Por
Junior Almeida
No último 15 de dezembro de 2022 foi anunciado
pelo Bispo Dom Paulo Jackson, através do site da Diocese de Garanhuns,
que alguns padres sob o seu comando seriam remanejados das paróquias em que
prestavam seus serviços. No caso de Capoeiras, três mudanças ocorrerão. Deixam
a nossa terra o Monsenhor José Augusto e o Padre Valdevan, que
seguem para Bom Conselho e São João, respectivamente e, chega à Paróquia de São
José, Padre José Émerson, que já trabalhou em Capoeiras.
Monsenhor José Augusto chegou em Capoeiras em
2016, nomeado Vigário Paroquial, para auxiliar o também Monsenhor Geraldo
Batista de Lima, que já estava à frente da paróquia havia 45 anos. Depois do
falecimento do seu velho amigo, em janeiro de 2017, Monsenhor José Augusto
assumiu o cargo de Pároco da Matriz de São José de Capoeiras, função que
exerceu até as últimas mudanças promovidas por Dom Paulo.
Como não poderia deixar de acontecer, tais remanejamentos
promovidos pela Diocese, em Capoeiras, renderam para algumas pessoas conversas,
comentários e muitas vezes especulações infundadas, assim como acontece com
trocas de prefeitos, vereadores, secretários ou até mesmo simples conselheiros
tutelares. Faz parte, principalmente em um lugar pequeno como o nosso. Ouvindo
muita coisa, muitas vezes teses fantasiosas, achei por bem expressar minha
opinião pessoal nesse espaço, respeitando sempre quem pensa diferente de
mim. Vamos lá:
Monsenhor José Augusto ao lado do colega
Monsenhor Geraldo sempre conduziram da melhor maneira possível o rebanho
capoeirense, que diga-se de passagem, é um povo de muita fé, segundo dizem, tem
o maior número de católicos (proporcionalmente) de toda Diocese. O então
Vigário Paroquial sempre respeitou, e muito, a hierarquia local e, a maneira do
Pároco conduzir seus fiéis.
Depois que assumiu a Paróquia de Capoeiras, Monsenhor
José Augusto continuou com a linha de trabalho do seu antecessor, a quem se
refere até hoje como “o grande pároco de Capoeiras”, mas, com o passar do
tempo, se fez necessário implantar suas ideias, sua maneira de trabalhar.
Foi feliz, no meu entender, pois, bem
discretamente modificou alguns hábitos relacionados à Paróquia que desagradava
alguns. Por exemplo, Monsenhor José Augusto incentivava pais e mães levarem
seus filhos pequenos para a igreja, fato que com o padre anterior não acontecia
tanto, já que ele tinha certa impaciência com o barulho das crianças. Outro ponto a se destacar, talvez esse o mais
importante, é que o atual Pároco também nunca revelou suas predileções políticas,
muito menos quis persuadir os fiéis para votar em “A” ou “B”, seja na esfera
federal, estadual e, principalmente na municipal. Fosse a pessoa de um lado ou
de outro sempre as tratou com o devido respeito. Convivia com as autoridades
locais, fossem eles prefeitos ou vereadores da mesma maneira que com os membros
da oposição do município ou outra pessoa qualquer.
Outro hábito dos paroquianos que foi mudado pelo
Monsenhor José Augusto, foi a abertura para que os fiéis ligados à liturgia da
paróquia, leituristas, salmistas, pessoal do coral, dentre outros,
participassem ativamente das missas e outras solenidades. Até então, um grupo
reduzido e fechado era responsável pela liturgia nas missas e organização das
festas de padroeiros. O Pároco, com a sábia decisão de aumentar o seu rebanho,
fez questão de quebrar o monopólio desse grupo, abrindo novas vagas a quem de
livre e espontânea vontade desejava servir à Igreja.
