HOMERO FONSECA, TARCÍSIO PEREIRA E GARANHUNS

Nos anos 70, no Recife, estudantes, jornalistas, escritores, professores, intelectuais de todo tipo, ocupados e desocupados frequentavam a Livro 7, considerada durante muito tempo a maior livraria do Brasil

O responsável pelo empreendimento que fez história no Recife se chamava Tarcísio Pereira, um sujeito calmo, educado, sempre de boné e preferencialmente vestindo roupas na cor azul.

Perdemos esse personagem extraordinário para a Covid.

Hoje, na capital, o jornalista e ótimo escritor Homero Fonseca vai lançar "Tarcísio Pereira - Todos os Livros do Mundo", fazendo justiça a importância do livreiro para a cultura pernambucana.

Com exclusividade, o blog adianta um trecho do livro, num capítulo em que Tarcísio é citado em Garanhuns, pois estava namorando uma moça da cidade.

Leia, se puder prestigie o lançamento ou depois dê um jeito de conseguir essa obra pela internet. O encontro de Tarcísio e Homero, cada um num plano diferente, é um golaço para as letras pernambucanas.

Vamos ao trecho citado:

Nos períodos de São João, Tarcísio organizava quadrilhas animadas, fossem espremidas na varanda do sobrado na Rua da Imperatriz, fossem no salão de festas do Edifício Santa Mônica, onde passara a residir.

Foi por essa época que o camarada quieto, mas não inibido, se empenhou em conquistar uma menina usando o “sistema de contrarregra” (que ele aplicara em cumplicidade com a irmã Salésia, em Natal), agora em favor próprio. Suely era a operadora e conta como foi:

Morávamos na Rua Fernandes Vieira, na Boa Vista, e em frente ao nosso apartamento, quase à altura dele, viviam umas moças numa espécie de república estudantil. Paquerando uma delas, Tarcísio pensou em impressioná-la exibindo-se como exímio violonista. Quando a moça surgia à sua frente, ele postava-se à janela com um violão. A contrarregra, no caso, agora era eu. Botava o disco de vinil 27 horas de estúdio, de Baden Powell, e ele simulava dedilhar as cordas, com trejeitos e caretas de um artista. E eu morrendo de medo que agulha enganchasse e um trecho de uma faixa ficasse se repetindo.

A astúcia tem seus riscos: o falso violonista entrou numa fria por conta desse expediente de sedução.

** O lançamento de "Tarcísio Pereira - Todos os livros do Mundo será às 19 horas, no Paço do Frevo — Esquina da Rua da Guia com Praça do Arsenal — Recife Antigo.

Um comentário:

  1. Naquele tempo havia grandes livrarias sobrevivendo em Recife e muita gente vivia de Sebos. Depois de décadas da esquerda no poder e o analfabetismo passando a ser elevado à técnica de alfabetização nas escolas publicas do Estado e de todos os Municípios na forma. TODAS AS LIVRARIAS de Pernambuco foram à falência. O hobby generalizado é balançar o rabo e fazer macaquices pelas ruas nos FIGs da vida. Parabéns aos esquerdistas de Pernambuco vocês conseguiram alcançar seus objetivos reais fora o discurso mentiroso de prometer o paraíso na terra!

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