Da escritora Martha Medeiros:
Sempre que chega próximo ao Dia
Internacional da Mulher, procuro fugir do discurso de
vitimização que a data invoca.
Não que estejamos com a vida ganha, mas
creio que as mulheres já mostraram a que vieram e as dificuldades pelas
quais passamos não são privilégios nosso: injustiça e violência são para todos.
Prefiro aproveitar a data, este ano,
para fazer um brinde à nossa importância não para sociedade e nem para a
família, mas umas para as outras.
Assistindo ao delicado filme Caramelo,
tive a sensação boa de confirmar que o tempo passa, os filhos crescem, os
corações se partem, mas as amigas ficam.
Como todos os filmes que abordam
amizade e a solidão intro seca de toda mulher, Caramelo nos consola valorizando
o que temos de melhor: a nossa paixão, a nossa bravura e o bom humor
permanente, mesmo diante de tristezas profundas.
Precisamos de mulheres à nossa volta.
Amigas, filhas, avós, netas, irmãs, cunhadas, tias, primas.
Somos mais chatas do que os homens,
porém, entre uma chatice e outra, somos extremamente solidárias e
companheiras de farras e roubadas. Competitivas?!!! Talvez, mas isso não
corrompe em nada a nossa predisposição para o afeto, o nosso abraço na
hora da dor.
Aprendemos a compartilhar nossas
virtudes e pecados e temos uma capacidade infinita para o perdão.
Somos meigas e enérgicas ao mesmo
tempo, o que perturba e fascina os que nos rodeiam.
Brigamos muito, é verdade: temos
unhas compridas não por acaso.
Em compensação, nascemos com o dom de
detecção do sagrado nas pequenas coisas, e é por isso que uma amizade iniciada
na escola pode completar bodas de ouro e uma empatia inesperada pode estimular
confidências nunca feitas.
Amamos os homens, mas casadas, mesmo,
somos umas com as outras.”
*Ilustração: Blog da Flaviana.
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