Nas festas de São José, padroeiro do município, antes
de José Augusto, apenas quem tivesse uma situação financeira confortável,
poderia ser presidente da festa, pois os custos elevados com flores, fogos,
banda de música, e outros gastos, eram uma barreira para fiéis de pouco pode
aquisitivo, mesmo que pessoas de fé. Isso foi mudado.
Ao invés de apenas um casal de juízes da festa, o
Pároco inovou, colocando inicialmente dez casais para estar à frente das
comemorações do Santo padrasto de Jesus, número esse que depois, aumentou para
19, que coincide com o dia de São José. Com tanta gente para cuidar dos
assuntos da festa, as despesas para quem é presidente diminuíram
consideravelmente, o que deu a oportunidade de mais e mais pessoas terem o
direito de participar das festividades da paróquia.
Defeitos? Lógico, claro e evidente que o Monsenhor
os tem. Ele é humano, como todos nós e, que me lembre, o único ser humano sem
defeitos viveu entre nós há mais de dois mil anos, por tanto, se faz necessário
entender isso. Monsenhor José Augusto é um homem extremamente sério, é um
religioso obediente ao seu Bispo e cumpridor à risca dos seus deveres. Muitas
vezes, tentando fazer o melhor para sua Paróquia, pois é extremamente rigoroso
quanto às normas, aborreceu alguém e também perdeu a paciência. Eu próprio
presenciei num domingo de manhã, na Matriz, um homem que queria por fina força
batizar uma criança sem fazer as reuniões regulamentares com os catequistas,
pedindo que “Monsenhor José Augusto desse um jeitinho”.
Jeitinho, meu Senhor? O que o Senhor está me
pedindo está errado, é um ato de corrupção. O Senhor quer que seu padre seja um
corrupto?! Disse o religioso, ao dar
às costas ao cidadão e se retirar.
O segundo padre a deixar Capoeiras, Padre
Valdevam Bezerra, chegou à Terra dos Borregos em 2019, nomeado Vigário
Paroquial. No dia de sua chegada, antes mesmo de celebrar sua primeira missa
nessas terras, ou ouvir alguma confissão, atendeu a um doente com um câncer terminal,
que de uma vez só se confessou, casou e recebeu a extrema unção. Dos dois, este
religioso é mais descontraído, segue uma linha popular que nos lembra Dom
Helder ou mesmo Padre Júlio Lancellotti. Padre Valdevan gosta de acolher os
“invisíveis” da sociedade, os que não tem ninguém por eles.
Tanto Monsenhor José Augusto, quanto Padre
Valdevan Bezerra, deixaram suas marcas em Capoeiras. São os dois homens de
Deus, que deixarão saudades ao partirem. Tenho certeza que tanto Bom Conselho,
quanto São João, serão presenteados com a presença desses dois sacerdotes.
Obrigado aos dois condutores do rebanho da minha terra, os quais tenho a honra
de chamar de amigos.
*Foto: Monsenhor José Augusto e Padre Valdevam,
na Matriz de São José em Capoeiras. Fonte Blog Capoeiras.
Júnior, em relação ao monsenhor citado, os relatos são divergentes. Pessoalmente, minha experiência com o referido sacerdote, em uma paróquia que o referido assumiu já há mais de década, foi a pior possível. Destaco a delicadeza e sensibilidade com as quais se descreveu, neste seu post, a famosa impaciência do monsenhor; no post, também, não podemos deixar de ligar a impaciência dele ao seu também conhecido autoritarismo. Mas reconheço que, no contexto de Capoeiras, talvez o perfil do citado sacerdote possa ter se adequado: lembro de uma vez onde citou, salvo engano, ter sido mais feliz quando esteve na paróquia de Panelas. Espero que ele reveja ou tenha revisto algumas de suas atitudes e encontrado o seu caminho.
ResponderExcluirSobre o padre Valdevan: um homem humilde, carismático, que não tinha medo de trabalhar. É admirável, também, pela bela capacidade em reconhecer suas falhas e buscar sempre o melhor. Onde quer que vá, não há dúvidas de que fará a obra de Cristo.