A eleição americana ainda não
está definida. Trump se declara vencedor antes de terminar a contagem dos votos, mas ao mesmo tempo
contesta o processo e anuncia que pretende ir à Suprema Corte para interromper a apuração. Por enquanto, Joe Biden, está na frente, numa disputa apertada.
Eleição nos Estados Unidos é
bem diferente da brasileira. Quem decide a disputa é um colégio eleitoral de pouco
mais de 500 votos.
O candidato pode vencer por
larga vantagem no voto popular, mas ser derrotado na escolha feita pelos
delegados. Foi o que aconteceu quatro anos atrás, quando Hillary Clinton perdeu
para Donald Trump.
O resultado da eleição na
América, tem reflexos em todo o planeta, como mostra o jornalista Ayrton
Maciel em ótimo seu artigo. Confira.
Nunca o mundo viveu a expectativa de uma eleição de forma tão intensa, ansiosa e nervosa quanto esta do dia 3 de novembro, nos Estados Unidos. Não por ser a maior economia e o país de maior poderio militar do Planeta, porque de quatro em quatro anos há uma eleição para a presidência da república, e porque há outros países com arsenal nuclear suficiente para levar a Terra ao cafundó-de-judas. Mas, sim, pelo poder de influência e interferência global, em pequenos países e regiões pobres – elegendo e destituindo governantes, intervindo militarmente ou bloqueando o comércio -, e na presente Era Trump pela radicalização da ideologia, a apologia da força e do ódio e a negação da ciência e da história. Inspiração para o barril de pólvora que se alastrou por outras países.
Historicamente, diferenças de governança dos EUA – entre democratas e
republicanos – prevaleciam mais nas relações internacionais, na diplomacia com
países de ideologia antagônica e ditaduras inconvenientes, mesmo que
capitalistas, notadamente no período da Guerra Fria (1945-1989). Internamente,
o Partido Democrata tem preocupações sociais, o Republicano diz que é o mercado
que regula e resolve. O mundo mudou, a ideológica Guerra Fria virou secundária,
superada pela guerra comercial do capital hegemônico norte-americano contra a
emergente e veloz economia chinesa. Uma disputa econômica com componente
ideológico que os quatro anos de Donald Trump tornaram belicosa e uma hegemonia
(“América em primeiro lugar”) que arranhou relações até com aliados.
Um presidente apartidário, autodeclarado “não político”, que ingressou no Partido Republicano apenas para se eleger – prometendo tornar “a América grande novamente” – e que resgatou pautas conservadoras raciais, de costumes e religiosas que levaram à divisão e radicalização do próprio país. É este Trump que tenta se reeleger. Um disfarçado “apolítico” que usa da comunicação digital e da mentira armas de governo e de domínio sobre massas que odeiam a política e os políticos, glamorizam as armas e o dinheiro e desprezam a democracia como regime de governo. Ele que se sente representado por Bolsonaro, no Brasil, Viktor Orbán na Hungria, Andrzej Duda na Polônia, Boris Johnson no Reino Unido, entre outros poucos defensores do moralismo radical e do liberalismo extremo.
A vitória do democrata Joe Biden – caso confirmada – não significará uma guinada completa nos conceitos de mundo e prioridades de vida dos norte-americanos. Não serão 180° à esquerda, pois os princípios da nação são sólidos. Porém, diante do que se tem há quatro anos, para eles e para os outros povos, as mudanças são carentes e precisam ser imediatas: menos confronto e mais diálogo e negociação; mais tolerância com as diferenças de costume e étnicas; crescimento econômico como direito de todos; políticas públicas de assistência e colaboração; ciência para o conhecimento e não a negação como questionamento; religião como liberdade de escolha e não como porta-voz de messias; meio-ambiente e a saúde como bens coletivos da humanidade.
Neste 3 de novembro, o destino do mundo – sendo o homem seu definidor – passa por uma eleição do governante de uma nação. Parece ser – e é – uma soberba que só os anos seguintes aos próximos quatro anos, conforme a economia global ditar, revelarão se caminharemos para mais igualdade de disputas e oportunidades ou se conservaremos as dependências ou se daremos passos para trás. Na geopolítica global, só a autodeterminação dos povos e a colaboração é que asseguram a paz. A Era da Ignorância pode começar a ser superada na eleição dos EUA. Um exemplo será reconhecer que doenças existem e matam e que, assim como as vacinas, não têm pátria, fronteira e ideologia. E que a ignorância causa estragos.
Ayrton Maciel trabalhou no Dario de Pernambuco, Jornal do
Commercio e nas rádios Jornal, Olinda e Tamandaré. Ganhador do Prêmio Esso
Regional Nordeste de 1991. Escreve atualmente para o blog Falou e Disse.
Está eleição Americana parece o confronto da civilização contra a barbárie
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