Magno Martins publicou hoje, em seu blog, um texto muito bonito
falando de sua amizade com Braga Sá, que segundo ele saiu menino pobre de
Caruaru para virar gente importante no Recife.
Jornalista, ao homenagear o amigo, citou “Canção da América”, uma
das músicas mais conhecidas de Milton Nascimento.
Transcrevemos abaixo o texto de Magno:
Expoente
da MPB, Milton Nascimento dedicou uma música aos amigos - Canção da América.
Com seu vozeirão aveludado, inspirado pelo cheiro dos ipês das montanhas que
Deus embelezou Minas para suprir a falta do mar, o cantor diz que amigo é coisa
para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração, no lado esquerdo do
peito, mesmo que o tempo e a distância digam não.
O
importante é ouvir a voz que vem do coração, completa um dos seus trechos. O
coração é o mais completo órgão do ser humano. Traidor, por vezes, nos conduz a
tudo. Liga os espíritos, impulsiona a alma, acelera as emoções, cria o elo do
amor e das amizades.
Sou um
homem de muitos amigos, graças a Deus. Deus incluiu entre eles Braga Sá, ladrão
de afetos. Tenho impressão que quando sua mãe o pariu, lá do céu Deus fez o seu
firmamento: vai ser gente no mundo para espalhar o amor infinito da amizade,
Braga!
Não
conheço um só desafeto de Braga. Eduardo Monteiro, amigo e irmão comum, me
disse certa vez que o baixinho filho de Caruaru havia nascido vocacionado para
fazer o bem, indistintamente.
Desde que
voltei ao batente, depois de um lapso na escuridão, Braga me convida para uma
prosa regada a um bom envelhecido vinho francês. Minha agitada agenda e a busca
incessante por notícias adiaram esse encontro.
Aconteceu,
felizmente, na última sexta-feira, testemunhada por Saulo Freitas, amigo
que as caminhadas da Jaqueira acrescentaram ao meu balaio de confidentes.
O Leite, restaurante preferido do meu paladar, nos abriu a porta da felicidade
para ir fundo no baú das recordações.
Conheci
Braga por intermédio do deputado Tony Gel, seu guru e amigo de todas as horas.
Acho que Braga avistou Tony e por ele se apaixonou ainda garoto nas ruas do
Coque, no Recife, de onde rompeu a fronteira da pobreza para ser gente em
Caruaru.
Não sei
dos dois qual tem a história de vida mais encantadora. Se Braga, que saiu
menino pobre de Caruaru para virar cidadão recifense, depois da formação em
Direito, ou Tony, que venceu a fronteira do preconceito saindo do Coque para
descobrir em Caruaru seu talento de radialista, servindo ao caruaruense depois
como homem público na Prefeitura, na Câmara dos Deputados e na Assembleia
Legislativa.
Ambos,
para não cometer o pecado da indelicadeza. Voltando a Milton Nascimento, diz
ainda a sua canção que o importante é ouvir a voz que vem do coração. Ouvi a
voz do coração de Braga quando me apresentou à médica Carmem Maciel, que roubou
o seu coração. Doce, meiga, afetuosa, Carmem foi anestesista de Aline nos dois
partos de meus filhos, Magno Filho, há 11 anos, e o sapeca João Pedro, há seis
anos.
Braga e
Carmem nasceram um para o outro, coisa de Deus. Formam um casal exemplar,
invejável. Dos corações juntados pelo amor divino berraram ao mundo Bruno
César, procurador como o pai, mas federal, e Arthur André, arquiteto dos bons.
Ouvi
ainda a voz do coração de Braga quando reconheceu o talento e fez justiça a muitos
pernambucanos - e estrangeiros que viraram pernambucanos - à frente,
primeiro, do Caxangá Ágape Clube, e depois no Gere.
Almoços
memoráveis em torno de personalidades que fizeram muito e ainda fazem pelo
Estado. Procurador aposentado da Assembleia Legislativa, Braga construiu,
alicerçado no amor, uma legião de amigos naquela Casa. Aliás, onde Braga não
tem amigos?
No Leite,
à nossa mesa muitos vieram bater continência e dar um forte abraço nele. Como
diz, por fim, a melodia de Milton Nascimento, seja o que vier, venha de onde
vier, o coração de Braga estará sempre aberto para nos acolher.
Braga,
nosso reencontro no ambiente poético e acolhedor do Leite, foi um manjar
dos deuses.
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