritários e algumas “lavagens” históricas. Arraes, em 1962, chegou ao governo com apenas 13 mil votos à frente de João Cleofas. O eleitorado era muito menor, mas mesmo assim pode-se dizer que foi um pleito decidido por uma margem bastante estreita, o eleitorado da capital (arraesista) garantindo a vitória das esquerdas. Na primeira eleição direta para governador, quando a ditadura agonizava, Roberto Magalhães venceu Marcos Freire por apenas 200 mil votos, ajudado pelo artifício do “voto vinculado”, Quatro anos depois, em 1986, Arraes voltaria ao Palácio das Princesas impondo a José Múcio mais de 600 mil votos de diferença. Venceria Magalhães de cabo a rabo, fazendo os dois senadores e deixando o então líder governista no choro. Joaquim Francisco bateu Jarbas Vasconcelos em 1990, porém neste pleito a disputa já foi mais concentrada. Arraes voltou pela terceira vez ao governo em 1994, passando por Krause fácil, praticamente repetindo o placar contra Múcio.Em 1998 aconteceria a maior vitória eleitoral em Pernambuco após a redemocratização: Jarbas numa aliança bem costurada com o PFL venceria Arraes, tentando o tetra, por mais de um milhão de votos de vantagem. Vasconcelos reinou oito anos, se elegeu senador, porém não conseguiu fazer o sucessor. Eduardo Campos, o herdeiro político de Arraes devolveu a humilhação de 1998 derrotando Mendoncinha com cerca de um milhão e 300 mil votos à frrente. No poder, maduro, deixou os arroubos da juventude - que o fizeram perder feio uma disputa pela prefeitura do Recife – e agora trabalha com os pés no chão. Planejando, dialogando, costurando apoios, atuando bem nos campos administrativo e político. Está sendo tão habilidoso que parte para a reeleição sem adversários. Se Jarbas entrar na luta o líder socialista deve batê-lo com uma diferença acachapante. Caso seja outro o candidato das oposições, a vitória do PSB será ainda maior. E Eduardo tem tudo para eleger os dois senadores, como fez o avô em 1986: Armando e João Paulo ou Humberto e Armando são muito fortes e a reboque do governador podem muito bem garantir uma cadeira em Brasília durante oito anos. Mesmo Marco Maciel, com 50 anos de vida pública vitoriosa poderá desta vez ser derrotado, se ousar enfrentar o impetuoso líder socialista pernambucano. A disputa nacional com certeza será mais empolgante, porque em Pernambuco o espaço para zebras ou viradas é quase nenhum.