As empresas Globo comandaram o movimento que levou ao impedimento da presidenta Dilma Rousseff. O golpe fez água. Levou a Temer, o corrupto e depois a Bolsonaro que atenta contra a democracia diariamente.
Miriam Leitão, jornalista da TV Globo e do jornal do mesmo nome, uma das algozes do PT, a serviço dos seus patrões, escreveu o artigo abaixo, que parece mais um texto de alguém da esquerda. Não é, é a imprensa direitosa fazendo mea culpa, mesmo que de forma dissimulada.
Leia:
Há quem
prefira o autoengano. O governo hostiliza a imprensa, e o filho do presidente
dá sequência a uma difamação sexista contra uma jornalista, da tribuna da
Câmara. O presidente se cerca de militares da ativa. O ministro da Economia
ofende grupos sociais. A Educação está sob o comando de um despreparado. Alguns
ministros vivem em permanente delírio ideológico. Os indígenas são ameaçados
pelo desmonte da Funai e pelo lobby da mineração e do ruralismo atrasado.
Livros são censurados nos estados. A cultura é atacada. Há quem ache que o país
não está diante do risco à democracia, apenas vive as agruras de um governo
ruim. E existem os que consideram que o importante é a economia.
Existe
mesmo uma diferença entre governo ruim e ameaça à democracia, mas, no caso, nós
vivemos os dois problemas. As instituições funcionam mal até pela dificuldade
de reagir a todos os absurdos que ocorrem simultaneamente. Quando um tribunal
superior decide que uma pessoa que ofende os negros pode ocupar um cargo criado
para a promoção da igualdade racial, é a Justiça que está funcionando mal. O
Procurador-Geral da República, desde que assumiu, tem atuado como se fosse um
braço do Executivo. O Supremo Tribunal Federal (STF) parece às vezes perdido no
redemoinho de suas divergências.
A
calúnia contra a jornalista Patrícia Campos Mello, da “Folha de S.Paulo”, foi
cometida dentro do Congresso Nacional. O depoente de uma CPI praticou o crime
diante dos parlamentares. Um deles, filho do presidente, reafirmou a acusação
sexista. É mais um ataque à imprensa, num tempo em que este é o esporte
favorito do presidente. Mas é também uma demonstração prática dos problemas do
país. Alguém se sente livre para mentir e caluniar usando o espaço de uma
comissão da Câmara e é apoiado por um parlamentar.
Não
é normal que um general da ativa, chefe do Estado Maior do Exército, ocupe a
Casa Civil, nem que o Planalto tenha apenas ministros militares e dois deles da
ativa. Não é bom para as próprias Forças Armadas. Essa simbiose com o governo
seria ruim em qualquer administração, mas é muito pior quando o chefe do
Executivo cria conflitos com grupos da sociedade, divide a nação, faz constante
exaltação do autoritarismo e apresenta projetos que ofendem direitos
constitucionais. As Forças Armadas são instituições do Estado, com a obrigação
de manter e proteger a Constituição. Deveriam preservar sua capacidade de
diálogo com todo o país, neste momento de tão aguda fratura. O trauma da
ruptura institucional comandada por generais é recente demais.
Não
é normal que um governo estadual se sinta no direito de retirar das mãos de
estudantes livros clássicos, um deles escrito pelo mestre maior da nossa
literatura. A leitura de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, do genial Machado
de Assis, precisa ser estimulada e não proibida. É tão despropositada a ideia
de colocar livros em um índex que muitos reagem apenas com incredulidade e
desprezo. O obscurantismo, a censura, o retrocesso são graves demais.
A
economia nunca poderá ir bem num país enfermo. Não há uma bolha em que se possa
isolá-la. Mesmo se houvesse essa capacidade de separação da realidade, é
preciso entender que a economia não está nada bem. Se no mercado financeiro, se
alguns líderes empresariais querem vender esse otimismo falso é porque têm
interesses específicos. A verdade, que bons empresários e economistas lúcidos
sabem, é que o mercado de trabalho exclui um número exorbitante de brasileiros,
o país ainda tem déficit em suas contas, a alta excessiva do dólar cria
distorções e a incerteza tem aumentado.
A
crise econômica foi herdada por este governo, mas ele está cometendo o erro de
subestimar os desafios. O ambiente de conflito constante com diversos grupos da
sociedade, provocado pelo governo, esse clima de estresse permanente, não é bom
para quem faz projetos de longo prazo no país. Quando o cenário de ruptura tem
que ser considerado, os investidores se afastam.
Quem
prefere o autoengano pode viver melhor no presente, mas deixa de ver os avisos
antecedentes do perigo e, portanto, não se prepara para enfrentá-lo. Manter a
consciência dos riscos é a atitude mais sensata em época tão difícil quanto a
atual. Nada do que tem nos acontecido é normal.
*Foto: Congresso em Foco
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